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15 DE JULHO DE 1971 909

No ano lectivo de 1968-4909 os números respeitantes aos docentes do ensino médio eram os seguintes:

[Ver quadro na imagem]

Comparando este número com o dos alunos, encontramos menos que 15 alunos por docente, o que mostra que no ensino médio é menor a relação alunos/docente que nos outros graus de ensino e que esta realidade, por hipótese excelente, não é, só por si, garantia de produtividade escolar elevada.

16. Considera-se da maior importância a preparação pedagógica de todos os professores, qualquer que seja o grau de ensino que ministrem no campo oficial ou no ensino particular. Tal importância tem sido salientada em várias publicações recentes e ficou firmada em Espanha durante a recente discussão nas Cortes da Lei Geral de Educação, publicada em 4 de Agosto de 1970. Nesta Lei ficou consignada a obrigação, por parte de todos os candidatos à docência, de seguirem cursos nos institutos de ciências da educação.
A pressão demográfica sobre as escolas é tão grande que a formação de professores de todos os graus revelou impressionantes facetas quantitativas no equacionamento do problema de (recrutamento dos docentes.
Não se esqueça que as máquinas que hoje funcionam normalmente no Mundo dispõem da mesma energia que poderia ser fornecida por 50 000 milhões de escravos trabalhando ao ritmo do tanta. Há ainda em favor desses enormes e diferenciados exércitos de máquinas que hoje servem a humanidade o facto de elas não necessitarem de azorrague para levarem a cabo obras materiais que a imaginação de Gregos e Romanos atribuía ao ciclopes de geração divina. Realmente, fazer pontes com 2 km de vão, a 70 m ou 80 m sobre as águas, pôr a flutuar barcos tão compridos como a torre Eiffel, ir à Lua e voltar dentro de um horário previamente fixado - são trabalhos onde o braço do homem entra em proporção desprezível, mas onde o labor intelectual foi decisivo no engenhar dos maquinismos e na sua organização.
Famílias de máquinas especializaram-se nos diversos trabalhos elementares que durante milénios exigiram os esforços permanentes de quase toda a gente. Outras espécies de maquinismos criaram a abundância, permitindo os lazeres humanos. Já não são precisos os braços de tantas crianças e de tantos aprendizes, escravizados há apenas um século atrás pelas máquinas toscas que se podem considerar avoengos das máquinas de hoje.
A ideia de uma educação alargada a muita gente foi brotando dos cérebros dos pedagogos e dos homens de Estado à medida que as técnicas e as tecnologias foram exigindo dos homens mais poder intelectual e menos física.
A escolaridade obrigatória foi impraticável enquanto a família julgou necessitar do auxílio da criança. As estruturas económicas da sociedade e as suas formas de vivência condicionam, por toda a parte, a escolarização das crianças e dos jovens. Apenas os países altamente industrializados podem fixar a escolaridade obrigatória até aos 16 anos, porque só tais países não necessitam do emprego de braços, mas, ao contrário, aspiram a que todos os seus adultos normais venham a dispor de cérebros bem formados.
Mercê da máquina foi possível concretizar a ideia, utópica no século dos enciclopedistas, de trazer às luzes da instrução a massa de todas as crianças e, a seguir, a massa de todos os adolescentes.
Durante séculos se considerou que para o governo das sociedades só era necessária a formação de um escol. A preocupação de preparar a qualidade de forma nenhuma foi afastada dos fins pedagógicos. Hoje, como ontem, busca-se a qualidade, mas verificou-se, como aliás sempre pareceu evidente, que a qualidade do escol (isto é, de uma camada escolhida) será aprimorada se se alargar o campo da escolha. Nada justifica que a promoção dos melhores venha a processar-se de entre alguns jovens entrados na escola só porque as famílias tinham posses para dispensar o concurso da sua ajuda ou desfrutavam situação social que pretendiam transmitir de pais a filhos. A educação pré-escolar, que devia, evidentemente, ser obrigatória, ó hoje ministrada entre nós a crianças de gente abastada ou aos filhos daqueles que olham para os jardins de infância como locais onde podem deixar os filhos por algumas horas. Se se quiser, de facto, iniciar a promoção colectiva dos Portugueses, há que concretizar o que tem sido desejo de tantos pedagogos e de tantos homens de Estado: a educação pré-escolar.
Onde iniciar e onde terminar com a promoção escolar de todos?
Ao crescer, desde a mais tenra idade, deve a criança - animal educandum - aprender, e o verbo aprender tem a mesma etimologia que apreender, ou seja "apoderar-se de".
De facto, a criança, e depois o adolescente, vai-se apoderando do que tanto a família como a sociedade e as suas instituições, tanto as igrejas como as escolas, lhes vão transmitindo: gestos, conhecimentos, normas de comportamento social e de conduta moral, regras de decisão, orientadas por valores e limitadas por deveres.
O educando foi crescendo e subindo sucessivamente a estratos culturais escalonados, podendo vir até a ser educador do seu ciclo familiar. E que existem famílias de estratos sociais tão baixos que não podem transmitir às crianças mais do que gestos e hábitos rotineiros. Além disso, numa sociedade em que os pais (alarmados uns, resignados outros) se não revêem nos filhos e onde os filhos não buscam modelos nos pais, numa sociedade abalada nas suas estruturas morais, há imperiosa necessidade de rever todo o sistema educativo, a partir de uma educação pré-escolar generalizada. Que prazo de tempo e que meios serão necessários para tão ingente tarefa?
Muito e tantos que, quando os problemas da educação nacional já são encarados como prioritários por grande maioria dos portugueses, há que não perder um único ano dos muitos necessários para acelerar a preparação pedagógica das jardineiras de infância.
O grande problema da educação, principalmente perante as massas escolares, é, em boda a parte do Mundo, o da preparação de professores em todos os graus de ensino.
Muitos autores de várias nações têm posto em relevo o facto de, à medida que o grau de ensino se eleva, ir diminuindo a formação pedagógica dos professores.