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15 DE JULHO DE 1971 923

Qualquer disciplina é sempre estruturada lògicamente.
Quando se pretende apenas "satisfazer uma necessidade do homem social", buscam-se mas disciplinas cientificas conhecimentos capazes de esclarecer a acção que, com economia de tempo e de esforço, pretende atingir o fim em vista. A maior parte das vezes a acção é orientada por regras e receites empíricas, que, noutras circunstâncias, consideradas idênticas ou análogas, deram resultados aceitáveis.
O conjunto de métodos, processos e preceitos para atingir um resultado útil ao homem que vive em sociedade chama-se uma técnica. A técnica é um "como proceder para...".
As técnicas de hoje procuram o apoio dos conhecimentos correlacionados das ciências e por isso se chamam técnicas científicas.
O cientista pode passar toda a vida na aquisição de conhecimentos sem qualquer aplicação aparente.
O técnico tem por fim produzir algo de bem determinado, lançando mão, quer de um aglomerado desconexo de conhecimentos científicos, quer de receitas aprendidas "com a mão na massa". Mas tais receitas têm de ser meditadas em face dos conhecimentos teóricos que a escola deu!
O cientista é um especialista que pode trabalhar só ou em convívio com cultores da mesma especialidade e sem ser premido pela necessidade de passar do abstracto ao concreto.
O técnico é aquele que sabe fazer, recorrendo embora a conhecimentos que por outros podem ter sido catalogados e correlacionados.
À medida que as técnicas se tornaram científicas pelo facto de cada vez mais buscarem saberes aplicáveis, a diferença emitas o saber e o saber fazer foi-se esbatendo.
As sociedades tornaram-se complexas e as necessidades do homem são cada vez em maior número.
Muitas técnicas se interpenetraram e quase todas passaram a empregar maquinismos que são, fundamentalmente, técnicas materializadas.
As técnicas ou conjuntos de técnicas mecanizadas que têm par fim a produção industriai e a distribuição dos produtos chama-se hoje tecnologias. Por extensão, as tecnologias estudam além de processos, as máquinas e ferramentas que neles intervêm e também a terminologia especial que não vem nos dicionários. Os dicionários, olhados do ponto de vista tecnológico, são cemitérios de sinónimos obsoletos.
A física dos metais é uma ciência, a metalurgia é uma tecnologia.
É muito difícil encontrar uma técnica económica que não seja uma tecnologia.
A gestão das tecnologias é, por extensão, uma tecnologia.
E é impossível encontrar uma tecnologia que se limite a ser um conjunto de regras e receitas. Uma tecnologia é hoje, em regra, uma ciência aplicada.
No foro da produção e da distribuição de bens fabricados todas as técnicas são hoje tecnologias. Por isso a partir de certo nível de especialização o ensino técnico deve passar a chamar-se ensino tecnológico, e esta designação quer dizer que é um ensino de ciências aplicadas a uma utilidade social.
Para designar este grau de ensino (que contém muitos ramos, porque a produção industrial e a distribuição dos Produtos apresentam número elevadíssimo de modalidades) não é preciso adoptar um nome há muito consagrado Para designar um tipo de escolas hierarquizadas há cento e cinquenta anos ao alto da lista das grandes escolas.

37. As técnicas, e portanto as tecnologias, são conjuntos de métodos e processos para se atingirem, eficazmente, determinados fins, a partir de conhecimentos catalogados e por vezes ordenados.
Ora os conhecimentos necessários ao homem para alcançar um fim útil estão hoje ordenados em disciplinas cientificas. Por isso a produção industrial e a gestão das empresas são, cada vez mais, subsidiárias de capítulos importantes de ciências aplicadas.
As tecnologias são assim acervos de estruturas racionalizadas, com base mediata em ciências básicas.
O termo ensino tecnológico, aplicado a um ramo da instrução pública que tem por fim formar pessoal especializado a nível pós-secundário (por vezes superior), é destarte capaz de reflectir a elevada categoria social que se pretende os seus diplomados venham a ter.
A designação ensino tecnológico apenas não será inteiramente adequado quanto a certos cursos previstos de índole artística - mas este problema será visto mais adiante.
A designação de ensino politécnico não parece aceitável porque o adjectivo politécnico ligado ao substantivo escola, tal qual o substantivo politécnico, designa há mais do que um século, na Europa continental, um estabelecimento de ensino da mais alta hierarquia, onde normalmente se entra por concurso para um número fixo de vagas, após uma preparação de nível do ensino universitário, ministrada a estudantes distintos.
As escolas politécnicas e os politécnicos da Europa concedem títulos de aceitação mundial, o de "antigo aluno da escola X", que é bastante para abrir as portas da alta administração pública, das maiores empresas multinacionais, dos corpos técnicos dos grandes Estados.
Nestas escolas professam-se disciplinas científicas e ciências aplicadas a níveis de pós-graduações.
No preâmbulo do projecto de proposto, chama-se a atenção para a conveniência de substituir a expressão "ensino médio", porque não traduzia correctamente o carácter terminal dos estudos projectados e teria, porventura, contribuído para o retraimento da sua indispensável expansão.
A Câmara concorda com esse apontamento, mas não pode aceitar a designação proposta de "ensino politécnico", pedia razão sucintamente exposta, mas que passa a desenvolver.
A) É sabido que o vocábulo politécnico é um composto de origem erudita formado pelas palavras gregas polys e techne e pelo sufixo ico.
Etimològicamente significa, portanto, o que abrange muitas técnicas ou muitas artes e assim nada parecia obstar à sua adopção para referir um ensino que se caracteriza por uma multiplicidade de ramos que já mão são apenas técnicos por terem passado a ser tecnológicos.
Lembre-se, porém, die que os vocábulos nascem com determinados significados, atribuídos dentro de certas culturas. À medida que ia, cultura evoluciona também evolui a língua que é seu principal vinculo.
As palavras nascem, desenvolvem-se ou definham, impõem-se ou morrem.
A exegese dos velhos textos encontra a sua maior dificuldade na interpretação do sentido dos vocábulos.
O sentido etimológico do termo proposto não coincide com o seu sentido actual, porquanto o significado das palavras técnica e técnico evoluiu muito.
Nos dicionários actuais ainda se encontram registados significados correspondentes a conceitos desaparecidos há, pelo miemos, meio século.
B) Comece-se pela evolução dos termos nos países latinos.