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15 JULHO DE 1971 927

pesca; o secundário onde a indústria ocupa lugar cimeiro; o terciário com a distribuição e o comércio na primazia.
Mas essa revolução tecnológica criou um sector quaternário: o das máquinas a que o homem confiou técnicas de cálculo e processos de contrôle que fixam o raciocínio.
Muito daquilo que se compartimentava nos três sectores clássicos deslocou-se para o novo sector quaternário. A rápida mutabilidade das técnicas e das tecnologias será causa de uma intensificação de transferência de mão-de-obra, especializada ou não, de um sector económico para outros.
No decorrer de uma vida, mais longa e mais agitada que a dos seus avós, cada homem será chamado a exercer mais de uma profissão.
Que a escola prepare os homens para essa verdadeira revolução social!

41. Deve aqui introduzir-se um rápido apontamento sobre aquilo a que se tem chamado, na U. E. S. S., a cultura politécnica.
Sabe-se que no VIII Congresso do Partido Comunista se proclamou, como conclusão, que "a Escola deve tornar-se um instrumento para a reeducação comunista da sociedade". Tal conclusão foi comentada num livro célebre de Kalachnikov, onde se lê:

Educar é preparar os futuros construtores da sociedade nova e os lutadores pelo ideal da classe trabalhadora; ou seja, estudar o trabalho nos seus aspectos actuais e nas suas relações com a técnica material e a organização social.

Saliente-se que até 1925 foi hercúleo o esforço russo para a alfabetização de uma massa apreciável de gentes dispersas nos imensos territórios pertencentes à União Soviética.
As linhas gerais da orientação pedagógica foram ziguezagueando ao sabor da política partidária, política que foi por vezes sangrenta.
As escolas estiveram, de 1920 a 1925, sob administração de vários Comissariados do Povo; não apenas os da instrução, mas também o da mãe e da criança, o da saúde e alguns da produção industrial.
Todos pretendiam moldar a criança e a juventude.
Não há dúvida de que o grande empreendimento educativo dos Sovietes foi o de escolarizar (será este o termo a empregar?) a criança desde a mais tenra idade. Dadas as necessidades de mão-de-obra, os governantes russos promoveram a mulher a trabalhador, para o que foram obrigados a aliviá-la dos encargos de educadora dos filhos. E, escolarizando a criança, foi mais fácil inculcar-lhe hábitos, costumes e mentalidades pré-fabricadas. Por isso, deixou a família o seu papel tradicional de educadora. A escola material e a escola pré-primária russas são, ainda hoje, as mais vigiadas pelas autoridades. O socialismo bebe-se com o leite.
É evidente que cada nação, mesmo que leve em conta o que outras nações fazem, tem a sua maneira de integrar os novos nas culturas dos velhos. Mas é também evidente que, em face dos conceitos revolucionários soviéticos, fez-se tábua-rasa da estrutura escolar czarista, de inegável influência germânica e destinada a poucos "dos de cima". Proclamou-se nos primários anos do bolchevismo que se dam instruir todos, mas, de facto, durante duas dezenas de anos instruíram-se apenas muitos "dos de baixo", (principalmente filhos de membros do Partido, de operários, de soldados e de camponeses e também aqueles que haviam perdido seus pais ou os desconheciam.
Não foi possível ao Governo Soviético lançar-se no ensino de todos, porque não dispunha de professores habilitados em número suficiente para tão gigantesca tarefa.
Começou o novo regime, como já se disse, por instituir, sob a égide do Comissariado da Mãe e da Criança, creches e jardins de infância destinados a lactentes e crianças até aos seis anos.
A estrutura pedagógica seria péssima, mas a verdade é que no aspecto de assistência esses estabelecimentos foram úteis e talvez por isso a sua expansão foi aumentando.
Até à Constituição Soviética de 1936 deu-se preferência para a admissão aias creches dos filhos de membros do Partido, aos filhos de operários, soldados e camponeses. E não foram esquecidos os órfãos e filhos de pais incógnitos, uns e outros em elevado número. A idade dos admitidos ia de seis semanas a seis anos. As creches eram ou de fábricas ou de explorações agrícolas colectivas e embora, como se disse, se tivessem cometido graves erros pedagógicos, em virtude da ignorância do pessoal improvisado, esta fase pré-primária encaminhou para o ensino primário obrigatório centenas de milhares de crianças.
Hoje o ensino maternal russo é excelente. É orientado pelo Estado é gratuito.
Entre 1925 e 1935 todo o ensino soviético foi orientado no sentido de formação de operários e técnicos (de ambos os sexos) para as indústrias. A essa orientação foi dado, não se sabe porquê, o nome de cultura politécnica. Era, no fundo, um ensino concentrado sobre trabalhos manuais executados com materiais fornecidos pelas fábricas da região, que se limitavam a enviar para as creches e escolas refugos de fabrico.
Havia-se acabado com os brinquedos e jogos de crianças, por terem sido "inventos da burguesia".
A imaginação das crianças recaiu sobre os pedaços de madeira ou de metais que constituíram assim um pobre material escolar.
Mas hoje, com "jardineiras de infância" formadas em número bastante,, já existem material e ferramentas apropriadas.
Em 1930 a "cultura politécnica", alargada às escolas primárias obrigatórias de quatro classes, evoluiu em favor de uma "concepção materialista do mundo", com visitas a fábricas e excursões no campo. Mas o "trabalho manual" continuou a considerar-se prioritário.
Enquanto não houve professores primários instituiu-se o "ensino mútuo", 'tão reclamado entre nós nos começos do regime republicano: os alunos mais velhos ensinavam os mais novos.
Criaram-se em seguida escolas de trabalho com dois anos e depois surgiu o "ensino por equipas de trabalho", onde o chefe de turma era o único a ser examinado. Considerava-se que aquilo que o chefe de turma soubesse todos deviam saber, porquanto, segundo os pedagogos de então, havia uma "emulação socialista".
Estas escolas de trabalho, embora consideradas unificadas, foram-se diferenciando, de maneira a servirem de base a escolas secundárias de seis tipos: jardineiras de infância; regentes escolares para as escolas de ensino primário de quatro anos; enfermeiras; comércio; agricultura e indústria.
Em todas estas escolas se ensinava por "complexos". Um "complexo" era um conjunto de disciplinas, transmitido ou orientado por um único professor ou regente. Havia quatro "complexos": o primeiro com as disciplinas de Língua Maternal, Matemática, História do Regime e Geografia; o segundo com elementos de Ciências, de Economia e de Agricultura; o terceiro com Socialismo, Organização do Trabalho e Orientação Política; o quarto