15 DE JULHO BE 1971 929
a seguir ao 1.º Plano de Fomento (1929-1935), em favor de Trotsky, Zinoviev e Burkharin, pelo que foram abrangidos nas "depurações".
Em virtude disso considerou o Governo que era perigosa a concentração de estudantes, pelo que criou dezenas de escolas superiores em regiões várias, para as quais transferiu milhares de alunos. As novas escolas, embora com poucos professores competentes, diplomaram muitos engenheiros. A acreditar nos dados publicados por Estaline, aquando do 18.° Congresso do Partido (1939), a Rússia, que do tempo do czar diplomava por ano cerca de 9000 médicos, engenheiros e advogados, veio a diplomar 34 600 no ano de 1933 e 106 700 no ano de 1938.
Para "dominar a tecnologia" (a frase é de Estaline) foram criadas nesse período de depuração (1929-1935) as já referidas Faculdades do Povo ou Rabótzi fakultat (Rabfaks) para alunos politicamente "seguros", embora com fraquíssima preparação de base.
Em 1936 criou-se, como também já ficou referido, outro tipo de ensino superior, as "Faculdades de objectivo especial" (F. O. N.), destinadas a pseudo reciclagem dos funcionários do Partido que administravam sem qualquer competência as fábricas ou as explorações agrícolas colectivas.
Com o correr do tempo foram chegando aos 17 anos os filhos dos funcionários do Estado que tinham deixado de ser proletários. A aplicação da lei levantava dificuldades a sua admissão nas escolas superiores, ande cerca de 80 por cento dos alunos eram, de facto, filhos de operários ou camponeses.
Por aquela razão foi, em 1936, considerada nula a obrigação de provar a sua ascendência proletária.
De 1936 até à guerra, à medida que as escolas secundárias obrigatórias (quatro classes, a seguir às quatro classes primárias) e as escolas secundárias complementares (três anos de secundário complementar ou três anos de ensino profissional médio ou três anos de escolas secundárias de tempo parcial para trabalhadores) iam melhorando os seus ensinos, a, população discente das escolas superiores de engenheiros ia-se aproximando, em conhecimentos e métodos de trabalho, do nível europeu.
No pós-guerra, as modificações para melhor aceleraram-se. Por um lado, fixou-se o regime de concurso para um número previamente fixado de vagas; por outro lado, concedeu-se uma bolsa de estudo a cada um dos admitidos. Hoje todas as escolas superiores técnicas russas têm nível elevado e, por isso, a posição social de um engenheiro é salientada. Um engenheiro faz parte do escol russo e é bem remunerado logo que entre nos quadros do Estado. E todos entram, pois não há ainda engenheiros trabalhando em profissão liberal.
Depois do estágio de trabalho, pela altura dos 17-18 anos, os estudantes que saem, quer do 3.° ano do curso secundário complementar, quer do ensino médio de carácter politécnico, podem entrar nas Universidades (cinco anos de estudos e meio ano de estágio) ou mas escolas superiores de engenheiros (o mesmo tempo de estudos e estagio) ou nas escolas médias avançadas (três anos), mas sempre por concurso.
Nas escolas de engenheiros. as aulas são obrigatórias durante seis a oito horas por dia.
O ensino da Matemática é básico no 1.° e no 2.° ano, atingindo os cursos cento e setenta e cinco horas por ano! Os alunos das E. S. E. e das Faculdades têm, no fim de um exame de maturidade (após o 3.° ano), o direito ao uso do título de "candidato em ciências". O título de engenheiro só é conseguido depois da elaboração e defesa de um projecto de engenharia, no final do estágio que segue ao 5.° ano.
Concluído o curso, nenhum engenheiro escolhe o lugar de trabalho. Uma repartição especial reparte os novéis engenheiros.
44. No livro já citado de John Vaizey, que na edição francesa tem o título L'Éducation dans le Monde Moderne, defende-se o ponto de vista de que as máquinas, a televisão, a rádio e o cinema virão a ser repentinamente os grandes meios para ensinar. Por causa da tecnologia - afirma Vaizey -, os diferentes métodos de ensino adoptados em diversos países tendem para uma unificação. Os professores virão a ser substituídos, pelo menos parcialmente, por máquinas, a quem professores escolhidos ensinarão a transmitir conhecimentos e os métodos para se servir deles. Será então possível reduzir o número de professores, que hoje são, em todo o Mundo, perto de 100 milhões. A maioria dos actuais professores não está preparada para a função que exerce. Muitos têm conhecimentos, mas não os sabem transmitir a determinado tipo de alunos. Outros apenas podem transmitir, ano após ano, o que aprenderam tempos antes, na escola, ou nos livros, ou pela imagem. Alguns consideram que "actualizam" o seu ensino juntando novas matérias a todas as que já ensinavam. Dada. porém, a grande pressão demográfica sobre a escola, têm-se improvisado professores sem qualificações académicas.
Actualmente na Rússia existem mais de 1 milhão de jovens que frequentam o ensino superior (cerca de 60 em 10 000 habitantes), mas apenas cerca de 50 000 frequentam o chamado ensino médio avançado, que não é considerado superior, embora as suas escolas sejam frequentadas por alunos com mais de 18 anos, isto é, já com estágio na produção.
A comparação destes dois números tão díspares leva forçosamente a conclusões...
Este ensino médio avançado tem uma estrutura que parece complicada. Por um lado, é designado como semi-profissional porque se destina a operários e agricultores que tiveram a seguinte instrução: dois anos de creche e quatro anos de jardim de infância (o ensino maternal e o pré-primário estão já tão generalizados na U. B. S. S., que se podem considerar obrigatórios); quatro anos de escola primária obrigatória (7 aos 11 anos), mais quatro anos de escola secundária obrigatória (que pode tomar a forma de escolas de trabalho, ou seja, de cursos "em sanduíche" nos locais da produção); em seguida mais três anos de ensino médio secundário (dos 15 anos aos 17) ou de ensino médio semiprofissionais, com regime de "sanduíche" trabalho-estudo-trabalho. Por outro lado, as escolas "avançadas" são de reciclagem para agentes técnicos médios.
Ora na Rússia existem, como já ficou dito, escolas técnicas médias de três anos, para alunos de 15, 16 e 17 anos, e com ensino de carácter politécnico.
Nenhuma destas escolas médias concede o título de engenheiro, mas sim títulos análogos aos nossos de condutores, de dirigentes fabris, de dirigentes agrícolas, de topógrafos, de enfermeiros, de assistentes sociais, etc.
São mais de cem títulos correspondentes a quadros médios, mas qualificados na produção. As escolas médias (tanto "normais" como "avançadas") dão diplomas em número triplo dos concedidos pelas Universidades e escolas superiores de engenheiros. Em nenhum dos diplomas aparece a palavra politécnico.
45. Encontra-se nas recentes reformas do ensino superior britânico o termo politécnico incluído num conceito escolar muito diferente daquele que é usual no continente europeu.