O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

15 DE JULHO DE 1971 933

zada em face de classificação, a não ser que o estudante ganhe uma bolsa do Estado condicionada à frequência de determinada Universidade.
Nas escolas superiores de tecnologia (entre as quais estão os institutos politécnicos) o aluno escolhe ou regime de tempo integral ou regime de tempo parcial. Neste último caso, a firma onde o estudante é empregado tem de garantir que o trabalho profissional será continuadamente seguido e criticado por pessoa competente. O ensino em regime de tempo parcial é sempre dado em "sanduíche". Os pedagogos criticam-no muito porque obriga a uma especialização exagerada, visto o trabalho profissional exigir mais tempo do que o labor (quase sempre nocturno) na escola superior.
Desde o final da 2.ª Grande Guerra, várias comissões (Teviot, Pawy, Barlow, Zuckerman, Schaboroagh, Hayter e Robbins) fizeram inquéritos e relatórios sobre as necessidades britânicas em mão-de-obra de alto nível.
Todas estas comissões, que foram dirigidas por personalidades eminentes e constituídas por autoridades pedagógicas, professores distintos, administradores de grandes empresas e industriais de produções fundamentais, subestimaram quantitativamente aquelas necessidades.
O Relatório Robbins previu que em 1962-1963 a população discente universitária seria de 130 000 alunos e a das escolas superiores técnicas 86 000. Estes números foram ultrapassados. Tende-se para a igualdade. Os números previstos para 1973-1974 eram de 219 000 e 173 000, que foram quase atingidos em 1970.
Em Portugal, onde a população estudantil está sujeita às oscilações devidas à guerra e à emigração e onde têm sido insuficientes tanto a "produção" de professores convenientemente habilitados como a construção de instalações, é muito difícil prever com segurança.

52. Dos estudos de que saiu o Relatório Robbins concluiu-se, sem sombra de dúvidas, que a pressão demográfica sobre ias escolas só pode ser atenuada com a dispersão de estabelecimentos de ensino de certo porte. Uma Universidade moderna não pode iniciar uma "boa produção" de diplomados sem uns dois ou três milhares de alunos, divididos pelos vários departamentos. O Relatório Robbins chegou à conclusão de que logo de inicio as Universidades deviam ser construídas para 3000 alunos, mesmo que durante uns anos só tivessem uma população de escassas centenas. Não é rentável ir construindo à medida que a população aumenta. Contas feitas, verifica-se que pavilhões de aulas, bibliotecas, laboratórios, residências, campos de jogos, auditórios e teatros, convívios, devem ser feitos em conjunto e logo para 3000 estudantes. E tudo deve ter construído num grande terreno adquirido do uma "e", com cerca de 80 ha.
Registe-se, de passagem, que as novas Universidades alemãs foram também construídas em conjunto. A Ruhr-Universität Bochum, com dez edifícios de oito andares e três mais pequenos (custo à roda de 4 milhões de contos), levou três anos a ser construída e apetrechada 29.
O Relatório Robbins apresenta previsões para as novas Universidades, que teriam, cada uma, 3000 estudantes ao fim de dez anos. Estes números foram ultrapassados: a Universidade de Sussex, que começou com 52 alunos, tinha 3250 sete anos depois.
O mesmo relatório regista também o parecer da floria dos seus membros no sentido de que é impossível administrar uma Universidade com mais de 20 000 alunos. Quando se prevê que esse número irá ser atingido dentro de poucos anos, deve projectar-se e construir logo uma nova Universidade.
Nas Universidades colegiais, como são Oxford e Cambridge, o crescimento tem sido feito pela construção de novos colégios que asseguram residência confortável, actividades sociais e tutoria de estudos por professores residentes (ou com grande permanência) no mesmo edifício. Este sistema, bastante produtivo sob o ponto de vista escolar e onde a tradição impõe uma disciplina, é, porém, muito caro. Acrescente-se que os "tradicionalistas" estão convencidos de que o sistema colegial só é eficiente se as autoridades escolares puderem escolher livremente a maior parte dos seus alunos. Este privilégio tem sido combatido violentamente pelos "modernistas", que consideram indispensável a mistura de estudantes oriundos de várias classes sociais. Hoje existem nos velhos colégios de Oxford e Cambridge bolseiros do Estado vindos de todas elas.

53. Entre os vários níveis sociais existiram, ern todos os tempos, certos fenómenos de capilaridade, pelos quais alguns indivíduos se conseguiram, salientar das camadas sócio-económicas onde seus pais haviam vivido, para se guindarem a níveis considerados mais elevados.
A História registou esta ascensão e não deixou de apontar como aventureiros uns de entre esses alguns.
A heroicidade, a manha, a valentia, a força, foram causas dessa mobilidade social durante toda a Antiguidade.
A Igreja Católica foi canal largamente aproveitado pelos indivíduos inteligentes que não eram filhos de algo.
Hoje, porém, como já foi referido no n.° 22 deste parecer, a instrução, generalizada às massas, apagou esses fenómenos de. osmose, pouco importantes, e estabeleceu verdadeiros regimes torrenciais de ascensão sócio-económica.
Todas as classes sociais estão ávidas de instrução para os seus jovens, não apenas porque é a causa mais importante para uma desejada promoção, mas também porque a hierarquia dos salários é fortemente correlacionada com os níveis de ensino frequentados.
E todos sabem também que ama revés escolar, mesmo a nível de ensino obrigatório, pode vir a ser, nos melhores dos casos, causa de estagnação ou perda de oportunidades felizes.
Como é do conhecimento geral e já foi atrás relembrado, têm os economistas posto em relevo que o rendimento nacional aumenta com o número de diplomas concedidos pelas escolas. Pedagogos e sociólogos têm posto em realce que a instrução adquirida nas escolas condiciona os cursos de reciclagem que, a partir desta década, têm de ser generalizados, por estarem iminentes mudanças de sector profissional para a maioria da mão-de-obra. As empresas progressivas, como a Lisnave, entre nós, já têm as suas escolas privativas, não apenas de instrução profissional, mas de reciclagem.
Nesta época, chamada de abundância por muitos ocidentais, e que é, de facto, de produção abundante para a maior parte da população dos países avançados, nesta época em que os maquinismos produzem normalmente cinquenta vezes mais energia do que a população activa da terra poderia vir a produzir no máximo do seu esforço durante oito horas de trabalho físico, torna-se evidente que a transferência do esforço do homem para a máquina se acelerará à medida que os estratos educativos da sociedade se forem modificando no sentido de um aumento de percentagem dos níveis médios e altos.

54. Qual a percentagem de analfabetos?, a dos que atingiram n anos de ensino primário?, e assim sucessivamente.

29 Cf. Vandick da Nóbrega. As Novas Universidades Alemãs, Rio, 1967.