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928 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.° 74

com Educação Física, Iniciação Desportiva e Manifestações Cívicas.
Mais tarde criou-se nas fábricas um ensino médio diversificado, para estudantes com a idade mínima de 15 anos, e orientado para as profissões, e portanto polivalente. Era também ministrado em regime de "complexos", quer em "cursos diurnos" e "cursos nocturnos", quer em "cursos vocacionais fabris" e em "cursos de formação acelerada".
Quando do 1.° Plano Quinquenal, o ensino médio dividiu-se em três ramos: secundário politécnico, secundário especializado e vocacional técnico, todos eles leccionados nos "lugares de trabalho". Esta transformação marca o início do stakhanovismo, quando cada operário passou a ser pago "segundo os seus méritos" e não "segundo as suas necessidades".
Como os operários mais produtivos (os stakhanóvias.) foram, em grande percentagem, os que frequentavam as "escolas de trabalho", proclamou-se que se devia abolir a "escola burguesa".
Todo o ensino russo é, na denominação britânica, um ensino em sanduíche: ou aulas .entre dois períodos de trabalho ou um pequeno período de trabalho entre dois períodos maiores de aulas.
Em 1932 legislou-se no sentido de constituir cora a Matemática um "complexo" à parte. Em 1934 forma-se um outro "complexo" com uma só cadeira: então foi a vez da Física.
Por essa época, como já, havia alguns professores capazes, criaram-se, a par das escolas de trabalho anexas aos locais da produção, escolas para estudantes não operários, que lembravam as "escolas capitalistas", de inspiração germânica.
Para dar seguimento de estudos aos alunos operários nasceram as Rabfaks (Faculdades de operários).
Para reciclar os dirigentes do Partido, principalmente aqueles que dirigiam fábricas, surgiu o curioso sistema de explicador em casa, que dava lições individuais pagas pelo Estado àqueles que haviam frequentado as "escolas de trabalho".
Havia-se calculado que 648 horas de explicações ministradas em amo e meio seriam o bastante para uma preparação superior aos alunos que já tinham então mais de 30 anos e ocupavam postos importantes. A esta instituição administrativa, cuja acção se dispersava por todo o território soviético, chamou-se Faculdade de objectivo especial, sintetizado nas iniciais F. O. N.
O pedagogo André Zhdanov resumindo, em Janeiro de 1948, os êxitos da instituição, dizia que "inovar não é o mesmo que progredir".
O mesmo pedagogo confessou então que os planos tinham falhado "num único ponto": não se haviam atingido os números fixados para as "produções" de professores, sem os quais não pode haver ensino de alto nível 23.
Relembre-se, de passagem, que o sistema dos "complexos" de disciplinas foi preconizado, entre nós, no relatório "Ciclo Preparatório do Ensino Secundário", da comissão empossada em 14 de Março de 1958 e encarregada de estudar o ciclo unificado dos ensinos secundários. Porém, os "conjuntos" portugueses eram muito diferentes dos "complexos" russos.

42. Em suma, na Rússia (onde o ensino obrigatório é de oito anos - quatro de ensino primário e quatro de qualquer dos ensinos secundários) o ensino politécnico tem duas características: 1.ª Ser dado a operários e agricultores nos locais de trabalho e em sistema rotativo "em sanduíches", como agora se diz: trabalho-ensino-trabalho; 2.ª Ser ministrado em "complexos".
Mas existem, fora dos locais de trabalho, "ensinos de carácter politécnico". Afirmações feitas por um professor russo a revista francesa Education Nationale (n.° 19, de 25 de Maio de 1961), dizem que "se trate, em primeiro lugar, daquilo que em França se chama trabalhos manuais educativos. A criança aprende a servir-se das anãos! e a utilizar as ferramentas. A partir do 1.º ano do secundário temi de fazer também estágios anuais de duas semanas numa organização produtiva. Recebe um salário que, evidentemente, não é tão elevado como o de um operário (pois a criança, tem de 11 a 15 anos), mas lhe dá a noção de ser um trabalhador socialmente útil".
O ensino médio de carácter politécnico destina-se a alunos de 15, 16 e 17 anos. Todos os estudantes que depois dos 17 anos pretendam prosseguir estudos têm de estagiar durante quatro a seis meses na produção. Só depois o ensino se denomina superior.
Podemos acrescentar que o ensino médio russo de carácter politécnico é também um ensino em "sanduíche": escola-oficina-escola, diferente do secundário: trabalho-escola-trabalho.
Este breve apontamento mostra que, certamente, não foi da Rússia que veio a ideia de se chamar ensino politécnico ao raimo agora proposto.

43. As escolas de engenharia dos tempos do império russo tinham as suas organizações decalcadas sobre as das escolas superiores técnicas alemãs. Eram escolas de cinco anos onde se cursavam, a par dos ramos clássicos (civil, minas, química, electricidade, mecânica) alguns mais, como petróleo e comunicações.
A população discente era de origem "burguesa", o que levou à sua completa modificação logo após a revolução de Outubro:

1.° Forçou-se a entrada .dos filhos de trabalhadores, soldados e camponeses, mesmo que não tivessem o curso dos "ginásios" ou das "escolas reais" - que constituíam então, segundo o modelo alemão, o ensino secundário;
2.º Fixou-se em percentagem mínima o número de lugares a preencher pelos filhos dos "burgueses";
3.º Introduziram-se nos planos curriculares disciplinas políticas (Marxismo, Materialismo Histórico e Dialéctico);
4.º Facilitou-se o acesso dos partidários ou dos dirigentes dos Komsomol, mesmo com idade avançada.

Foi manifesta a insuficiente preparação dai maioria dos novos alunos, principalmente em Matemática e Física, pelo que se nomearam "monitores" alunos do último ano (todos "burgueses" nos primeiros tempos do regime) para darem explicações aos "caloiros".
No período 1919-1929 os alunos improvisados chegaram a ser trinta por cento nas escolas superiores das grandes cidades.
Os explicadores eram pagos pelos exiplicandos, mercê de bolsas concedidas a estes pelo Governo.
É curioso que muitos destes estudantes improvisados, (a maior parte dos quais se chegou a formar!) alinharam,

23 Cf. L. Volpicelli, L'Évolution de la Pédagogie Soviétique (Neuchatel, 1954); George L. Kline e outros, Educação
Soviética (Tbrasa ed., S. Paulo, 1959); Las Enseñarvzas Técnicas en la U. R. S. S. (M. E. N., Madrid, 1956); Crasmer, Browme, Contemporany Education (Nova Iorque, 1965); Nigel Grant, Soviet Education (Londres, 1964); John Vaizey, L'Éducation dans le Monde Moderne (Hachette, 1967); B. Suchodolski, Teoria Marxista de la Éducation (Grijalbo, México, 1966).