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22 DE FEVEREIRO DE 1941 237

a toda a hora em troca do pouco que lhes dá, vivem neste momento horas de amargura que não podem descrever-se, debatem-se num tam grande desespero que não há palavras que o descrevam.
Gente boa e simples, sem rancores nem ambições, entre a qual o vício e o crime não têm possibilidade de medrar, almas claras como a branca e fina espuma do mar que os embala e mata, sentem-se nesta hora abatidas, desertas, vencidas por um golpe que as aniquila e ameaça desfazer para sempre.
Por êsse País fora estende-se um manto de desolação o sofrimento.
Casas sem coberturas, herdades prejudicadas, rebanhos destroçados, árvores para sempre tombadas, colheitas destruídas e tantas e tantas promessas que a hecatombe desfez e por tanto tempo impedirá de renovar.
Mas a propriedade ficou. A terra voltará a produzir, os rebanhos procriarão e voltarão a ser grandes, os telhados serão cobertos, as estradas reparadas permitirão uma actividade criadora.
Mas como poderão os pescadores haver novas embarcações e novas rêdes?
De que recursos dispõem para refazer a sua vida, para voltar ao mar na conquista perigosa do pão de cada dia?
Quanto tempo, quanto sacrifício, quanto esfôrço não serão precisos para poderem manter a própria vida e as dos seus filhos, se num (rápido arranco de humanidade, num entusiástico e unânime movimento do boa vontade e entusiasmo o País inteiro lhes não acode?
Peço. Sr. Presidente, a atenção dos Poderes Públicos para esta imediata medida: a reconstrução dos barcos, rêdes e aparelhos dos pescadores de Portugal. Faço dêste lugar o mais veemente, o mais entusiástico, o mais sincero apêlo a todos quantos não foram violentamente atingidos pela tragédia para que num indispensável, justo e grande gesto de solidariedade acudam, auxiliem e protejam por todas as formas a humilde, boa, sofredora, tam grande como infeliz classe piscatória de Portugal.
Abundam, infelizmente, as árvores arrancadas.
Não será difícil trocá-las por madeiras já secas e próprias para a imediata construção de barcos, como fácil será estabelecer-se imediatamente estaleiros apropriados.
Forneça-se por todas as formas (e há tantas!) alimento, abrigo, vestuário, um pouco de confôrto material e moral aos tam sacrificados e dignos de admiração pescadores de Portugal.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Luiz de Pina: - Sr. Presidente: poucas as palavras com que hoje decido tratar um assunto que julgo merecer bem a atenção do Govêrno, rogando a esta Assemblea que as receba com o melhor carinho, pois de antemão conto com o de V. Ex.ª, ilustre professor universitário.
Trata-se do problema dos estudantes universitários e da protecção que entendo dever ser-lhes dada no que respeita às suas condições de vida material e espiritual.
Já desta cadeira tive a honra de bordejar o assunto, requerendo, ao mesmo tempo, certos esclarecimentos oficiais, que ainda não recebi, por razões inexplicáveis.
Ora eu julgo, e comigo estarão V. Ex.ª e todos os ilustres colegas desta Assemblea, que de dia para dia se firmam as demonstrações dos factos e das regras da educação político-social dos escolares universitários, de
modo a tornar urgente o amparo desta especial classe de trabalhadores intelectuais, futuros dirigentes da Nação.
Eu pendo em crer na instante necessidade de enquadrar a academia universitária no círculo nuclear da mais típica, eficaz e proveitosa actividade da vida nacional contemporânea: aludo ao corporativismo.
Não será já tempo de afeiçoar corporativamente a população escolar que se senta nos bancos das nossas Universidades?
Agora, que se estuda e trabalha na organização de uma reforma do ensino superior, não seria oportunidade felicíssima e valiosíssima para sopesar-se esta sugestão?
Creio sinceramente que bem calharia no novo estatuto universitário uma secção particular destinada à pessoa do estudante, à orientação político-social da sua vida e ao amparo educacional das suas actividades.
Em reformas dêste jaez entendo que não devem confinar-se as providências aos dois sectores especiais em que soe dividir-se: administrativo e pedagógico.
Outro sector dessa reforma deve ser, imprescindìvelmente, o cultural, adivinhando-se nesta rubrica uma das mais altas, nobres e nacionais missões universitárias, para que a Universidade esteja, de facto, integralmente ao serviço da Nação.
Por mim entendo que deve conceder-se aos seus escolares a atenção que merecem, por muitas e variadas razões. Pode dizer-se que esta feição do monumento universitário português não tem sido examinada como reclama. Vejo que em Coimbra o problema vai a conquistar - já conquistou - denodados solucionadores.
Daqui faço votos por que não esmoreçam na emprêsa e para que esta se derrame nos restantes meios universitários nacionais.
Temos na regência das cousas da educação nacional dois homens ilustres, antigos companheiros nesta Assemblea, a quem desde já francamente preiteio com muita admiração e não menor esperança de que um assunto dêste género há-de receber de S. Exas. o maior carinho e a máxima solicitude.
Por outro lado, o Sr. Presidente do Conselho, mestre nestas tarefas de educação e orientação da mocidade, como bem o demonstra seu próprio exemplo e a tarefa de reeducação académica que em Coimbra lhe granjeou tanta devoção; por outro lado, dizia, o Sr. Presidente do Conselho prestará, certamente, a esta modestíssima sugestão aquele mesmo amoroso amparo que a tantíssimas obras nacionais tem sacrificadamente oferecido.
A par da grande obra que seria a corporação universitária, estabelecida em especial regimento ou estatuto, as Casas de Estudantes seriam óptimos centros de preparação e orientação, com suas hospedarias, suas cantinas, seus círculos de cultura variada que a Universidade não pode dar, sua assistência médica e sua assistência religiosa, com intercolaboração de mestres e estudantes, educação desportiva, artística, etc.
Bem é de ver que, embora se fizesse obra contemporânea, o certo é que iríamos enraizá-la nas velhas tradições universitárias portuguesas.
Evoco nesta conjunção os benéficos colégios conimbricenses e a poderosa protecção real aos universitários dos séculos XVI, XVII e XVIII.
A tradição afundou-se, cumpre revivê-la.
Hoje quero apenas fazer votos por que essa tarefa urgente e de altíssimo alcance nacional se não enjeite e para oferecer uma pequena estatística referente à Universidade do Pôrto.
Sr. Presidente: a instâncias minhas, a Juventude Universitária Católica daquela cidade, inteligente e dili-