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48 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 61

Não admira que desse chão só levante um mártir!
Recordo as palavras que ouvi sobre a soleira de basalto ilhéu, e, graças a Deus:
Ainda há quem se deixo matar pelo bom de todos o pelo bem do Portugal!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Carlos Mendes: - Sr. Presidente: a Assembleia Nacional, um dos órgãos da soberania, não deve estar à margem dos acontecimentos de relevo nacional.
E, cônscia da sua missão política, exuberantemente o tem mostrado, focando-os com entusiasmo, com fé e com verdadeiro ardor patriótico.
Por terras de Portugal um desses acontecimentos tem arrebatado a grande maioria, quase a totalidade, de portugueses, que acima de tudo prezam as suas tradições cristãs e patrióticas.
Quero referir-me às comemorações do tricentenário da proclamação de Nossa Senhora como Padroeira de Portugal.
Desde os primórdios da nacionalidade Portugal e Terra de Santa Maria.
Afonso Henriques, depois de ser aclamado e levantado como rei, oferece à Virgem Mãe do Dons, Senhora Nossa, o seu Reino o vassalos, colocando-se sob a sua protecção e amparo em sinal de feudo o vassalagem, ficando a atestá-lo em Guimarães a igreja de Santa Maria da Oliveira.
E esse Padroado tem se mantido através do toda a nossa nacionalidade.
Santa Maria das Vitórias, na Batalha, seguw-se a Aljubarrota.
Santa Maria de Belém marca o período áureo das descobertas.
Nossa Senhora da Conceição do Vila Viçosa a nossa independência.
Foi precisamente há três séculos que o Rei Senhor D. João IV, estando ajunto em Cortes com os Três Estados do Reino» renovou a sua vassalagem à Padroeira de seus Reinos e Senhorios, a Santíssima Virgem, Nossa Senhora da Conceição, colocando a seus pés a sua própria coroa, para que tivesse continuidade o seu preito de vassalagem.
Em todos os recantos de Portugal são aos milhares as igrejas e capelas, sob as mais variadas invocações, a atestarem o Padroado da Virgem.
Quando a nacionalidade, presa de uma demagogia aviltante, agonizava quase à beira do abismo, na montanha sagrada de Fátima a Virgem aparece a confirmar o seu Padroado, comprometendo à gente portuguesa que a não esquecia nem abandonava».
A Virgem cumpre a sua promessa.
O exército, num impulso do mais levantado patriotismo, em Braga, terra das mais puras tradições cristãs, inicia a Revolução Nacional durante um congresso mariano. E começa um novo período de glória para a nacionalidade.
O horizonte aparece depois carregado de nuvens pesadas.
O Mundo transforma-se numa horrorosa carnificina e por vezes esteve planeado o assalto para nos envolver, mas no meio da procela a paz na nossa Terra continua inalterável: ora o auxílio da Providência, através da nossa Padroeira, que não esquece a sua Terra.
E este ano, no tricentenário do sen Padroado, a alma de Portugal, ajoelhada em júbilo, tem clamorosamente mostrado o seu reconhecimento e gratidão por aquela que nunca o esqueceu.
Em 13 de Maio, na montanha sagrada de Fátima, foi essa apoteose de Fé, cuja grandeza indescritível impressionou e arrebatou os que a ela puderam assistir.
Foram algumas centenas de milhares de portugueses que, em Cortes Gerais, quiseram prestar homenagem à Padroeira, coroando-a como símbolo de sua gratidão e vassalagem.
V. Ex.ª, Sr. Presidente, lá esteve, certamente, e muito bem, para afirmar que não deveríamos estar à margem de acontecimento de tão formidável projecção.
Depois foi Évora, a cidade-museu de arte e de tão altas tradições, organizando o Congresso Nacional Mariano, lição magistral a cantar as glórias da Virgem e a enaltecer as suas benemerências para connosco, com um profundo relevo cultural, que lhe foi dado por um notável escol de notabilidades da nossa torra.
Congresso que foi encerrado no solar fidalgo de Vila Viçosa aos pós da Padroeira, que o Santo Condestável entronizou no seu castelo o D. João IV coroou Rainha de Portugal.
Momento inolvidável aquele em que todo o nosso Venerando Episcopado, para quem vão os meus mais enternecidos respeitos de muita admiração, depositou o óbulo de vassalagem aos pés do Nossa Senhora da Conceição.
Agora é essa romagem de lágrimas o sorrisos, do flores e sacrifícios, que, por terras de Portugal, vai fazendo a Virgem Senhora Nossa de Fátima.
Como é bela e de encanto a alma de Portugal!
Sento-se, em lágrimas, a dedicação sacrificada de todos os que acorrem, confiadamente, junto ao andor da Virgem.
Espectáculo único de ordem, de disciplina, do fé.
O que nestes dois dias se passou em Lisboa sente-se com comoção, mas não se descreve.
É a terra de Santa Maria vibrando as suas indeléveis tradições cristãs e portuguesas.
Grande povo, desponta de uma geração que se quer redimir, dando ao Mundo, revolto em ódios, um espectáculo impressionante de paz e amor.
Daqui o saúdo num grande preito de admiração pelas suas virtudes rácicas.
À Virgem Padroeira de Portugal, com as minhas saudações, o pedido de que na sua passagem espalhe bênçãos que frutifiquem em benefícios de união, de paz e de bem-querer na terra portuguesa.
E seja-me permitido, Sr. Presidente, exprimir ao Governo da Nação o voto de que, como no congresso em Évora se formulou e votou, sejam revistos os feriados, ajustando-os às tradições nacionais e religiosas da Nação.
As calorosas manifestações a que vimos de nos referir e a que os altos poderes do Estado se associaram ontem na empolgante cerimónia, esplendorosa do riqueza liturgica, a que assistimos na Sé Metropolitana do Lisboa são a garantia de que assim deverá ser.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

Sr. Mendes de Matos: - Sr. Presidente: pedi a palavra unicamente para me associar às palavras de ilustre orador que me precedeu. Se bem entendi, em suas partes distintas elas podem considerar-se: uma sugestão, no sentido de o Governo rever o problema dos feriados nacionais, e uma homenagem à Padroeira da Nação Portuguesa pelo fecho glorioso das festas tricentenárias, com tão luzido brilho celebradas em todo o País.
Aplaudo calorosamente essa sugestão, porque ela responde a um clamoroso imperativo do interesse nacional. Não precisa de ser justificada ou defendida. Ela