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13 DE DEZEMBRO DE 1946 137

circulação quando o depósito for levantado. É por isso que a estes depósitos se chama circulação potencial, isto é, circulação que de um momento para o outro se pode tornar efectiva, actual.
Esta circulação potencial é uma espécie de bilhete do Tesouro sacado contra o público, que, em vez de ameaçar a liquidez do Tesouro, põe em perigo a estabilidade dos preços e dos salários. É uma espada de Damocles suspensa sobre a cabeça dos consumidores.
Deve, porém, notar-se que o papel desta circulação não é inflacionista, mas deflacionista, visto que as notas que nela entram saem da circulação efectiva. Á rubrica «Bancos e banqueiros» dos balancetes do Banco de Portugal representa uma espécie de inflação negativa e por isso mesmo benéfica. O perigo não está em essa rubrica se encher, mas no poder esvaziar-se depois de cheia. Há por isso que ter muita cautela ao tratar desta espécie de circulação.
Vejamos, pois: mostram os balancetes semanais do Banco de Portugal que a circulação potencial média de Setembro deste ano cresceu de mais de 300.000 contos em relação à média do mesmo mês do ano passado, e que a média de Outubro deste ano, pelo contrário, diminuiu em relação à do mesmo mós do ano anterior de 18:000 contos. Além disso, a média do mós de Outubro deste ano é inferior em mais de 100:000 contos em relação à média do mês anterior.

[Ver tabela na imagem]

Estes números dão a entender que houve não só uma paragem no crescimento da circulação potencial, mas um retrocesso a partir de Setembro passado. Poderá chamar-se a isto um começo de deflação?
De modo nenhum, se quisermos usar este termo em sentido apropriado.
Consequentemente, a inflação real da moeda continua.
Sr. Presidente: outro capítulo de alto interesse para a política monetária é o dos depósitos.
Este ponto é melindroso, porque as estatísticas podem muito facilmente induzir em erro as pessoas menos experientes nestes assuntos.
Nos depósitos há que distinguir aqueles que os particulares fazem - e para os efeitos da circulação dos produtos só estes importam, pois só eles representam poder de compra do público - e os depósitos dos bancos e banqueiros uns nos outros e nas caixas económicas, que nada importam como poder de compra, porque representam apenas duplicações.
Para os depósitos dos bancos e banqueiros no Banco de Portugal, que constituem a circulação potencial, há estatísticas publicadas. Para os depósitos dos bancos e banqueiros entre si e nas caixas económicas não as há.
Porém, o Banco de Portugal, nos seus relatórios anuais e boletins estatísticos, dá o montante dos depósitos à ordem, feitos pelo público nos bancos comerciais e caixas económicas, apenas com as possíveis duplicações resultantes dos depósitos à ordem dos bancos comerciais entre si ou nas caixas económicas, com exclusão da Caixa Geral de Depósitos. Ora os depósitos dos bancos comerciais entre si e nas caixas económicas acima referidas são insignificantes em relação à massa dos restantes.
A totalidade desses depósitos, tanto à ordem como a prazo, foi a que consta do quadro seguinte:

Depósitos particulares nos bancos comerciais e caixas económicas

[Ver tabela ma imagem]

Estes números referem-se todos ao dia 31 de Dezembro, excepto o último, que se refere a 31 de Outubro. É fácil de ver que, desde 31 de Dezembro de 1940 a 31 de Outubro de 1945, os depósitos dos particulares cresceram à razão média de 2.572:000 contos por ano, digamos à razão anual de 2 milhões e meio de contos.
Só no relatório do Banco de Portugal, a publicar lá para Março do ano que vem, poderemos colher o montante dos depósitos no fim do ano passado e porventura os mesmos depósitos em 31 de Outubro do ano corrente. Mas, para o efeito da inflação dos depósitos, os números fornecidos pelo Boletim Mensal do Instituto Nacional de Estatística, já publicados até 31 de Agosto do ano corrente, bastam para nos dar uma ideia suficientemente aproximada. Com os dados fornecidos pêlos mencionados boletins pode construir-se a estatística junta:

[Ver tabela na imagem]

Mostra esta estatística que o montante dos depósitos feitos em todos os bancos e caixas económicas, com excepção dos depósitos dos bancos comerciais (rubrica «Bancos e banqueiros») no Banco de Portugal, cresceram de 18.576:697 para 20.773:608, mais 2.196:911 contos durante os doze meses do ano de 1945. E que cresceram de 19.864:451 para 22.265:740, mais 2.401:289 contos de 31 de Agosto de 1945 a 31 de Agosto de 1946. A inflação dos depósitos dos particulares nos bancos comerciais e nas caixas económicas deve ter sido maior nos doze meses que vão de Novembro de 1945 a Outubro de 1946 do que nos doze meses do ano de 1945. A inflação dos depósitos continuou, pois, e em ritmo mais acelerado do que o da inflação da moeda.

Vozes: - Muito bem!