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152 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 65

de nacionalidade russa, dirigiu em 1944 ao governador da colónia:
«Atravessei a China de leste a oeste e não encontrei em parte alguma o sossego que desejava. Vim finalmente a Macau e convenci-me de que nesta colónia há a paz e o sossego por mim desejados. Já passaram dezassete anos, e gosto tanto de Macau, que esta terra considero-a como a minha segunda mãe-pátria».
Sr. Presidente: antes de terminar, uma palavra de justiça e saudade para o governador que antecedeu o Sr. comandante Gabriel Teixeira, que muito contribuiu para este ambiente de cordialidade com a comunidade chinesa e outras comunidades estrangeiras. O Dr. Artur Tamagnini Barbosa deu à colónia de Macau o melhor da sua inteligência e da sua actividade e até lhe deu a própria vida.
E para terminar, a colónia de Macau vai ficar privada da mais autorizada voz para nesta Assembleia esclarecer a Nação sobre as suas necessidades mais instantes e as suas aspirações mais justas; nós todos ficaremos privados do convívio de quem soube, pelos seus méritos, impor-se à consideração de nacionais e estrangeiros.
S. Exa. o Ministro das Colónias, o ilustre Prof. Dr. Marcelo Caetano, deu mais uma prova da sua superior e inteligente visão escolhendo o Sr. comandante Gabriel Teixeira para administrar a progressiva colónia de Moçambique e em notável discurso no acto da sua posse definiu as linhas gerais da sua orientação administrativa.
É caso para se dizer que, se o governador bem mereceu a nomeação, a colónia também bem merece o governador.
Que o novo governador geral encontre no seu novo cargo as maiores facilidades, que o compensem das dificuldades passadas, para prestígio do seu nome, já tão glorioso, e para bem de Moçambique! São por certo estes os votos unânimes de toda a Assembleia.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Favila Vieira: - Eu queria, Sr. Presidente, associar-me de todo o coração às demonstrações de admiração desta Assembleia pelo comandante Gabriel Teixeira.
Ligam-nos, antes de tudo, sentimentos de profunda amizade. Somos naturais da mesma terra. Fomos eleitos Deputados pelo mesmo circulo do Funchal.
Nem as minhas obrigações políticas, nem as circunstâncias de ordem pessoal admitem que eu tome conhecimento da perda do mandato de se nosso ilustre colega sem pronunciar algumas palavras de homenagem e justiça.
O facto tem, sem dúvida, marcada relevância.
Apoiados gerais.
O comandante Gabriel Teixeira deixa esta Assembleia para ocupar o alto cargo de governador geral de Moçambique em condições de interesse excepcional, que importa assinalar neste momento, como acaba de fazê-lo, numa apreciação directa e clara, com aquela honestidade de espírito que é seu timbre, o nosso caro colega Sr. engenheiro Álvaro da Fontoura.
A nobre figura desse bravo marinheiro, desse governador de alta estirpe, elevou-se, na verdade, a toda a sua altura no governo de Macau durante a guerra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O seu nome tem já hoje projecção nacional. Revelou-se um administrador exemplar, um político e firme, um coração magnânimo, um verdadeiro homem de acção: um grande português, na expressão do ilustre Ministro das Colónias.
Teve nas suas mãos durante anos o destino de Macau. Decidiu da vida de mais de 400:000 pessoas, de todas as raças e condições. Foi o sen amparo e o seu guia numa situação verdadeiramente dramática e complexa, de tensão moral e risco permanente.
Desdobrou-se, multiplicou-se, para fazer face às situações em todos os planos, Sr. Presidente.
O comandante Gabriel Teixeira teve mesmo, com certeza, Srs. Deputados, de curvar-se dolorosamente sobre si próprio para poder servir o interesse nacional e as exigências mais extremas da comunidade de Macau, através de tudo, contra a sua natural maneira de ser: espontânea e vigorosa, de linhas rectas.
Apoiados gerais.
As provas dadas de comando, abnegação e dedicação patriótica foram as mais altas, como o sublinhou nesta Assembleia, com toda a sua autoridade, o Sr. Presidente do Conselho.
Numa palavra: pode dizer-se, sem exageros oratórios, Sr. Presidente, que o comandante Gabriel Teixeira levantou o nome de Portugal no Oriente à grandeza do nosso espírito heróico e missionário.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Conhecemo-nos há bons anos, em condições de nenhuma dúvida ter sobre os traços fundamentais da sua personalidade e da sua linha de acção.
O comandante Gabriel Teixeira pertence à categoria daqueles homens públicos que, pela superioridade do carácter ou da formação, se mantêm acima das situações de confusão ou de crise, numa orientação superior, fiéis às verdades eternas, mas atentos e sensíveis, ao mesmo tempo, ao que há realmente do novo e essencial em cada momento.
É com homens destes, desta estatura, que se há-de vencer o peso morto de convencionalismo e rotina que domina ainda alguns sectores da vida nacional para abrir o caminho às mais altas aspirações da nossa política e aos imperativos do nosso tempo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A Madeira perde nas altas esferas políticas um representante insubstituível, de grande prestígio, devotado às situações da sua gente mais humilde. Honra-se, contudo, em dar à Nação um dos seus filhos mais estimados para governar a sua grande província ultramarina de Moçambique.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão a proposta de lei de autorização de receitas e despesas para o ano de 1947.
Tem a palavra o Sr. Deputado Ribeiro Cazaes.

O Sr. Ribeiro Cazaes: - Sr. Presidente: foi apresentada ao País a proposta de lei de autorização de receitas e despesas para o ano de 1947.
Não difere muito das anteriores; mais precisamente das que têm sido apresentadas desde que se iniciou a era salazariana.