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610 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 90

A venda de ouro ao público tinha assim de fazer-se por uma ou por outra cotação. Se o banco emissor a fizesse pelas cotações especulativas a que acima se fez referência, isso equivaleria a forçar a nossa moeda a uma injustificável desvalorização em relação ao ouro e nada remediaria, porque, dada a intensa procura clandestina de ouro em certos mercados, a especulação tenderia a restabelecer a antiga margem de diferença com a cotação oficial, fie fizesse a venda pelo valor efectivo de transacção entre bancos emissores, isso redundaria, pela acção dos factores apontados, em perda de ouro pelo País e não só pelo banco, em compensação de aumento de posições cambiais de valor duvidoso e sem interesse.
De facto, uma vez que o banco abrisse a venda livra do ouro ao preço oficial, isso não representaria senão, reforçar a especulação, que, a preços muito superiores, faria sair o ouro do País com destino a mercados clandestinos do estrangeiro, recebendo a economia nacional, em troca, moedas ou divisas adquiridas, é certo, a preço vil, mas de valor nulo ou muito duvidoso.
Poderiam mesmo resultar da operação divisas negociáveis no Banco de Portugal, que viriam substituir assim as reservas de
ouro-metal, determinando aumento de emissão, que, com esta única e não desejável diferença, anularia a pretendida redução.
As condições do mercado internacional não permitiam assim uma política de venda de ouro no mercado interno como meio de - absorver meio circulante.

8. Do que antecede parece poder concluir-se:
1.° Que houve uma política monetária no período 1939-1945;
2.° Que tal política teve como directrizes fundamentais o manter a confiança na moeda e no sistema de crédito, reduzir o poder de compra actuante sobre o mercado, conservar o valor de capital que ele representava para a economia nacional, fazer actuar o sistema bancário como elemento retardador da velocidade da circulação;
3.° Que nessa política se mantiveram, como se julgava ser mister, os princípios fundamentais de liberdade, de pagamentos e liquidabilidade de garantias de meios fiduciários indispensáveis à manutenção do valor da moeda;
4.° Que, por via dela, finda a guerra, se conservaram íntegro o valor-ouro da moeda e. sólidas as garantias que o asseguram e, portanto, apto o País a restabelecer a paridade do podei de compra interno e externo da moeda pela rectificação dos preços internos, se estes se mostrarem superiores aos do mercado internacional.
Quais foram os resultados efectivos dessa política?
Que perspectivas nos oferece perante a reconversão económica mundial que a paz deve trazer?

III

A moeda, a política monetária e os preços -
O problema da inflação

1. Expuseram-se já as razoes por que se julga que o fenómeno inflatório de 1939-1945 não é comparável com o de 1914-1922: serem completamente diferentes as causas que os motivaram e as condições em que se desenvolveram.
Serão, porém, semelhantes nos seus efeitos por forma a poder dizer-se que é indiferente, sob o ponto de vista da economia nacional e do seu futuro, a causa que os motivou?
Que reacções provocaram no meio económico, a que se devem essas diferenças, que ilações nos permitem tirar as lições de 1914-1922 para a previsão da evolução futura da nossa moeda e para a política monetária a seguir?

2. Em primeiro lugar, na comparação entre a evolução monetária de 1914-1922 e a de 1939-1945 há a notar uma diferença de volume que não será indiferente sob o ponto de vista dos efeitos.
Em 1916-1922 a circulação tem uma subida de 529,6 por cento, ao passo que a de 1939-1945 é de 257 por cento.
Verifica-se da observação do gráfico III (a) que em 1914-1922, a partir de 1918, se dá a aceleração do aumento do numerário circulante e a sua ultra-

(a) Reproduzido de um estudo do Prof. Sr. Dr. Pacheco de Amorim no n.° 2 da Revista do Centro de Estudos Económicos.