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22 DE FEVEREIRO DE 1947 613

o comércio internacional dos países neutros. Estes vêem assim o seu abastecimento externo diminuído, as suas exportações por vezes dificultadas e não podem determinar-se, nem em uns nem nas outras, pelo princípio dos custos relativos. Não há, pois, mercado internacional, mas fontes diversas de abastecimento restrito, com que há que tratar bilateralmente e em condições por vexes díspares de uma para outra sem que deixe de ser geral o fenómeno diurna alta de .preços que em muitos países excede a verificada no nosso.
Mas se esta circunstância não permite determinar com a antiga segurança a evolução dos preços no mercado mundial, a estatística dá-nos - através da evolução dos custos médios de importação - a medida do encarecimento que, por via de vários factores, que não o câmbio, sofreram as mercadorias importadas.
Tomando os números índices, com base em 1939, do custo unitário da tonelada importada, dos preços e da circulação, poderemos fazer o seguinte quadro:

[Ver quadro na Imagem]

Vê-se nitidamente por este quadro que os índices de preços, tanto por grosso como de retalho, se aproximam mais dos do custo de importação por tonelada do que dos da circulação fiduciária.
Esta parece, até certa altura, dominada pelos preços por grosso e pelos de importação, mas torna-se depois independente deles. No entanto, não se pode afirmar que depois desse momento a circulação seja o elemento dominante dos preços, visto que, não havendo alterações cambiais, estes se mostram, na evolução posterior, mais ligados aos custos de importação do que à do próprio meio circulante.
Os dois fenómenos - circulação e preços - dissociam-se - um dominado pelos movimentos da balança de pagamentos e outro pelo movimento dos custos da importação e sua acção directa e indirecta sobre o custo dos produtos que acorrem ao mercado interno.
Não há em toda a evolução dos preços, desde 1939, vestígios sequer daquela acção directa, imediata e, por vezes, antecipada dos movimentos da circulação i»obre os preços em geral - tanto dos produtos nacionais como dos importados - que caracterizaram a inflação no período de 1916-1922.
Não se afirma, no entanto, que tenha havido completa independência entre o movimento da circulação e dos preços. Já foi dito como pelo aumento de rendimentos que o comércio externo proporcionou e da sua distribuição no mercado interno a circulação em que parte daqueles rendimentos se traduziu foi o veículo de uma procura intensa em face de um mercado de abastecimento restrito e provocou a alta.
No entanto, julga-se lícito concluir de tudo o que antecede que a circulação e os preços foram movidos por causas comuns, foram efeitos da alta de custos externos e do aumento de rendimentos. A moeda não actuou, pois, como causa na evolução dos preços posteriores a 1939, ao contrário do que ocorreu em 1916-1922, em que a emissão de papel-moeda agiu directamente sobre os preços e sobre o câmbio por uma imediata influência uma expressão nominal do valor das mercadorias e das outras moedas.

5. O aumento de circulação posterior a 1939, diferente do de 1916-1922 na sua origem, nas condições técnicas que o dominaram, na sua ligação com a economia nacional - agora pura expressão da situação económica, em 1916-1922 causa da evolução dos preços e do câmbio e das alterações de distribuição de rendimento que daí resultaram - teve também, como se mostrou, diferente acção sobre o valor da moeda e os preços internos.
Assim, não pode dizer-se que a diferença de comportamento destes constitua uma excepção à regra que o fenómeno de 1916-1922 exprime. Antes fica demonstrado que à diversa natureza e origem do fenómeno o às diferenças que daí resultam para as reservas monetárias c para o câmbio, correspondem as da acção sobre os preços internos - num caso, originária e directa, no outro, secundária e indirecta.