O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

612 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 90

A diferença de comportamento dos preços, circulação e câmbio em 1939-1945, em relação ao período de 1916-1922, é reflexo necessário da natureza inteiramente diferente dos doía fenómenos, pelo que não será lícito tirar de uma simples análise quantitativa conclusões quanto às tendências deles resultantes e aos meios de que deve dispor-se para as corrigir.

3. Não parece, pois, que possa ter-se a alta de preços em 1939-1945 como efeito directo do aumento da circulação fiduciária, antes, até certo ponto, esta será também função daquela alta.
De facto, como já foi notado, os custos dos produtos importados - alguns constituindo matérias-primas e. elementos fundamentai» para a produção nacional - sobem fortemente e excedem mesmo a alta de preços internos.
A estatística do comércio externo mostra-nos que, ao passo que o índice de tonelagem tem a baixa violenta a que já se fez referência, o valor da tonelada importada sobe de 903$ em 1939 para 1.285$, 1.845$, 2.172$ e 2.3-16$, respectivamente em 1940, 1942, 1944 e 1945, apresentando assim, em relação àquele ano, agravamento de, respectivamente, 42 por cento, 104 por cento, 140 por cento e 156 por cento.
Sendo certo que nesta variação pode influir não só o custo dos produtos importados, mas também a composição da importação, citam-se apenas alguns índices de variação do custo das mercadorias importadas, que darão mais clara visão do problema.
No ferro, o índice do custo unitário passa de 151 em 1938 para 238, 468, 375, 379, respectivamente em 1940, 1942, 1944 e 1945; no carvão mineral, de 111/2 em 1938 passa-se para, respectivamente, 207, 320, 464 e 495; no sulfato de amónio, de 74,5 para 110, 188, 126 e 154; no trigo, de 83 para 87, 94, 153 e 167.
Em período de indiscutível estabilidade cambial, não poderá atribuir-se esta alta do custo, em moeda nacional, de mercadorias importadas à desvalorização ou inflação interna, antes aquele terá sido causa desta, pelo maior volume de crédito necessário para o financiamento das operações de importação e comércio daqueles bens; não poderão também desconhecer-se as repercussões directas e indirectas que esse agravamento do custo de importação teve no custo de produção e no mercado nacional.
Assim, a alta de preços na importação terá influído na alta de preços interna e, por via dela, na circulação, sendo a proporção do agravamento médio do custo de bens importados superior à dos preços internos.
Por outro lado, a restrição do abastecimento e o aumento de rendimentos desempenharam nessa alta, também, papel fundamental.
Apesar do esforço feito para suprir as deficiências da importação, a produção nacional mostrou-se incapaz de realizar inteiramente esse objectivo, mas foi através desse esforço, que importou necessariamente alta de custos, e da política comercial e de trocas seguida, que resultou o restrito abastecimento conseguido. Até meados de 1941, como pode ver-se pelo gráfico v (a), a curva dos preços por grosso domina a circulação e é só a partir desse ano - aquele em que se acentuam os saldos positivos da balança comercial - que a circulação ultrapassa a curva daqueles. Parece assim poderem distinguir-se, na comparação dos preços com a circulação, dois períodos - o inicial, em que a circulação é nitidamente comandada pêlos preços, e o posterior a 1941, em que o aumento da circulação é nitidamente comandado pelo aumento das reservas e pode, através do aumento de rendimentos, exercer uma acção própria sobre os preços por financiar uma procura de bens de consumo superior às disponibilidades do mercado.
Mas essa acção dá-se em condições inteiramente diferentes das de 1916-1922. Na verdade, ela exprime desequilíbrio no mercado, e mão desvalorização subjectiva da moeda que continua a manter-se, em grande parte, sob a fornia de depósitos, a acorrer à colocação em títulos nacionais de dívida pública e a revelar completa ausência de reacções directas da emissão sobre os preços.
Na verdade, o gráfico mostra como o ritmo dos preços é não só mais lento, como independente, nas suas variações, das oscilações mais marcadas da emissão.

4. Durante a guerra de 1939-1945 não existe um mercado internacional; criaram-se zonas fechadas de produção e consumo, para cujo isolamento das outras contribuíram não só as hostilidades militares entre os beligerantes, como as medidas de uma guerra económica que tornou cada vez mais difícil

---------
(a) Este gráfico está traçado em escala logarítmica.