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614 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 90

Daí as diferenças da correlação circulação - preços que a estatística nos revela entre os dois períodos. Resta, porém, averiguar se delas resultam diferenças na forma de restabelecimento do equilíbrio e, ainda, se a actual situação, com as características apontadas, pode originar por si uma inflação pura do tipo da verificada em 1916-1922.
Quer dizer: resta apreciar se a situação monetária, a partir de 1945, confirma as apreciações feitas e quais as perspectivas que nos oferece na reconversão económica que se desenha.

IV

A situação monetária ao fim da guerra

1. A natureza e as causas do aumento do poder de compra interno posteriormente a 1939 fazem prever o restabelecimento do equilíbrio pela normalização das condições que o determinaram e, mesmo em alguns aspectos, pela inversão do sentido dos movimentos de algumas.
Verificado que o aumento de circulação não é um fenómeno originário na evolução da economia portuguesa depois de 1939, mas um fenómeno derivado, uma simples expressão da evolução da produção e do comércio nas anormais condições criadas pela guerra; demonstrado que a circulação em acréscimo à de 1939 representa apenas -no que excede a normal expansão do meio circulante em paralelo com o desenvolvimento da economia - uma parte do aumento do poder de compra nacional resultante de maiores rendimentos, cujo valor é garantido pelas reservas do instituto emissor; exposto, ainda, como, se uma parte desse aumento de poder de compra representa novos rendimentos e capitalizações, outra parte, difícil aliás de determinar, é a resultante de atrasos nas normais renovações e reconstituições de utensilagem e stocks que a guerra tornou impossíveis ou, pelo menos, diminuiu fortemente; visto ainda como, por virtude das circunstâncias apontadas, com a alta de preços internos coincidiu uma sólida estabilidade cambial - parece natural que da diminuição ou desaparecimento dos saldos da balança de pagamentos, da intensificação do comércio importador, da reconstituição dos stocks e aumento da utensilagem nacional deva resultar a tendência para a reabsorção do poder de compra líquido em excesso sobre as mercadorias disponíveis, o restabelecimento do equilíbrio de preços, a cessação da marcha ascensional da circulação fiduciária e mesmo o seu regresso a mais baixo nível.
São estes os movimentos naturais que a modificação de condições económicas deve produzir, sem embargo dos fenómenos intermediários e de transição que possam diminuir por momentos a sua nitidez.

2. Cessada a guerra, mantêm-se ainda dificuldades no comércio internacional, mas nota-se já alguma atenuação e mostra-se nítida a tendência para alteração de posições da balança de pagamentos.
Se já em 1945, como vimos, o déficit da balança comercial toma volume que o aproxima do de antes da guerra, em 1946 ele apresenta-se - segundo os dados já conhecidos- mais avultado ainda.
Comparando os números do comércio externo de Janeiro a Outubro nos últimos anos, poderemos ver a verdade do asserto:

[Ver Tabela na Imagem]