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14 DE MARÇO DE 1947 858-(7)

efeito cada determinante é classificada igualmente em quatro classes, correspondentes a outros tantos graus de adaptação.
Por sua vez, a Junta de Colonização Interna vem elaborando as suas cartas de aptidão cultural, baseadas em grande parte nas cartas agrológicas, que indicam a divisão dos terrenos em quatro (e mais raramente em cinco) classes de aptidão, estabelecidas consoante o valor relativo que se lhes podo atribuir, o qual depende da forma, de aproveitamento de que são susceptíveis. Já sabemos, de resto, que as cartas de aptidão têm carácter muito menos permanente do que o das cartas agrológicas. A escolha das culturas depende não só das características do solo e do clima, como também de factores sociais e económicos, eminentemente variáveis, tais como a distância dos mercados, facilidade de comunicações, etc. Acrescente-se ainda que para simplificar os projectos de exploração é prática corrente reunir na mesma classe duas ou mais séries que, não sendo idênticas quanto ao valor ou aptidão, se aproximam, no entanto, suficientemente a tal respeito para evitar que se estabeleçam métodos de aproveitamento especiais para cada uma delas. Podem até reunir-se séries bastante diversas para determinados aproveitamentos comuns. Do que tudo resulta que a função dos campos experimentais é aqui ainda mais necessária para o aproveitamento da técnica cultural.
A Junta de Colonização Interna adoptou o seu critério de classificação em vários trabalhos, nomeadamente no projecto de colonização da Herdade de Pegões.

Se pode considerar-se como meritória a iniciativa das duas progressivas Juntas (Hidráulica e de Colonização Interna), trata-se de trabalhos, a que se viram compelidas a recorrer, por falta de elaboração de uma carta de solos por quem de direito.
A Estação Agronómica Nacional era naturalmente chamada a centralizar os estudos agrológicos.
Foi assim que, primeiro de colaboração com a Repartição de Culturas Arvenses e mais tarde também com a Direcção Geral dos Serviços. Florestais, fez os seus primeiros reconhecimentos, mas sempre em condições financeiras desfavoráveis.
Há ainda que referir as diligências da Estação Agronómica Nacional, em conjunção com a Junta Nacional dos Azeites, interessada em saber se existia correlação entre a distribuição da nossa azeitona e a natureza dos terrenos. A Junta subsidiou assim alguns importantes trabalhos da Estação Agronómica Nacional.
Deste modo se foram esboçando os seus intentos, até que, em fins de 1939, a Estação Agronómica Nacional constituiu uma secção dedicada à Carta dos solos de Portugal. Passo decisivo. Fê-lo, é certo, com sacrifício de outras actividades, mas desde então tem vindo a criar um escol de especialistas a quem se possa confiadamente entregar a elaboração da nossa Carta de solos. E, com uma dotação levemente melhorada, a partir de 1941, começou os seus trabalhos, havendo efectuado já no Ribatejo e distrito de Beja o levantamento cartográfico de 127:000 hectares, conforme se menciona no relatório da proposta, expressos na edição das oito primeiras folhas da nossa Carta dos solos, cinco das quais ainda no prelo.
Quer dizer: a Estação Agronómica Nacional tem vindo a preparar-se há anos para o cometimento que, em boa razão, não pode deixar de lhe ser confiado.
Outro sinal de bom tempo no alto nível atingido por alguns dos nossos serviços públicos.

X

Têm as cartas agrológicas um lugar inteiramente à parte da restante cartografia. Já tivemos ensejo, a este
propósito, de estabelecer a diferença existente entre as cartas agrológicas e as cartas agrícolas.
Não queremos, no entanto, deixar de nos referir às diversas realizações portuguesas em matéria cartográfica.
Datam algumas, como se verá, do fim do século passado.
Segue a lista respectiva:
a) Carta agrícola e florestal de Portugal. - Publicada em 1910, na escala de 1:500000, pela Direcção dos .Serviços da Carta Agrícola, sob a orientação de Pedro Romano Folque. Teve por base as pranchetas corográfico-agrícolas levantadas de 1882 a 1900.
b) Carta geológica de Portugal. - Publicada em 1899, na escala de 1:500000, pela Direcção dos Trabalhos Geológicos, sendo os seus autores J. F. N. Delgado e Paul Choffat. Levantada em parte sobre as folhas da carta corográfica do País e em parte coordenada sobre a carta geológica publicada em 1876 por C. Ribeiro e J. F. N. Delgado.
c) Carta corográfica de Portugal. - Publicada nos fins do século passado e princípios deste, na escala de l:100000.
d) Carta hipsométrica de Portugal. - Publicada em 1906, na escala de 1:500000, pela comissão dos serviços geológicos. Foi baseada na carta corográfica na escala de 1:100000.
e) Carta xilográfica de, Portugal. - Publicada em 187G, na escala de 1:2250000, por B. Barros Gomes em Cartas elementares de Portugal para uso das escolas, 1878.
Embora já antigas, todas estas cartas têm interesse geral, mas sem pormenor, pois as escalas em que foram feitas são demasiadamente grandes. Assim, nas cartas agrícola e florestal, geológica e hipsométrica 1 centímetro corresponde a 5 quilómetros e na xilográfica a 22 km,5.
A carta corográfica, que tem sido a carta topográfica-base, está sendo substituída com vantagem pela magnífica carta de 1:25000 do estado maior do exército.
Esta última é que tem servido de base para a nossa Carta dos solos. Dado que a carta do estado maior do exército já cobre cerca de metade do território nacional (mais de 4.000:000 de hectares cartografados) a Estação Agronómica Nacional tem larga margem diante de si, tanto mais que o estado maior está trabalhando depressa . . .

XI

Estabelecida a importância primacial do assunto e conhecidos os antecedentes, quer de doutrina quer de realizações, estrangeiras e nacionais, em que a proposta se filia, segue-se o exame mais circunstanciado das suas disposições. .
Nesta conformidade, examinaremos sucessivamente, em ordem à elaboração da nossa Carta dos solos:
1) O seu prazo;
2) O seu custo;
3) A reorganização dos serviços;
4) A sua técnica.

O prazo de vinte anos estabelecido pela proposta (base II) para a elaboração da Carta dos solos foi determinado em razão do seguinte:
a) A. fragmentação do esforço financeiro;
b) A formação necessariamente longa do escol de técnicos aptos a tomar conta do trabalho;
c) A adopção de uma escala que permita o conhecimento com suficiente pormenor dos 9.000:000 de hectares do nosso solo.
Nos primeiros cinco anos os trabalhos devem seguir uma linha ascendente, que não ultrapassará contudo