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258 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 132

venham a aliviar o fardo que pesa em demasia sobre os ombros.
Assim o programa e a sua execução são obra de homens públicos, cada vez menos dóceis, na medida em que se afastam das carrilhas e interesses de sector, em receber ordens dos senhores da finança.
Pelo que já deixamos dito, encontramo-nos, pois, em frente de uma economia programática mais do que de uma planificação técnico-económica.
Assim como se supôs que estavam abertas as portas ao domínio da finança internacional, passou a entender-se que, doravante, a vida europeia poderia ser dirigida de Washington.
O facto de o Governo Americano desejar ser elucidado sobre o destino dos fundos e bens, certos compromissos de compensação em direitos aduaneiros e matérias-primas, a cláusula de rescisão, soaram como qualquer coisa de novo, desafectada e pronunciadamente política.
O raciocínio, porém, dá isto - uma vez que se espera uma reabilitação das economias europeias, a sua melhoria e expansão, o retorno a um comércio mundial relativamente livre, decorrente das trocas e automatismo dos mercados, tal reabilitação comporta um caminho seguro para um reforço de autonomia sobre as situações actuais, embora as trajectórias de bem comum humano e indistinto adquiram cada dia maior predomínio no conjunto. O confiar da capacidade restauradora dos países singulares o retorno à estabilidade geral significa que se propõe, em vez de se impor, que se espera, em vez de se ordenar, que se coordena em, vez de se dirigir.
Mas existem ainda interpretações mais forçadas.
A U. R. S. S., a Bulgária e a Jugoslávia, os próprios partidos comunistas e os russófilos consideram que o programa de auxílio que lhes foi oferecido representa um instrumento de provocação e guerra...
Por isso determinaram contra ele oposição absoluta, criaram em ar de desafio o novo Kominform, excluíram a Alemanha oriental, arrastaram consigo outras nações convertidas em regiões militares e desencadearam uma série infindável de actos de indisciplina e sabotagens. O programa Marshall não passa de um plano imperialista, gizado por um estado reaccionário e agressivo contra as repúblicas populares, tão amantes da paz! - destinado a consagrar a escravidão das massas europeias à burguesia endinheirada americana.
Assim, os magnates de Leste parecem ser daqueles que não medram nem dormem sem a desgraça alheia e que não temem os naufrágios desde que não mergulhem sòzinhos.
Povo jovem, imenso senhor de imensidades, tomado de expansão quase incoercível, dotado de ambições dominadoras, ilimitadas, encanecido na mais potente das autocracias, batendo-se apenas sobre uma frente, inconquistável, formidável lição de gregarismo que fez da comunidade de aldeia um regime do século - da U. R. S. S. foram banidas a piedade e a bondade, em nome da lei do mais forte.
Entreabriram a alma eslava, sentindo-se barrados nas rotas aprazíveis do pôr do sol e do Mediterrâneo, e pareceram impugnar tudo quanto não resultasse na sua glorificação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: todas estas razões propendem na consciência oriental, mas o motivo predominante da sua atitude opositora é bem outro.
Eles professam que a miséria e a fome se devem apenas aos governos burgueses e à exploração capitalista. Para confirmar esta e outras teses que prognosticam mais uma crise fatal - última, definitiva e irrevogável - os escritores marxistas não escondem quanto os contraria e impacienta uma Europa recuperada e
A catástrofe final do capitalismo que as jornadas de 1848 não trouxeram; que a derrota de 1870 não produziu; que o final do século não viu; que a Grande Guerra não gerou, e a própria Guerra Mundial não engendrou também; sempre afirmada categoricamente com o seu que de credo sociológico, se não vier desta feita atrairá sobre o marxismo desconfiança e descrédito irremissíveis. Contrapondo a fácil imagem do recém-nascido ao velho senil, tem sido fácil explicar os seus graves percalços pelas dores de parto de um regime nascente, em alto contraste com os regimes ocidentais, como que revolvendo-se nas vascas da agonia. Assim, os regimes de iniciativa, lucro legítimo e automatismo contêm, não somente os germes da doença que os faz tombar de crise em crise, mas uma desgraça fatal que lhes vai abrindo a cova.
Não se quer saber que onde há crise existe a própria vida!
O ribeiro nem sempre flui com a mesma enchente; o coração nem sempre bate com o mesmo ardor; a árvore nem sempre se veste das mesmas folhas; a alma humana varia, incongruente, nos passos do pessimismo ao optimismo - este ritmo alternado é a própria vida e nele se encontra a raiz e os aspectos profundos das crises.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Teórica e pràticamente, na U. R. S. S. não há nem haverá crises.
Claro que se não há preços que flutuam, se não existem mercados, mas apenas armazéns gerais dos governos, se desde a sementeira ou a entrada na fábrica da matéria-prima todas as operações se limitam e regulamentam, se o consumidor se serve e come por mão alheia do que lhe dão, e não do que quer, não há, nem pode haver, nem haverá nunca crise, grande ou pequena.
Há outra coisa.
Ata-se um homem de pés e mãos, amarra-se solidamente, tapa-se-lhe a boca mesmo, e ele não afirmará que padece, e bem pode acontecer ignorar a sobreprodução e o subconsumo.
Mas há sofrimento transbordante, que nem força tem para se fazer ouvir.
Sr. Presidente: o primeiro escritor que estudou a representação cíclica, em ondas dilatadas, de largo prazo e de movimentos amplos de quarenta e oito e sessenta anos, foi precisamente o professor universitário de Moscovo, Kondratieff. A sua reputação estendeu-se a todos os meios científicos.
Como concluiu pelo reconhecimento de um progresso normal, apesar das altas e baixas que representam a curva das crises, foi apodado de reaccionário, a sua teoria considerada apologética e em 1930 deportado para a Sibéria. Nunca mais se soube dele.
As suas demonstrações científicas, que prometem uma onda larga em 1960 e tal e em 1980, contrariavam o dogma marxista no ponto em que há-de vir fatalmente uma catástrofe que bolcheviquize tudo.
A mais alta expressão de economia política marxista era representado pelo professor Eugênio Varga, que primeiro ensinara em Budapeste. Examinara miùdamente os efeitos do capitalismo no período chamado da «estabilização» e estudara-o de novo nas circunstâncias actuais, para concluir que não existia ainda crise de estrutura.
A serem verdadeiros os telegramas, caiu em desgraça e desapareceu!