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4 DE MARÇO DE 1948 288-(157)

Na verdade, não tem sentido esta transferência de cambiais de países empobrecidos para país rico. Haverá por isso necessidade de fazer um esforço junto dos Estados Unidos aio sentido de convencer aquele país a consumir mais quantidade de produção nacional. E a sua economia permite-o, e com facilidade.
Aos principais países que adquiriram produtos portugueses exportados nos anos de 1938 a 1946 correspondem as seguintes percentagens de valores:

QUADRO LXXXVI

Percentagens dos valores

[Ver Quadro na Imagem]

Na verdade, não tem sentido esta transferência de cambiais de países empobrecidos para país rico. Haverá por isso necessidade de fazer um esforço junto dos Estados Unidos no sentido de convencer aquele país a consumir mais quantidade de produção nacional. E a sua economia permite-o, e com facilidade.
Aos principais países que adquiriram produtos portugueses exportados nbos anos de 1938 a 1946 correspondente as seguintes percentagens de valores:

QUADRO LXXXVI

Percentagens dos valores

[Ver Quadro na Imagem]

O comércio de exportação com a Alemanha quase desapareceu. Com a Inglaterra a percentagem da exportação diminuiu 6,4 por cento. Progrediram muito as exportações para a Bélgica e, em relação a 1938, acentuaram-se bastante as exportações paxá os Estados Unidos. Apesar de estes se terem tornado os grandes fornecedores de Portugal, só lhe tomam uma percentagem das exportações idêntica à da Inglaterra. O Brasil continuou a adquirir os produtos portugueses em percentagem superior à de antes da guerra.
Mas outros países com saldo positivo, tanto na América como na Europa, continuam a consumir os produtos portugueses em escala reduzida. A Suíça, que fora em 1942 um grande cliente, pois. tomou nesse ano mais de 10 por cento das exportações portuguesas, diminuiu em 1946 a sua percentagem para menos de metade, embora ainda bem superior à de 1938.
Só as relações com o Império Colonial aparecem animadoras, e justo seria que continuassem a progredir, tanto nas importações, como nas exportações. Consumiu 22,5 por cento destas em 1946, mais 10 por cento do que em 1938.

O desequilíbrio da balança comercial

108. O desequilíbrio da balança comercial portuguesa, como atrás já foi acentuado, constitui um dos mais perniciosos elementos da vida económica e financeira do País. Deriva do baixo rendimento da produção e da insuficiente exploração dos recursos internos.
Tem-se acumulado nos longos anos em que prejudicou a vida nacional por diversas maneiras, mas começa a tomar carácter ameaçador quando, como no último ano, atinge cerca de um terço das importações, que foram muito grandes.
As percentagens do deficit da balança comercial, em relação às importações, variaram do modo seguinte desde o começo do século:

Percentagens

1900 .................... 45,9
1905 .................... 51,8
1910 .................... 48,1
1915 .................... 54,3
1920 .................... 67,8
1925 .................... 65,3
1930 .................... 60,7
1935 .................... 60,9
1938 .................... 50,0
1940 .................... 36,5
1941 .................... -
1942 .................... -
1943 .................... -
1944 .................... 19,2
1945 .................... 20,2
1946 .................... 33,1
1947 .................... 44,3

Não deve ser dada importância excessiva aos números que exprimem as percentagens dos deficits, porque, como atrás se explicou já, há importantes correcções a fazer na estatística das exportações no período que vai do fim da primeira grande guerra até quase ao começo da segunda.
Os números, tal como constam do quadro, dizem que para pagar o que se importou foi preciso, no longo período que as cifras cobrem e nos anos mencionados, encontrar um somatório de cambiais idêntico às que se obtinham das exportações. Em muitos anos (1905, 1915, 1920 e seguintes) estas não chegavam para pagar metade das importações nem até 35 por cento em 1925.
Embora se possam corrigir os números relativos às exportações, e isso será necessário, esta situação é bastante séria e explica fàcilmente as dificuldades cambiais durante a década 1920-1930, que se prolongou um pouco para além deste último ano. Em 1940 sentiram-se já os efeitos da guerra nas exportações e os valores destas passaram a ser mais conformes às realidades. E os três anos seguintes foram de saldo positivo, num total de 58:555 contos-ouro, ou 2.658:000 contos-papel. Mas este saldo de três anos foi quase todo consumida em 1946, que teve, como é sabido, o saldo negativo ne 2.272:000 contos, ou um terço do total das importações.
O déficit de 1947 deve ter subido para cerca de 4.900:000 contos ou mais.
Vê-se, assim, que Portugal possui uma fonte importante e invisível de cambiais. Se não fosse esse ubérrimo manancial ainda seria muito mais baixo o nível de vida. O que entra no País através de remessas de emigrantes, serviços prestados a países estrangeiros, visitas de turismo e negócios e outros meios serve para pagar o déficit das importações. O País vive disso, e é bom que se procure viver diferentemente, porque nada há mais aleatório para a vida de um povo do que confiar numa misteriosa providência de bens materiais que pode desaparecer em época de crise dentro ou fora do País, como aliás se provou já no longo período agora analisado.
Qualquer plano de governo traçado no sentido de defender tanto quanto possível a economia interna desse perigo deve tentar, ou ter como objectivo, um melhor equilíbrio entre as importações e as exportações, e isso só pode conseguir-se pela intensificação da produção interna, tanto no campo agrícola como no industrial.

A distribuição geográfica no «déficit» da balança comercial

109. Chegámos, pelo que acaba de expor-se, a elevado déficit da balança comercial. Repete-se todos os