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288-(56) DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 132

Estes números continuam a revelar desinteresse pelo ensino industrial, tal como se notou no ensino elementar e complementar.
No ensino médio agrícola (escolas de regentes agrícolas) teve lugar um pequeno acréscimo na frequência (9,1 por cento), que representa mais 74 alunos. Aliás a frequência total é pequena - apenas 611 alunos em 1945-1946.
As Universidades, sobretudo as de Coimbra e Técnica, alargaram bastante a frequência - 61,3 por cento na primeira e 45,4 por cento na segunda. Na do Porto o acréscimo representou 34,2 por cento do número dos alunos.
A de Lisboa, que é a mais concorrida, foi a que em percentagem aumentou em menor grau a frequência.

71. Postos os números de outro modo, verifica-se que as maiores percentagens de aumento no ensino se deram nas Faculdades de Ciências, com 34,3 por cento, na de Engenharia do Porto, com 78,1 por cento, no Instituto Superior de Agronomia, com 72,2 por cento, e no Instituto Superior Técnico, com 44,5 por cento. Os outros estabelecimentos de ensino superior aumentaram o número de alunos em menores proporções, que em todo o caso desceu de 44,4 por cento no Instituto de Ciências Económicas e Financeiras para 8,2 por cento nas Faculdades de Medicina. A Escola Superior Colonial viu o número de alunos reduzido a menos de metade - 257 em 1940-1941, contra 124 em 1945-1946.
Os números que se publicam no quadro a seguir esclarecem devidamente este assunto:

Aumentos ou diminuições no número de alunos no ensino superior

[Ver Quadro na Imagem]

Breves comentários aos elementos estatísticos levam à conclusão de que no conjunto diminuiu a frequência nas escolas elementares, complementares e médias e aumentou bastante nas escolas superiores e no ensino liceal.
O ensino industrial é muito atingido, tanto nos graus elementar e complementar como no médio. Mas as escolas de engenheiros tiveram aumento sensível, sobretudo a do Porto.
O ensino elementar agrícola tem muito pouca importância - apenas 228 alunos em 1945-1946. O agrícola médio, com é 11 em três escolas, não parece ter progredido grandemente em frequência.
O Instituto Superior de Agronomia, pelo contrário, aumentou-a em 72,2 por cento, ou 325 alunos.

72. Em matéria de ensino profissional, industrial e agrícola, os números indicam que há grande tendência para se formarem engenheiros e agrónomos. Pelo contrário, no ensino industrial há retrocesso acentuado na frequência, e no ensino agrícola os progressos são muito pequenos, apesar do reduzido número de alunos - ao todo 839.
Parece que as coisas se deveriam passar de modo exactamente oposto: a formação em grande escala de operários, capatazes, mestres, práticos agrícolas, feitores, chefes de oficina, e muito menor número de técnicos de curso superior, pelo menos enquanto não pudessem ser absorvidos pela indústria particular e pela agricultura.
A maior parte dos diplomados por escolas superiores de carácter profissional, incluindo Medicina e Direito, mas especialmente Agronomia e Engenharia, tenta ingressar nos quadros do Estado.
Outra questão que os números mostram, em sua crua realidade, é a da acomodação.
Não se vê bem como é que escolas superiores delineadas, se acaso o foram, para determinada frequência tenham de acomodar, de um ano para outro, bastante
maior número de alunos. O caso dos laboratórios e salas de ensaio é insolúvel. Já eram pequenos, ou mal equipados, para a frequência existente. Não poderão certamente satisfazer as necessidades do ensino experimental, indispensável à formação de profissões.
Mas ainda se levanta outro ponto de interesse social, que conviria analisar detidamente e que tantos inconvenientes tem tido no passado. Diz respeito à absorção dos diplomados, e isto refere-se tanto às carreiras profissionais - engenheiros, médicos, advogados e agrónomos - como às outras.
Não é que a frequência seja exagerada relativamente à população e área do País e províncias ultramarinas, e certamente, desde que se desenvolvam os seus recursos, há-de tornar-se necessário alargar a esfera de influência de profissionais dirigentes. Mas podia provar-se que por enquanto a tendência é para o lugar do Estado e que nos seus serviços há campo para maior número de diplomados por escolas médias do que por superiores - e em certos casos acontece exactamente o contrário.
Chama-se a atenção do Governo para os factos que acabam de ser sucintamente expostos.
Nesta questão do ensino a formação de profissionais tem grande importância, não só em Portugal como no resto do Mundo, e em muitos países se tomaram já medidas no sentido de aproveitar melhor, no interesse nacional, as aptidões dos diplomados por Universidades e escolas superiores. É evidente que a evolução do Mundo caminha no sentido de melhor aproveitamento de todos os recursos possíveis, de natureza física ou intelectual. Nisso reside já hoje, em grande parte, o bem-estar de vastas populações. Aqueles países que não souberem tirar das aptidões intelectuais de seus filhos o maior somatório possível de trabalho e rendimento nunca poderão caminhar a par dos outros em matéria económica e até social.
A experiência deste século indica em toda a parte o desenvolvimento cada vez mais intenso da vida intelectual