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6 DE DEZEMBRO DE 1950 101

Mas não podemos deixar de dizer que a maior garantia que nos pode ser oferecida para a conclusão das obras é a cuidadosa atenção que lhes dispensa o titular da pasta das Colónias. Ainda recentemente o comandante Sarmento Rodrigues, numa visita que fez, revelou, com a sua presença e com a sua palavra, o interesse que dedica às obras de Angola e da Guiné que se estão a fazer, em Cabo Ruivo, nas oficinas da empresa adjudicatária.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como Deputado eleito pela Guiné, daqui manifesto ao Sr. Ministro das Colónias os agradecimentos que lhe são devidos pela sua profícua actuação para que a mais antiga das nossas províncias ultramarinas seja dotada durante o próximo ano com os dois grandes melhoramentos de que muito necessita e há tantos anos aspira ver praticamente realizados.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Antunes Guimarães: - Sr. Presidente: embarquei hoje na estação de Campanhã às 9 horas e 20 minutos, para chegar ao Rossio cerca de um quarto de hora após as 14.
Viagem rápida e confortável.
A chegada à capital, que durante muito tempo, e quando não havia atrasos, se verificava cerca das 13 horas, foi pelo novo horário retardada uma hora e dez minutos, o que não é indiferente.
Além de reduzir a permanência na cidade de Lisboa, onde uma centralização exagerada, mas evitável, obriga toda a gente a vir amiudadamente para resolver assuntos correntes, mas que bem poderiam e deveriam sê-lo nas terras da província, e isto justamente nas horas de maior actividade, determina a maioria dos passageiros a almoçar no comboio, o que não é desagradável, mas leva a uma despesa que anda à volta de 50$.
De um passageiro a quem os assuntos ferroviários não ..são alheios ouvi a explicação de que aquela alteração horária parecia justamente filiar-se na conveniência de se conseguir clientela, na sua viagem matutina Porto-Lisboa, para o retorno do vagão restaurante utilizado na viagem nocturna Lisboa-Porto, cujo horário, fixado das 19 horas e 20 minutos às 24 horas, aconselha a conveniência de ser ali servido o jantar, que não seria cómodo antes da partida ou após a chegada.
É uma explicação e até aceitável, se considerado isoladamente o caso daqueles magníficos comboios, que às terças-feiras, quintas-feiras e sábados proporcionam rápida e cómoda viagem a tantos que da região nortenha são forçados a deslocar-se à capital.
Mas se o problema dos vagões-restaurantes, melhor dizendo, do fornecimento de refeições à generalidade dos viajantes, for considerado no seu vasto conjunto, o caso mudará de aspecto, porque o resultado final da exploração não forçaria a alterar horários ferroviários com agravo dos altos interesses dos passageiros.
A gente nestas viagens, apesar de serem rápidas, aprende muito.
Notei logo de entrada o número escasso de passageiros.
E o mesmo ilustre companheiro de viagem foi comentando que houvera quem pensasse na supressão daqueles utilíssimos rápidos, mas que, felizmente, no conselho de administração da Companhia triunfara o voto favorável à sua manutenção.
Critério acertado, porque a exploração ferroviária deve considerar-se não sómente em todo o seu conjunto, mas devidamente integrada no magno problema dos transportes, cuja solução tem de ser presidida pela necessidade de bem servir o vasto conjunto de interesses nele envolvidos, isto é, o progresso da economia nacional e o bem-estar da população.
Aquando da minha passagem pelo Governo foram criados impostos de camionagem, sobre gasolina, pneus e outras incidências, e logo se pensou, com o grande montante dos fundos assim reunidos - que já se mede por centenas de milhares de contos- fazer face não sómente às despesas inerentes ao capítulo rodoviário, mas à cobertura de deficits de exploração ferroviária, conservação, actualização e desenvolvimento da respectiva rede e diverso material fixo e circulante, sem o que os nossos interesses económicos e populacionais não seriam devidamente acautelados.
Mais tarde, já no exercício de funções de Deputado, tive a honra de propor a nacionalização dos caminhos de ferro, o que, por poucos votos, esteve quase a vingar.
E o decorrer dos anos vem demonstrando que melhor seria que a minha proposta tivesse então sido aprovada.
Sr. Presidente: muito se aprende nestas viagens!
Fui registando o bom aspecto das pastagens, aliás confirmado pelo porte sadio do gado de trabalho o leiteiro que se ia encontrando por toda a parte, mas acentuadamente na região lacustre aveirense, no vale do Mondego e por todo o Ribatejo.
E com marcado interesse e incontestável proveito trocaram-se impressões entre Deputados, Procuradores e outros viajantes ilustres.
E chegou ainda o tempo para ler os jornais. Assim, logo na primeira página de um deles pude ler que ia ser publicado um decreto-lei sobre a reorganização dos serviços dos Municípios de Lisboa o Porto.
Matéria de grande importância e actualidade, que me interessa particularmente pelo grande reflexo que não deixará de ter na administração municipal da capital do círculo eleitoral do Porto, que tenho a honra, juntamente com outros ilustres Deputados, de representar nesta Assembleia Nacional, imediatamente fui lendo o extenso diploma, mas a circunstância de ele dever ser submetido à nossa apreciação fez me deixar para depois o seu estudo e critica.
E li também o relato da primeira lição proferida na Associação Comercial do Porto para inauguração do 4.º curso de estudos económicos e financeiros, inaugurado há alguns anos sob proposta inteligente e oportimíssimo do ilustre director daquele antigo o prestigioso organismo associativo, Sr. Pedro Maria da Fonseca, desde logo acarinhada pelos seus distintos colegas, que trabalham sob a presidência do prestigioso portuense Sr. António Calem e, de uma maneira geral, pelo exército de trabalhadores de todas as categorias que desenvolvem suas actividades prestimosas nos vastíssimos sectores económicos.
Recordo que o 1.º curso fora regido pelo catedrático de Direito da Universidade de Coimbra Doutor Teixeira Ribeiro, o 2.º pelo catedrático, também de Direito, Doutor Rui Ulrich e o 3.º pelo distinto professor da Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra e notável economista Doutor Pacheco de Amorim.
Para a regência do 4.º curso, agora iniciado, foi acertadamente escolhido o catedrático da Universidade do Porto Sr. Engenheiro Daniel Barbosa, nosso muito ilustre colega.
O número de alunos inscritos, na continuação da afluência registada nos anos anteriores, é elevadíssimo, demonstrando mais uma vez o alto interesse que os estudos económicos e financeiros merecem à importante população portuense ligada às actividades económicas.
Esta insistente e cada vez mais acentuada frequência demonstra a necessidade de uma Faculdade de Ciências