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478 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 78

terem sido reduzidas as dotações postas à disposição das obras militares.
Cabe agora a vez de perguntar:
É possível continuar a construção de novos quartéis no ritmo indispensável e nos moldes dos que estão em construção? Não será oportuno rever neste momento a política seguida, à luz das possibilidades financeiras, das exigências da organização do Exército e da necessidade de acudir urgentemente a alguns quartéis, onde o conforto e higiene são rudimentares e o material não está devidamente recolhido?
Julgo que às circunstâncias aconselham uma mudança de orientação.
Sem prejuízo do acabamento dos quartéis que já tiveram início, deve voltar-se a atenção, em primeira urgência, para obras de adaptação e ampliação de que muitos quartéis carecem inadiàvelmente.

O Sr. Ribeiro Cazaes: - V. Ex.ª refere-se certamente àqueles quartéis cuja localização já está assente e definida. Quanto aos que têm do mudar de local não há necessidade de fazer obras e seria até inconveniente fazê-las.

O Orador: - Evidentemente.
Deveria fazer-se um argente e detalhado inquérito às instalações militares, para se organizar um plano de obras a executar nos aquartelamentos à medida que as possibilidades financeiras o permitissem, marcando-se nele a ordem de urgência e de preferência em razão da maior necessidade e da maior importância militar.
A política de dotar o Exército com as instalações que lhe permitam exercer cabalmente a sua acção no campo militar e na sua projecção na vida educacional da mocidade não pode sofrer solução de continuidade.
Mude-se de rumo, se for necessário, mas não se pare nem se marque passo.
Quanto espírito de compreensão e de sacrifício têm de ter aqueles que, vivendo o labor diário dos quartéis, verificam que não podem dar aos homens que recebem, vindos da mais humilde à mais alta origem, com a mais variada educação e instrução, desde o analfabeto ao universitário, o conforto e as condições higiénicas que merecem, nem obter os resultados que desejam e estão no fundo do seu dever e no mais íntimo das suas aspirações, por falta de ambiente próprio!
Só quem tem passado por estes lances sabe avaliar o que isso representa também para a sensibilidade dos incorporados e as reservas mentais que fazem surgir neles e que as palavras não conseguem destruir inteiramente, por mais calor e imaginação que se ponham nelas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O quartel tem hoje de ser, mais do que nunca, um meio agradável e atraente para bater as propagandas deletérias, que têm como alvo escolhido e apetecido os que servem nas forças armadas.
Apoiados.
A sua função educacional tem fundas repercussões no social, provado como está que os homens que passam pelas fileiras do Exército são no geral, na vida civil, depois mais compreensivos no cumprimento dos seus deveres e mais respeitadores na sua vida de relações.
O sacrifício que a Nação fizer para dar ao Exército melhores instalações será largamente recompensado pela devolução que o Exército lhe fará de melhores cidadãos.
Sr. Presidente: ainda a propósito de instalações militares e a terminar as minhas considerações sobre este assunto, devo referir-me à conveniência de continuar a política de melhorar a instalação e apetrechamento das fábricas militares, de maneira a permitir assistência técnica à conservação e trabalhos de reparação e modificação do material de guerra, e bem assim o fabrico de material ligeiro e intenso de munições.
Só por intermédio delas isso pode ser feito, por não se encontrar apta a indústria particular, devido à falta de órgãos de direcção e meios de execução especializados, nem se prever que economicamente isso lhe interesse.
As fábricas militares têm de ser justamente consideradas na estrutura militar, não só pelo que acabo de dizer, mas também por poder ser reconhecida a necessidade de realizar trabalhos de investigação e experimentação de material em meio secreto.
Sr. Presidente: seja-me permitido dizer ainda algumas palavras a propósito do problema da segurança nacional, que tem constituído a preocupação deste meu falar e que está na ordem do dia da actividade mundial presente.
O moral dos povos, o poder das forças armadas e o potencial económico são pedras basilares em que assenta o edifício da segurança colectiva.
A defesa da nossa civilização não pode ser apenas orientada no desejo de dar à humanidade mais e melhores meios materiais.
Urge estabelecer planos e tomar providências ao mesmo tempo no domínio do espiritual, para evitar que a fraqueza deste seja o cavalo de Tróia da nossa segurança.
Sem um moral levantado e consciente de nada servem os meios materiais, por mais poderosos que sejam.
Têm de ser utilizadas todas as vias que emanam directa ou indirectamente do Poder, para uma actuação em todas as direcções e em profundidade, com o fim de criar uma mentalidade e consciência política e patriótica firme, que resista à onda de materialismo e de ódio lançada capciosamente no seio da família, nas oficinas, nos campos, nos escritórios e nas escolas, desorientando os novos e os desprevenidos, com o intuito de dissolver os princípios informadores do nosso conceito cristão e humano da vida.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não basta reforçar o equipamento material do País. Reforce-se também a estrutura moral da Nação. Defenda-se e valorize-se com igual afinco o nosso património material e moral. Acerte-se o passo entre o pensamento e a acção.
Não se deixe o desvairamento ou a gula dasarticular o dispositivo de defesa dos bons princípios e das valiosas realizações materiais já conquistadas, que nesta encruzilhada da história não dispensa nenhum dos seus factores de êxito, para completo triunfo do pensamento que presidiu e tem animado as linhas gerais do rumo da Revolução Nacional.
Não percamos de vista a valorização moral do homem, que é, sem dúvida, o mais precioso desses factores.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

(Nesta altura assumiu a Presidência o Sr. Deputado Paulo Cancela de Abreu).

O Sr. DéliO Santos: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: pode parecer estranho, à primeira vista, que um professor com a minha preparação intelectual, pouco dado a questões económicas, tenha pedido a palavra para tomar parte neste debate.