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4 DE MARÇO DE 1952 383

dição dos planos complementares do plano de povoamento florestal relativos ao distrito de Ponta Delgada.
Quando levamos anos a lutar por um bem necessário e justo e ele finalmente nos chega, apesar da mágoa que nos moeu durante o tempo em que o bem demorou a ser-nos concedido, o sentimento que flui e cresce dentro de nós, acima de todos os sentimentos, é o da gratidão. Todavia nada impede ou aconselha a que se não tirem do processo seguido na satisfação desse bem as boas lições que se devem tirar.
A Lei n.° 1:971, de 15 de Junho de 1938, que aprovou o plano de povoamento florestal, saiu do plano de reconstituição económica, estabelecido pela Lei n.° 1:914, de 24 de Maio de 1935, e a base n da Lei n.° 1:971 previa o alargamento do plano de povoamento florestal às ilhas adjacentes.
Da demora na solução do problema florestal do distrito de Ponta Delgada não resultou só o prejuízo das sucessivas perdas de riqueza lenhosa e de atraso ca compensação dessas perdas; resultou ainda o tremendo prejuízo da erosão, que empobreceu o solo das duas ilhas de S. Miguel e de Santa Maria.
Temos hoje áreas fortemente devastarias e outras que foram vítimas de assoreamentos desastrosos.
Não, nunca pedimos para as nossas ilhas senão aquilo que é indiscutivelmente necessário e necessariamente justo. O que é preciso é que a teoria da unidade continente e ilhas adjacentes não seja só nana teoria de valor, seja, também e sempre uma realidade viva, efectiva e fecunda.
Até o engenheiro Araújo Correia, nos seus valiosos estudos de planificação económica, não considerou a Madeira nem os Açores, que deveriam, incontestavelmente, fazer parte do seu programa.
Sem esquecer a Madeira, mas querendo agora referir-me só às ilhas dos Açores, direi que essas ilhas constituem uma realidade geográfica, histórica, política, económica e social que convém ter sempre viva na consciência, no carinho e no entusiasmo da Administração Pública.
Este aviso prévio efectua-se quase dois anos depois de ter sido anunciado. É natural que uma ou outra das razões que me determinaram a apresentá-lo tivessem, com o tempo, desaparecido ou sido atenuadas.
No último Verão encontraram-se na minha terra quatro missões técnicas: uma do Subsecretariado de Estado da Agricultura, para estudar as possibilidades económicas do arquipélago; outra dos Ministérios das Obras Públicas e ida Economia, por causa da electrificação completa da ilha de S. Miguel; ainda outra para a execução do plano de repovoamento florestal, e, finalmente, uma quarta missão, a geológica, do Ministério da Economia.
Isto dá nota do cuidado do Governo, mas não contraria as minhas palavras, antes as reforça pela preocupação, tornada agora mais activa, de se acudir a muito e ao mesmo tempo, visando sectores, como o da geologia, que nunca tinham, merecido até aqui, e pelo que respeita aos Açores, qualquer atenção dos Poderes Públicos.
Geogràficamente, os Açores não têm uma posição privilegiada, têm uma situação providencial.
O Atlântico, hoje, não é um mar por onde se passa: é um mar onde se permanece lutando pela segurança de dois continentes; duas vontades abertas ao mesmo sentido de sobrevivência e os Açores no ponto onde as vontades se encontram, e comungam.
Historicamente, não somos um padrão brilhante da era dos Descobrimentos: somos um padrão activo das virtudes da Raça, aumentando o esforço português.
Politicamente, não constituímos uma força de apoio: possuímos uma consciência de acção integrada na consciência nacional.
Econòmicamente, (não preenchemos um quadro de possibilidades: oferecemos um caudal de energias intensamente dispostas a servir o bem-estar comum.
Socialmente, não elevamos a soma de um conjunto de vidas: crescemos na manifestação de um agregado de valores decididamente resolvido a ajudar, cada vez mais, o engrandecimento da Nação.
Quando o Chefe do Estado, o inesquecível marechal Carmona, desembarcou nos Açores, na ilha de S. Miguel, em 26 de Julho de 1941, no meio da profunda emoção patriótica dos primeiros açorianos, que o aclamavam vibrantemente, proferiu estas palavras, que nunca mais se perdem:

E não há português que não saiba, nem estrangeiro que possa desconhecer o entusiasmo patriótico com que as gentes açorianas se mantiveram sempre ao ritmo dos grandes acontecimentos nacionais; nenhum dos mais ligados à independência ou à dignidade da Nação deixou de ter nestas paragens o seu centro de resistência ou decidido apoio.

Aqui é Portugal!
Sim, Portugal com a sua gente, a sua língua, as suas crenças, as suas tradições, com todos os laços que podem afirmar e fortalecer a unidade da Nação.

O Ministro do Interior que acompanhou o Presidente u a República nesta memorável visita secundou as suas bolas e sentidas afirmações, declarando:

Falo-vos com íntima comoção, revendo os valiosos serviços quê em variadíssimas circunstâncias e sob variadíssimas formas nestas terras têm sido prestados ao País através de cinco séculos e desde aquele dia em que o grande navegador Gonçalo Velho a elas aportou com os seus abnegados companheiros.

E o actual Ministro das Obras Públicas, então Subsecretário de Estado, em 4 de Junho de 1946, também na ilha de S. Miguel, não hesitou em afirmar:

Eu sim! Eu é que agradeço à Divina Providência o ter-me proporcionado aqui vir conhecer estas ilhas maravilhosas e o seu povo tão bom, tão generoso e acolhedor, o seu povo tão genuinamente português.

O pensamento do Governo sobre os Açores é este: consciente, firme, indestrutível.
Não morreram ainda nem morrem os ecos dó discurso dito em Agosto de 1946 na cidade de Ponta Delgada pelo então Ministro da Guerra, tenente coronel Santos Costa. Depois de correr demoradamente o arquipélago, de «palmilhar montes e vales», de «ouvir grandes e pequenos» e de dar, com toda a franqueza, a nota de que fazia uma ideia diferente dos Açorianos, a sua confissão é nobre e é sincera:

Em toda a parte o coração de Portugal a pulsar, a alma da Nação a surgir: o mesmo povo bom e sofredor que encontramos no continente; o mesmo espírito de humildade, o mesmo amor à terra, a mesma crença em Deus, as mesmas qualidades e virtudes, os mesmos defeitos e deslizes, o mesmo espírito de heroicidade e aventura, o mesmo desprezo pelo perigo, a mesma fé na eternidade da Pátria, a mesma certeza de que o peso dos séculos nada contra ela poderá.

Confissão nobre, sincera, mas impressionante:

Aqui trouxe os meus filhos. No momento em que iniciam na vida os seus primeiros passos, em que