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384 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 131

o carácter se forma, numa idade em que a lição de factos, bem eloquentes, jamais se varre da memória, aqui os, fiz comparecer para conhecerem a incomparável beleza da vossa paisagem de sonho, o doce murmurar das vossas águas descendo alterosas de quebrada em quebrada, a doçura do vosso olhar, a suave melodia da vossa linguagem falada, a firmeza do vosso carácter, e, sobretudo, e acima de tudo, para aprenderem convosco a ser verdadeiros portugueses.

Salazar disse um dia:

... a ilha de S. Miguel, pelas suas belezas naturais e privilegiada situação geográfica, tem grandes destinos ligados à navegação e ao turismo, necessitando, para beneficiar o seu desenvolvimento, de iniciativas e vigilância especiais.

E, quando o patriarca das índias o entusiasmava n que fosse verificar in loco o portuguesismo e o patriotismo dos Açorianos, Salazar foi mais longe:

Mas eu sei que os Açorianos são da melhor gente que há em Portugal - da melhor gente, da mais sã.

Sr. Presidente: foi no catecismo dos Açores que sorvi esta virtude de ser português até à morte. Por detrás do Promontório Sarro vivia um povo que chegara a não ter mais uma folha de terra para escrever mais uma página de história.
A consciência das forças experimentadas, o sentido das vitórias ganhas, uma agitação de almas na fé de se dilatarem, uma inquietação de energias na ânsia de se multiplicarem, uma espécie de espírito messiânico formado por intuirão estranha ou inspirado por indicação superior, compeliram Portugal para a expansão.
Desembarcados em pequenas terras desconhecidas, em pequenas ilhas que tiveram de desbravar e povoar, sofrendo as fortes agruras da saudade, os duros reveses do tempo, a misteriosa sanha dos vulcões que vomitavam lava, sacudiam o chão e subvertiam gente, não se sabe como esses portugueses dos Açores, mal reunidos ainda em agregado vitorioso, se lançaram, como seus avós do continente, às tarefas de ganhar mundo, e foram navegantes, guerreiros e apóstolos, tão valorosos e esforçados que os seus feitos e virtudes entraram nos anais da Pátria, como faúlhas de glória para o braseiro da glória comum.
Com o remo, a espada e a palavra, mal seguros ainda nas suas ilhas, os Açorianos passaram logo a sustentar Portugal em toda a parte, e quando se consumiram os espaços para descobrir e os inimigos para acutilar, ficou o génio de missionários da cruz e de propagadores da civilização a assinalar-lhes a presença integralmente portuguesa nas paragens mais difíceis e perigosas.
Ainda hoje o patriarca das índias Orientais, os bispos de Meliapor, de Cochim e de Timor e muitos sacerdotes, religiosos e irmãos auxiliares das nossas missões são açorianos.
Que poder é este, que vontade é esta?
Armámos navios e soldados, enviámos exploradores à devassa das sete partidas, servimos nas missões, nos postos mais distantes e arriscados. Temos gente nas ciências, na literatura, nas artes, na política.
Nados e criados a meio da história de uma pátria que persistia em definir-se cada vez mais vasta e gloriosa, sofremos e lutámos por ela, e, se nos alegraram os seus triunfos, nunca a abandonámos nas suas derrotas, antes defendemos até à última a razão do seu nome e a grandeza da sua vida, sempre com o cunho e
os sinais da Baça, e continuamos em tudo e por tudo a ser portugueses.
Um dia fomos o derradeiro e altivo reduto da independência portuguesa.
Forte catecismo.
Razão tinha o poeta ao saudar o Chefe do Estado no dia da sua chegada a S. Miguel em 26 de Julho de 1941:

Encontrareis as mesmas tradições
E aquele mesmo povo que deixastes
No berço lusitano de Camões.

De Portugal a Portugal chegastes:
E andáveis tanto em nossos corações
Que nem sei se viestes, se voltastes!

Em 1886 o governador do distrito da Horta foi à pequenina ilha do Corvo. Não havia lá estradas, nem porto, nem assistência, nem benefícios.
- Qual é a vossa maior aspiração? - perguntou o governador.
- Uma bandeira portuguesa para saudar os navios que passam e dizer-lhes que também o Corvo é Portugal.
Sr. Presidente: os Açorianos são assim, fiéis, leais, abnegados e orgulhosos servidores da Pátria.
Justo é que a Pátria não tenha receios em ajudá-los, correspondendo, sem descanso, ao seu fervor e à sua comoção patrióticos. Quando, ao discutir a Lei de Meios para 1951, estranhei que ao arquipélago dos Açores não tivesse sido dispensado o auxílio Marshall e disse, desta tribuna, que o nosso sentimento nacional não conhecia lapsos no seu ingente esforço de unidade, progresso e ressurgimento, declarei pretender demonstrar em outro momento que, por outras razões, em especial desordem histórica, os Açores tinham todo o direito à confiança do Governo.
As razões são estas; o momento é este.

Pausa.

O Orador: - Sr. Presidente: como, pela extensão do meu trabalho, reconheço a impossibilidade de concluir hoje a sua exposição, peço a V. Ex.ª me permita interrompê-la, para continuar na sessão de amanhã.

O Sr. Presidente: - Atendo a solicitação de V. Ex.ª
Vou encerrar a sessão.
A ordem do dia da sessão de amanhã é a continuação do aviso prévio do Sr. Dr. Armando Cândido.
Está encerrada a sessão.

O Sr. Deputado Armando Cândido foi muito cumprimentado.

Eram 18 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

D. Maria Baptista dos Soutos Guardiola.
D. Maria Leonor Correia Botelho.
Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.
Tito Castelo Branco Arantes.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Afonso Enrico Ribeiro Oazaes.
Alberto Cruz.
Alberto Henriques de Araújo.
André Francisco Navarro.
António Carlos Borges.
António Júdice Bustorff da Silva.
António de Matos Taquenho.
António de Sousa da Câmara.