O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

13 DE NOVEMBRO DE 1952 935

O espírito da Revolução Nacional, nascido à sombra da velha Universidade de Coimbra, não podia prescindir de Salazar. Rompeu a marcha connosco.
O excessivo e errado sentido de disciplina que informava a nossa ala afastou-nos pouco depois.
Mas a consciência do dever patriótico que nos animava, a segura certeza do caminho a seguir forçava-nos a querê-lo a nosso lado, contra tudo e contra todos.
De caçadores n.º 5, que organizáramos e de que fizéramos o nosso Alcáçar, se ergueram os primeiros brados por
Salazar. A princípio mal ouvidos no meio do tumultuar das paixões, soaram depois como vibrantes toques de clarim, ecoando como aleluias no coração dos melhores e lançando a perturbação nas hostes que já marchavam em cerradas colunas para a conquista do Poder.
Incapazes de vencer-nos pela razão ou em luta em campo raso, cara a cara, as forças adversas lançam mão das armas da calúnia e da intriga para esmagarem os nossos sonhos, as nossas ansiedades.
E começaram então a correr, de lês a lês, as mais torpes misérias em redor de caçadores n.º 5.
Nós não ouvíamos! Nós nada sentíamos!
De olhos postos no altar da Pátria, só pensávamos no cumprimento da missão que nos impuséramos, e dia a dia mais firmemente clamávamos por Salazar.
Mas um dia - bem triste dia - ouvimos dizer que constava por toda a parte que nos íamos revoltar.
sentava-se à nossa mesa e vivia sob as nossas telhas, desde os alvores da Revolução, o Ministro da Guerra coronel Passos e Sousa.
Ao sabermos da calúnia que nos era assacada procurámo-lo logo, no nosso quartel, na nossa casa, para lhe afirmar a nossa estranheza pelo que se dizia e para lhe pedirmos que dispusesse de nós em tudo, até das nossas vidas, como penhor da lealdade e da disciplina com que servíamos, embora na certeza da nossa fé e da nossa esperança inquebrantáveis em Salazar.
O Ministro da Guerra, em resposta, confessou-nos a confiança que em nós depositava, a par da amizade que nos tinha.
Mas ... poucas horas depois o batalhão de caçadores n.º 5 era dissolvido e os oficiais partiam, sob prisão, para vários lados.
Sem armas, sem soldados, vergados sob o peso da calúnia, nem assim nos considerávamos vencidos e não curvámos a cerviz para aceitar as sugestões aliciantes dum honroso regresso ao passado.
Salazar continuava a ser o fulcro em que apoiávamos toda a esperança na realização dos nossos sonhos.
Ele nem o sonhava, talvez! Mas foi assim.
E deu-se aos detentores do Poder a lição, que não era nova, que é de sempre: «Vitória e derrota são palavras vazias de sentido se só a conquista ou a perda de bens materiais alcançam».
Pouco tempo depois era reorganizado caçadores n.º 5 e não tardou que Salazar viesse ocupar o seu lugar - para honra nossa e glória de Portugal.
Verificou-se, assim, que não é de aplicar à gente da Revolução Nacional o velho aforismo, que os que vêm depois, ou melhor, os que se instalam depois, se comprazem em bolsar sobre a vanguarda: «A primeira linha é para queimar».
Quando ouço falar na extinção das unidades de caçadores, não posso deixar de recordar os primeiros passos do regime republicano e os dias em que estivemos a ferros por querermos, acima de tudo, Salazar.
Sr. Presidente, Srs. Deputados:
Não sei se terei conseguido demonstrar que é um erro a extinção das unidades de caçadores.
Eu não tenho dúvidas a tal respeito.
8e as tivesse, recordaria uma frase do Sr. Dr. Mário de Figueiredo que traduz o caminho do bom senso e os nossos sentimentos de leal colaboração com os Poderes Públicos: «Na dúvida, voto com o Governo».
Disse.

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Continua em discussão a base VII.

O Sr. Mário de Figueiredo: - Em primeiro lugar quero pôr esta questão: o § 2.º da base VII faz alusão directa ao mapa anexo, de sorte que não sei se V. Ex.ª, Sr. Presidente, desejará que esse mapa anexo seja discutido ao mesmo tempo que se discute a base VII, ou se V. Ex.ª desejará que se vote a base VII, deixando em suspenso qualquer solução relativamente ao mesmo anexo.

O Sr. Presidente: - Quanto a essa questão, penso que podemos discutir agora o § 2.ª do base VII. E, como nele se diz que «As forças militares ... terão a constituição e composição a fixar na lei de quadros e efectivos das forças ultramarinas», nessa altura discutir-se-á o referido mapa anexo, sem que a posição que se tome quanto a esta base prejudique a sua liberdade de apreciação do anexo.
Creio que poderemos seguir aquele método sem qualquer inconveniente.

O Sr. Mário de Figueiredo: - Disse o Sr. Deputado Ribeiro Cazaes que, na dúvida parafraseando, de resto, uma afirmação que costumo fazer diferentes vezes -, votava com o Governo.
Realmente costumo dizer isso. Quando eu mesmo não conseguir por mim formar a minha consciência por maneira a ter de votar neste ou naquele sentido, voto com o Governo. Presto um voto de confiança em quem já pensou na mesma questão em que eu estava a pensar e decidiu em certo sentido. Primeiro ponto.
Segundo ponto: espero que toda a Câmara acredite que, enquanto não disser que estou aqui a exprimir um pensamento do Governo, quando exprimo um pensamento, esse pensamento é não só meu mas também do Governo, enquanto eu não disser o contrário.
Se, portanto, eu não votar o mapa anexo nos termos em que aparece na proposta do Governo, isso não significa que estou a votar contra o Governo. Significa que estou a votar contra o pensamento expresso pelo Governo na proposta, mas não contra o pensamento do Governo, que pode ter-se modificado entre o momento em que enviou a proposta e o momento em que ela está a ser discutida.
Terceiro ponto: desde que V. Ex.ª entende, e suponho que bem, que o quadro anexo pode discutir-se separadamente, este terceiro ponto reservar-me-ei para discutir então.

O Sr. Presidente: - Vai votar-se a base VII do parecer da Câmara Corporativa com a alteração apresentada pelo Sr. Deputado Frederico Vilar, e que já foi lida.
Submetida à votação, foi aprovada.

O Sr. Presidente: - Vou pôr agora em discussão, conjuntamente, as bases viu e IX, em relação às quais não existe na Mesa qualquer proposta de alteração.
Estão em discussão.

O Sr. Castilho Noronha: - Apreciando a base IX, quero, antes de mais nada, exprimir o meu sincero e caloroso aplauso à ideia fundamental e basilar da proposta - unificação da organização militar em todo o território nacional. A proposta não dissimula que se quer