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9 DE DEZEMBRO DE 1952 201

tropolitano. Na mesma região ficam reservados dois terços do vale do Limpopo para o indígena agricultor, e há no Plano de Fomento verbas avultadas para lhes construir casas e machambas e prestar toda a assistência.
Parece-me, Sr. Presidente, que uma das raras faltas do nosso sistema de colonização era o facto de até hoje o português branco não trabalhar a terra em África, reservando para si trabalhos menos violentos. Essa lacuna vai agora ser colmatada.
O português preto vai corroborar a convicção que sempre teve do português branco de que este não teme o trabalho, ainda que violento.
Agora o branco e o preto vão irmanar-se ainda mais, trabalhando a terra dentro da mesma zona.
Que grandes vantagens daqui advirão!
O camponês português, detentor das virtudes rácicas, levará para o mato as qualidades de trabalho, persistência, amor à terra, sobriedade e suavidade de costumes, frugalidade, que certamente se irão repercutir na educação do português preto.
E a nossa missão em África é colonizar, que tem como faceta principal civilizar o indígena, encaminhá-lo para uma mentalidade essencialmente cristã, humanitária.
Acresce a isto que o camponês metropolitano levará uma técnica mais apurado de trabalhar a terra, transformando-se a região onde se fixar como que numa grande quinta-modelo, onde o indígena irá colher lições práticas.
Não me deverei tornar mais extenso por falta de tempo, mas inuito haveria ainda a dizer sobre este magno problema.
Eu já disse anteriormente que no sexénio de 1953-1958 serão instalados cerca de 44 000 portugueses brancos nos vales dos rios Cunene e Limpopo.
A despesa prevista com trabalhos de rega, enxugo e preparação de terrenos, instalação e transporte de colonos, assistência técnica e financeira atinge 1.668:000 contos.
É realmente, a obra de maior vulto que se apresenta em todo o Plano de Fomento.
Mais uma vez se verifica quanto a Revolução Nacional de Salazar procura desenvolver e impulsionar o progresso dos territórios ultramarinos.
1.668:000 contos para o povoamento europeu das províncias ultramarinas de Angola e Moçambique!
Para se ajuizar da grandeza da obra a realizar com o povoamento europeu do ultramar, que tantas vezes insistentemente tem sido apontado pela Assembleia Nacional, é necessário que se fixe e se divulgue esta cifra, verdadeiramente impressionante atendendo aos nossos recursos e às nossas possibilidades.
Oxalá que a execução corresponda às patrióticas e entusiásticas aspirações.
Na boa e cuidada execução do povoamento e na fé daqueles a quem ela for confiada residirá a virtude do seu êxito.
Se fracassos tivemos quando nos lançámos na aplicação do sistema dirigido, não os devemos atribuir ao sistema, mas à deficiência na execução e à falta de continuidade.
Honra nos seja feita por termos usado de todos os sistemas para levar por diante o grandioso empreendimento nacional do povoamento, da ocupação étnica dos nossos territórios ultramarinos.
E os resultados não são desanimadores.
Desde o sistema de colonização livre, como sucedeu no planalto de Benguela, à colonização por empresas de tipo capitalista, que a executem dentro das suas zonas, como sucedeu com o caminho de ferro de Benguela, desde a colonização dirigida ou oficial, como se praticou no planalto da Huíla, ao método de colonizar por meio de cooperativas, à semelhança dos açorianos que se instalaram em Angola, no vale do Catofe, onde vivem da agricultura, da criação de gado e da indústria, do Leite, todos estes processos têm sido por nós empregados para ocupar e desenvolver os territórios do ultramar.
Pela maneira como foi concebido o Plano de Fomento na parte respeitante às províncias ultramarinas, e especialmente a Angola e Moçambique, eu antevejo a realização daquilo que a muitos e durante muito tempo foi considerado como um sonho.
Durante dezenas de anos um engenheiro português realizou estudos, sob o calor da sua dedicação àquelas terras, que nos prendem e fascinam quando as conhecemos. Os seus estudos e a elaboração do projecto de irrigação do vale do Limpopo datam de 1925. Há quase vinte e oito anos.
Desejoso de contribuir com o seu esforço para o engrandecimento da Pátria, estudou, dirigiu trabalhos doutros engenheiros, calcorreou o mato africano, pondo o seu vigor e a sua competência ao serviço do ultramar e da Pátria.
Muitos o olharam como um visionário, um sonhador; e se não se opunham às suas concepções e à realização dos seus estudos é porque era forte a sua força de vontade, sinceras e patrióticas as suas intenções.
Ainda recentemente, quando proferiu a sua célebre conferência intitulada A água na valorização do ultramar, preconizando o aproveitamento dos rios Cunene, Cuanza, Limpopo e Incomati, para ser dado grande incremento ao fomento económico das províncias de Angola e Moçambique e ao seu povoamento por casais agrícolas metropolitanos, houve quem se apercebesse da sua tenacidade e do valor dos seus estudos, mas houve também quem continuasse a supor que o conteúdo da conferência do engenheiro Trigo de Morais era ainda o mesmo sonho.
Apesar disto, Sr. Presidente, ninguém ignora que é indispensável e urgente ocupar o mato africano por casais agrícolas metropolitanos, para desenvolver a sua exploração agrícola e desviar a cobiça alheia.
Todos sabemos que na metrópole o aumento demográfico se avalia em 1 milhão de almas de dez em dez anos e que a produção de 3 400 000 ha de terra já não é bastante para a nossa alimentação.
E apesar de se afirmar que, por todas estas razões, a nossa emigração rural deverá ser de preferência encaminhada para os nossos territórios africanos, ainda foi possível supor que aquele engenheiro continuava em lucubrações da sua fantasia.
Sr. Presidente: como se poderá realizar a ocupação agrícola do mato das províncias ultramarinas de Angola e Moçambique se não se fizerem primeiramente as obras hidroagrícolas necessárias?
Ainda bem que o Sr. Ministro do Ultramar incluiu no Plano de Fomento uma boa parte dos estudos realizados pelo Sr. Engenheiro Trigo de Morais.
E que são propostas consideradas como tendo verdadeiro valor nacional diz-nos a suprema concordância que obtiveram do Sr. Presidente do Conselho.
Salazar está ao leme da nau Portugal. É o nosso timoneiro. Abençoada seja a hora em que Deus iluminou o saudoso marechal Oscar Carmona para lhe confiar a Presidência do Conselho.
A era de Salazar marcará na história de Portugal um capítulo grande e inconfundível.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A 4.ª sessão da V Legislatura da Assembleia Nacional vai ficar assinalada nos anais desta Assembleia pelas quatro propostas de lei, de extraor-