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20 DE MARÇO DE 1953 1109

àquele pais, pede o Governo, nos termos do artigo 76.º da nossa Constituição, que a Assembleia lhe dê o seu assentimento.
Suponho desnecessárias largas ou demoradas considerações justificativas do assentimento que nos é pedido.
Recordarei apenas alguns factos que constituem as premissas desta viagem histórica e permitem à Assembleia, mais do que assentir à sua realização, congratular-se com ela.
Como todos se recordam, em 1932, 1933 ou 1934 a Europa vivia já as suas próprias dificuldades.
Notavam-se aqui e além graves perturbações e a inquietação dominava a atitude dos homens responsáveis; mas encontrava-se ainda por então muito afastada a possibilidade de um conflito ou de uma guerra que viesse lançar mais uma vez o luto nesta Europa já tão sacrificada.
No entanto, o Sr. Presidente do Conselho, com a sua especial antevisão dos acontecimentos, ia silenciosamente criando novas posições e novas amizades, para que o momento trágico do conflito não nos colhesse sem as certezas e os apoios indispensáveis à melhor defesa dos mais sagrados interesses da nossa independência e subsistência nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Esta política de chancelaria, desconhecida do grande público, foi dando os seus resultados e permitiu ao Sr. Presidente do Conselho poder em 1930 dizer, num discurso notável, o seguinte:

Sente-se que a linha tradicional da nossa política externa, coincidente com os verdadeiros interesses da pátria portuguesa, está em não nos envolvermos, podendo ser, nas desordens europeias, em manter a amizade peninsular, em desenvolver as possibilidades do nosso poderio no Atlântico.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Se fizermos uma análise retrospectiva destes dezoito ou vinte anos que decorreram depois de o Presidente do Conselho ter apresentado esta linha de rumo à nossa defesa internacional reconheceremos facilmente que tudo quanto se tem passado - incompreensível para aqueles que consideram os factos apenas como um favor da Providência ou mero acaso dos homens - é essencialmente o fruto de uma política inteligentemente conduzida e firmemente preparada.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador:- As coisas caminham com a ajuda da Providência, mas não avançam ao sabor dos caprichos alheios.

udemos construir a nossa política e criar para isso os seus elementos essenciais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Por esse tempo a República Espanhola, depois de certas excitações sociais, cairá na chamada democracia popular, em cujo clima social e político se tornariam possíveis as greves sangrentas, os assassínios e os crimes de toda a ordem contra a segurança das pessoas e das propriedades.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- A Espanha sofria, como a outros países tem acontecido, as lógicas consequências do desvairado sistema político que deixara apoderar-se dos seus destinos.
Quando tudo se ia perdendo, surgiu a reacção de uma parte sã do exército, procurando criar novas forças.
A tentativa defensiva e salvadora deparava, porém, com dificuldades que pareciam insuperáveis.
As forças mais volumosas estavam do outro lado da trincheira. A luta civil acendia-se e pressentíamos que alguma coisa de grave se ia passar que poderia levar a guerra civil a um conflito internacional no campo nacional da Espanha.
No seio da velha Espanha surgiu outra Espanha que poderíamos classificar de uma anti-Espanha. Negando as tradições do povo espanhol, da sua civilização e da sua história, procurava converter-se em instrumento da temerosa ideologia que ameaçava já então a tranquilidade e a paz da Europa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- A luta civil deflagrada entre as duas Espanhas não só apaixonou a política internacional como não tardaria a penetrar no areópago de Genebra, onde se regateavam os poucos ou nenhuns favores prestados às forças nacionalistas.
Por força da política já anteriormente seguida, pela consciência da nossa unidade nacional e por um claro pressentimento dos graves, acontecimentos que iam desenrolar-se no Mundo, foi já nessa altura possível a Salazar manter incólume toda a fronteira terrestre que limita a Espanha e Portugal.
Convencidos de que no movimento espanhol não se tratava apenas de unia revolução interna, mas o começo da guerra mundial que mais tarde veio a eclodir, alguns milhares de portugueses, iludindo os desejos do próprio Governo, passaram a fronteira e incorporaram-se no exército espanhol, onde constituíram essa admirável falange dos «Viriatos», em cujo comando o nosso ilustre colega Jorge Botelho Moniz pôde afirmar as suas notáveis qualidades de militar valente e brioso.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Essa falange soube escrever nesta nova guerra peninsular mais uma página gloriosa do nosso patriotismo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Continuou a confusão e com ela as lutas de toda a espécie. O general Franco, dispondo apenas do heroísmo dos seus soldados e de uma consciência recta, tornou-se o defensor da integridade da Espanha, das suas mais antigas tradições, dos seus direitos sagrados e das suas mais lídimas aspirações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Em Abril de 1938, quando ninguém podia ainda prever o resultado e quando era mais duvidoso o êxito, o Sr. Presidente do Conselho, com a sua admirável previsão dos acontecimentos, decide, antes de qualquer outro Estado, reconhecer o Governo do general Franco como o Governo legítimo da Espanha, salientando este acto com as seguintes palavras:

Estando ainda longe o termo da guerra, não fazemos com isto negócio nem vamos pressurosos ocupar uma posição; afirmamos simplesmente, ante a reserva ou a incompreensão do grande número, os direitos da verdade e da justiça.

Vozes: - Muito bem, muito bem!