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27 DE MARÇO DE 1957 419

dros. Também nada se discutiu, e muito menos se estabeleceu, sobre novas condições mínimas de recrutamento para professores e assistentes da Faculdade. O problema da comparticipação da Faculdade nas despesas hospitalares continua por resolver.
As próprias inerências das cadeiras de clínica, aos respectivos serviços hospitalares não estão claramente especificadas em acordo mútuo entre os Ministérios da Educação Nacional e do Interior.
No diploma do Hospital Escolar essa inerência subentende-se, mas também pode não ser considerada segura.
Justifica-se esta dúvida. que tanto pode ter como não ter importância, pois que em época recente se admitia que era possível um professor de clínica exercer as suas funções sem serviço próprio, dando as suas aulas em anfiteatros e requisitando doentes, quando o necessitasse, nos hospitais locais. Será absurdo. Mas assim foi. E daí nasce a desconfiança quando a redacção oficial se presta a isso.
Passados mais de três anos sobre o aviso, pode dizer-se, no que respeita à organizado da Faculdade e do curso de Medicina, que existem algumas esperanças, ma, por agora, poucas realizações concretas. Pràticamente ainda está tudo por resolver.
Um benefício muito real, e que por isso não posso deixar de referir aqui, porque seria injusto se o não fizesse, foi a ocuparão da pasta da Educação Nacional pelo actual Ministro. S. Ex.ª aproximou-se da Faculdade e do seu director. Preocupou-se com as dificuldades da instituição Reocupou as áreas do edifício que pertenciam ao seu Ministério, mas que estavem sendo progressivamente eliminadas pela fome insaciável do Ministério co-habitante. Tratou de melhorar as instalações para os alunos. Elevou o magistério para um plano de respeito mútuo. Desanuviou a atmosfera opaca anteriormente existente no Ministério a que preside. Mas todos estes benefícios são o produto exclusivo da personalidade do Ministro.
Entremos agora no capítulo das obras.
Encontram-se apontados no aviso prévio importantes insuficiências e lacunas, no que respeita a instalações. Como se disse então, o momento ainda permitia uma revisão completa desse aspecto, que tanto abrangia o campo da Faculdade como o do Hospital, pois que ainda nada estava a funcionar e muitas instalações ainda não se tinham realizado.
A nada se atendeu, e os trabalhos prosseguiram, aparentemente segundo o critério exposto nesta Assembleia, no decurso da discussão, de que «as faltas e erros existentes são pequenos em relação ao tamanho da obra; apagam-se e esquecem-se até». Assim se fez. Mas as faltas e erros é que se fizeram lembrar. E assim, como a crítica foi ignorada, a força das circunstâncias entrou em acção quando se iniciou a vida do edifício. E os erros tinham-se enraizado mais completamente e as lacunas tiveram tempo para gerar entretanto novas lacunas.
Do que respeita à Faculdade, criou-se uma comissão (eu já mal ouso utilizar este nome) destinada a reconduzir para o Ministério da Educação o que lhe fora indevidamente retirado e estabelecer um plano de obras necessárias no respectivo distrito. O plano existe, está aprovado superiormente, mas ainda não consentido. A anatomia avança para a psiquiatria, as instalações para alunos nascem no pátio dos estudantes, o Centro de Estudos Egas Moniz instalou-se na neurologia, a química fisiológica muda-se para a psiquiatria e a anatomia patológica estende-se para o mesmo lado.
Entretanto, as instalações administrativas do Hospital, que se encontram acanhadas e sem arquivos, como fora dito, vão implantar-se em nova construção, sobre a casa dos estudantes, segundo um plano onde não deve caber tudo o que se pretende lá pôr. E a secretaria da Faculdade, agora instalada nas caves, voltará para os locais que lhe estavam destinados. O serviço de sangue vai ampliar-se, e para isso far-se-á uma nova construção e aproveitar-se-ão também os locais destinados por enquanto ao lazareto.
O pavilhão para a triagem de doentes e serviço social já tem o plano, feito sob as indicações do administrador para o Hospital do Porto, mas que nenhuma, entidade clínica do Hospital de Lisboa verificou. Ainda se desconhece a sua localização futura. Entretanto, todos os doentes que acorrem ao Hospital continuam a fazer longas caminhadas para atingir o centro provisório, instalado longe das consultas.

E os laboratórios centrais, que pareciam arrumados, também se vão estender, ou mesmo mudar, para região ainda não determinada. E o administrador vai instalar-se provisòriamente na enfermaria de tracomatosos, que está sendo adaptada para as suas novas funções provisórias. E para, o ensino de enfermagem já está alugado um prédio, a mais de 200 contos por ano, para instalações provisórias, onde se vai proceder às necessárias adaptações, cujo orçamento se não conhece. Prossegue, por outro lado, o estudo da planta definitiva da escola de enfermagem, a localizar na cerca do Hospital, e provàvelmente também o da casa definitiva do administrador.
Outras obras definitivas existem nas mentes, e esboçam-se projectos. E sobre tudo isto há firmes propósitos de realização.
Noutras coisas não houve ainda oportunidade para pensar.
As consultas externas de cirurgia já se revelaram, como fora previsto, sem as instalações necessárias, encontrando-se tudo amontoado. Os arquivos dos serviços externos gerais continuam a não existir, e, portanto, as fichas e as radiografias acumulam-se em locais variados e pitorescos. Dos arquivos centrais é melhor não falar.
Como o Banco ainda continua fechado, nunca mais se pensou nas graves insuficiências que lhe foram apontadas e espera-se certamente que as futuras forças das circunstâncias conduzam então a novas remodelações, novos planos e novas intenções. Poderia continuar por aí fora.
Aqui está um panorama parcial do capítulo das obras. Intervieram nele elementos variados e independentes. Não intervieram muitas pessoas que deveriam intervir. Plano de conjunto - nenhum. Julgamentos sobre o que se deve fazer e onde - só parciais. Decisões críticas, responsáveis sobre o que se deve extinguir - nenhumas. Planos relacionados com o esquema funcional geral - inexistentes. Possibilidades financeiras reais prèviamente estudadas - pràticamente desconhecidas.
Estes exemplos incompletos apenas servem para traduzir o espírito que tem presidido às remodelações materiais. A confusão é extrema por faltar uma coordenação e orientação inteligente de todo o conjunto. Desta forma, o que se está fazendo ou o que se conta fazer é encarado como se não existissem outras necessidades igualmente importantes, que podem colidir com as obras projectadas. Tudo se passa numa poeirada de homens e comissões que se não encontram e que por vezes escondem uns dos outros o que vão fazer. É também o terror de olhar para os problemas de frente.
Como as coisas estão, será um permanente fazer e desfazer, se se fizer alguma coisa. Não será certamente uma miséria económica, mas descortinam-se outras misérias de natureza mais intelectual.
Passemos para a organização do Hospital.
O orçamento privativo provisório, englobando todo o Hospital, sua crítica e discussão quanto às possibili-