O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3 DE ABRIL DE 1965 4689

no trabalho social, elevado moral e superior qualidade dos seus chefes, estão a reduzir cada vez mais a sua actividade terrorista, a confinar mais as áreas da sua actuação e a causar-lhes danos devastadores que minam o seu moral e esbatem as suas esperanças de vitória. Vão assim garantindo as condições necessárias para que decorra com segurança a vida das populações e se mantenha em frentes palpitante o ritmo do trabalho criador da riqueza, da paz e do bem-estar. Mas a vida dos territórios não se pode processar indefinidamente ao som dos mosteiros e do matraquear da metralha, os braços dos soldados são necessários para as tarefas de paz, são capital humano a investir em empreendimentos mais rendosos e menos trágicos, a guerra, e as suas inumeráveis misérias, deve ser banida quanto antes do quadro diário das populações.
As tropas garantem uma segurança que se poderá chamar a curto termo, mas o seu esforço custa à Nação muito sangue de soldados, muitas lágrimas de mães, muito suor do povo.
Passadas as fases agudas em que a acção militar foi a lei suprema e a única alternativa, parece dever-se enveredar com decisão e vigor para soluções que, se tivesse mesmo sido adoptadas há mais tempo, teriam com certeza evitado muitos dos horrores e das tragédias que assinalaram os últimos quatro anos da vida nacional.
Em artigo há pouco publicado num jornal de Luanda, o Dr. Pequito Rebelo - português de rija têmpera que a idade não impede de sair a fossado, como os cavaleiros alcaides dos castelos que balizavam a estrada reconquista, não em ginete coberto de armaduras, mas no seu pequeno avião, em que presta serviços assinaláveis às forças armadas e toma contacto com as terras e as gentes - dizia em síntese perfeita.

O que permitiu a entoada das influências estrangeiras do terrorismo no nosso território foi a sua deficiente ocupação. Embora esta ocupação nos não envergonhasse no confronto com os outros países, ela não foi o que exigia a plenitude da nossa missão civilizadora e cristianizadora. Só atacando na raiz esta causa indirecta do terrorismo, isto é, fazendo agora o que não se fez antes, a ocupação numerosa, eficiente, em quantidade e qualidade, em valores materiais e espirituais, e começando desde já esta ocupação pela zona do terrorismo, este se poderá destruir no seu fundamento e nas suas sementes e se poderá destruir no mais curto prazo, auxiliando e concretizando a definição da vitória militar.

A ideia não é totalmente original, pois em trabalho elaborado em 1962 por um distinto economista que então prestava serviço no Gabinete Militar de Angola, o Dr. Walter Marques, se estudou com todo o pormenor a constituição de aldeamentos agrícolas preparados para a autodefesa e cujos ocupantes seriam soldados desmoralizados depois do termo, do seu serviço militar.
Os aldeamentos seriam instalados nas linhas de infiltração mais frequente das guerrilhas - ao longo das fronteiras e em certas linhas definidas de acordo com o comando militar - e satisfariam ao duplo objectivo de evitar a osmose dos elementos terroristas e fomentar e desenvolvimento económico, quebrando-se assim o circulo vicioso peculiar à zona norte, atingida pelo terrorismo a ocupação económica não avança por insuficiência de cobertura defensiva e esta torna-se mais complexa e difícil precisamente por falta dos apoios que uma ocupação humana e económica pode fornecer.
O modelo adoptado seria o da propriedade individual para a exploração agrícola, aliada à utilização, em regime cooperativo, de certas instalações máquinas e alfaias e das unidades industriais destinadas a transformação dos produtos agrícolas, modelo semelhante ao dos mochav israelitas.
Por razões que ignoro o plano não foi executado, o que me parece a todos os títulos infeliz, pois outra poderia ser hoje a fácies económica e o grau de segurança nessa vasta região crítica Imagino que dois terão sido os principais obstáculos as disponibilidades em verbas - estimava-se 20 000 contos para uma aldeia de 100 famílias e o projecto na sua fase final previa cerca de 12 aldeamentos - e as dificuldades do recrutamento dos soldados-colonos
Estes, quando se decidiam a ficar na província, não desejavam trabalhar na agricultura e muito menos em aldeamentos no Norte, na metrópole não tinha a Junta os meios de recrutamento e preparação que se impunham e lhe teria permitido aproveitar o desejo de voltar de uma grande parte daqueles que, depois de matarem as saudades da terra e dos seus, não se conformavam com os horizontes limitados da vida provinciana e para sempre se tinham deixado seduzir pelo feitiço das lonjuras africanas, pelo ilimitado dos seus horizontes, pela pujança das suas potencialidades Parece que ainda se pensou em recorrer aqui ao Movimento Nacional Feminino - e como exemplo de desorganização e descoordenação não conheço melhor-, mas é evidente que nada poderia resultar, pois que aquela organização não só não dispõe dos meios e experiência para tal trabalho como tem uma finalidade completamente diferente e muito própria.
Para mim é este um problema da maior premência, que deveria constituir das preocupações mais instantes da Junta de Povoamento de Angola.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pelas suas repercussões de toda a ordem, que desnecessário se torna apontar, deveria dar-se-lhe prioridade absoluta e seguimento imediato, mesmo antes e independentemente de quaisquer reformas que venham a ser introduzidas nas estruturas que presidem ao povoamento e legislação por que se rege
A sua solução - só por si - poderia abreviar extraordinariamente o fim do terrorismo Disse Liautey que na Argélia um campo de trabalho valia um batalhão Quantos não valeriam no Congo Português doze aldeamentos defensivos e a malha de comunicações consequente!
A desproporção entre os elementos das diferentes etnias é muito grande - cerca de um para vinte em Angola -, o que, além de pôr hoje problemas políticos de vária ordem, retarda a exploração dos recursos locais e dificulta a absorção das populações negras para a nossa maneira de ser, de pensar, de viver, isto é, a política de assimilação conducente à completa integração de todas as populações da Nação nos planos jurídico, social e económico, objectivo transcendente e permanente de toda a política nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Urge, assim, fomentar a deslocação para o ultramar de elementos de origem europeia, ou de outros territórios da Nação, de nível geral de cultura mais elevada, em que a assimilação se pode considerar completamente realizada -como Cabo Verde e Índia -, constituir com eles núcleos de colonização que sejam fonte de irradiação da cultura portuguesa, dos usos, dos costumes, da religião, das tradições, da língua, isto é, dos valores de integração que determinam a obra de