886 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 49
tre ais matérias merecedoras de tratamento prioritário, como poderá proporcionar uma larga audiência no III Plano de Fomento porque, apesar de todos os condicionalismo^ que nos traz uma guerra traiçoeira e ignóbil, suponho ter sido solto c travão que vinha comprometendo a nossa arrancada rumo ao futuro.
Ë e\identï que não bastam apenas investimentos. Há que saber aproveitá-los para que o juro do capital investido possa ser latamente compensado.
A extraor linária expansão escolar que se vem verificando em curva sempre ascendente, sendo um bem que importa assegurar, é evidente que acarreta implicações de vária ordem O recrutamento e formação de professores, bem como a; instalações escolares, de uma maneira geral superlotadas, são exemplos que despertam sérias apreensões.
No que rt speifca às edificações escolares — onde o esforço realiza Io merece os maiores encómios —, sem pretender tornar-me impertinente, entendo que o seu custo não deve ser menosprezado. Parece-me de bom critério económico reduzir o custo dessas instalações, pois de nada interessarás construção de edifícios sumptuosos, mas sim de linhas sóbrias e, sobretudo, funcionais, como já aqui acentuei, de modo a possibilitar maior número de construções.
Vozes: — Muito bem l
O Orador: — Neste binómio ensino-educação o papel do professor assume a mais alta expressão e o mais importante significado. Por isso ele deverá aliar às suas qualidades intele ?tuais boa formação moral e pedagógica, pois de nada vale m, como já temos visto acentuado, belíssimas escolas, bem apetrechadas, com excelentes bibliotecas, dispondo de programas actualizados e melhor estruturados, se os professores são incompetentes, deficientemente dotados e com indesejáveis qualidades morais.
Vozes: —Muito bem!
O Orador: — Mas para recrutar e formar bons professores é necessirio oferecer-lhes remuneração capaz e ainda sque as perspectivas de carreira sejam aliciantes, o que só pode ser co iseguido com a actualização dos respectivos quadros, de -ontrário os jovens melhor dotados afastam-se irremediavelmente. Isto acontece em todos os escalões do ensino e de .im modo especial em relação ao ensino superior, sendo, >nfcretanto, de inteira justiça pôr em evidência que muito se está a fazer quanto à revisão dos quadros docentes decido à boa receptividade do Sr. Ministro das Finanças. Necessário é que estas medidas passem a ser urgentemente completadas com igual revisão dos planos de estudo, em todos os ramos do ensino que, por anacrónicos, representam um dos factores mais responsáveis pelo fracasso do :nesmo ensino.
Ë preciso, na realidade, como já se disse desta tribuna, dispor de mt ios e de infra-estruturas que permitam preparar o caminho a homens que se afirmem pela independência do s-eu espírito e que constituam as.elites de todos os ramos de actividade, sem as quais não há progresso possível.
Se para c homem viver são indispensáveis o oxigénio que respira ? os alimentos que> ingere, só uma «formação integral do homem, nos aspectos morais, intelectuais e físicos, pea-riitirá, como acentuou o ilustre Ministro da Educação Nicional, levantá-lo à sua verdadeira dignidade e fazer dele autêntico motor do progresso social».
Vozes: —Muito bem!
O Orador: — Julgo ter aqui pleno cabimento, embora esteja no meu espírito uma referência mais ampla em próxima oportunidade, uma palavra de justiça à acção que vem sendo desenvolvida pelo titular da pasta da Educação Nacional e que poderá atingir a mais alta expressão se continuar a verificar-se o apoio financeiro que o Ministro das Finanças vai facultando.
Numa época em que tanto se fala de crescimento económico e industrial, tem de se estimular por todos cus meios ao nosso alcance o departamento a que me referi, para que possamos dispor de técnicos de graus superior e médio aptos a ocorrerem às solicitações que o progresso do País exige, quer no comércio, quer na indústria, quer no sector agro-pecuário.
Mas se o número de técnicos em quantidade e qualidade é um factor de sobrevivência que se nos depara frente às necessidades da metrópole e do ultramar, os investimentos com a educação, no que concerne à formação da juventude, são de capital importância. A acção neste aspecto, que não deve confinar-se apenas ao campo social, tem de ser projectada sem delongas, com vista a uma adequada e bem estruturada preparação integral. Deixemos, entretanto, problemas tão. aliciantes como são os que se prendem com a educação e formação da juventude para o aviso prévio que brevemente será debatido e situemo-nps de novo nas considerações que a proposta de lei sugere.
Fala-se aí, no artigo 17.º, alínea b), da intensificação das actividades pedagógicas, culturais e científicas. De acordo com o parecer da Câmara Corporativa, porque mais de conformidade com a formulação de princípios enunciados no preâmbulo da proposta, julgo que à palavra «científicas» se deverá acrescentar a expressão «nomeadamente o desenvolvimento da investigação fundamental e aplicada». O certo é que neste capítulo também a proposta de lei não deixou de evidenciar muito justamente a investigação científica, o que significa o reconhecimento do seu valor como arma poderosa de formação de técnicos e de cientistas com a mais vincada influência no efectivo progresso do País. Daqui se infere a necessidade de valorizar as Universidades, de praticar uma profunda reforma de estruturas, pois só elas podem criar a mentalidade de investigador e incutir nestes o desejo de encarar problemas mais transcendentes.
Se o Instituto de Alta Cultura deve ser quanto a mim o organismo coordenador de toda a investigação científica, esta deve ser realizada ou orientada pela Universidade, pois só assim conseguiremos atingir os objectivos de carácter prático a que nos propomos e ao mesmo tempo robustecer a Universidade como núcleo basilar na formação de futuros investigadores e técnicos e como instituição de importância primacial ao serviço da cultura nacional.
Vozes: —Muito bem!
O Orador: — Finalmente, no relatório da proposta de lei em discussão faz-se referência aos estudos nucleares e diz-se que «... igualmente neste caso se está perante investimentos de carácter infra-estrutural, cuja premência e importância resultam não só do dever que ao Governo compete de assegurar o melhor aproveitamento possível dos recursos nacionais, mas também, e principalmente, porque se aproxima o momento em que se encontrarão integralmente aproveitados os recursos energéticos do tipo clássico». Ora, parece que o pensamento exposto só ficará expressamente traduzido se, como sugere a Câmara Corporativa no seu bem elaborado parecer, ao artigo 17.º for introduzida uma alínea, a juntar às existentes, relativa aos estudos nucleares.