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1 DE MAIO DE 1971 2003

ou irmãos mais velhos levavam da minha aldeia na Beira paira irem a pé de casa até aos campos mais afastados da povoação.
Aliás, a Administração Central e local só tem a beneficiar com uma política deste tipo, pois que se é certo implicar maior desenvolvimento da rede de estradas e telecomunicações, as economias de antemão asseguradas pela concentração e aumento de escala quanto às restantes infra-estruturas são de tal montante (pense-se só aias redes de energia, água e saneamento!) que compensam larguissimamente o eventual aumento de encargos com os meios de comunicação.
Por último, o reordenamento e concentração das populações rurais permitirá manter mais portugueses mais junto dia tenra, são deixando que lhes percam, com o amor que nos vem dos nossos maiores, as qualidades e virtudes que só o contacto directo com a Natureza proporcionam, contacto que é perfeitamente possível em centros urbano-rurais, mas impraticável, a não ser para um número cada vez menor de privilegiados, aos habitantes das grandes metrópoles, sobredimensionadas e desumanizadas.
Outro ponto queria ainda focar, e esse especificamente como Deputado por Castelo Branco.
O III Plano de Fomento, introduzindo nos seus esquemas as regiões-plano do território continental, corresponde a mais um passo na senda de uma racionalização do desenvolvimento, que, para ser viável, tem de ser voluntariamente aceite e participado a todos os níveis pelas populações, e, por isso, na qual devem ser tidos em couta todos os particularismos, usos e tradições locais, quer dizer, as realidades sócio-económicas, históricas e geográficas subjacentes.
Porém, e sem que com isto eu queira diminuir o mérito, que é sempre muito grande, de quem teve a coragem de começar, creio que em alguns casos o delineamento adoptado não terá sido suficientemente alicerçado em tais realidades.
Assim, e poderei estar a laborar em erro (mas até prova em contrário julgo que mão), creio que a inserção do distrito de Castelo Branco na região plano do Centro não corresponde a uma realidade, digamos assim, ontológica.
De facto, o distrito de Castelo Branco, a antiga província da Beira Baixa, sendo essencialmente constituída pelas gentes que vivem ao longo ido vale do Zêzere, entre Estrela e Gardunha, e no Vale do Tejo, mais para cá ou mais para lá das Portas de Ródão (os limites exactos são difíceis de definir com rigor geométrico e admito perfeitamente que as zonas de fronteira hajam de estar em regra sujeitas a alguma arbitrariedade), não há dúvida, dizia, que desde sempre o escoamento de pessoas e de bens, quer da Covilhã e da Cova da Beira, quer de Castelo Branco, da campina da Idanha ou dos pinhais da Charneca, se fizerem ao longo daqueles dois rios em direcção a Lisboa. A saída e entrada normal da Beira Baixa e o seu porto de mar foi sempre Lisboa e, subsidiariamente, o Porto, pelo vale do Douro.
Aliás, em todas as épocas e em todos os países, as civilizações têm-se desenvolvido ao longo dos vales dos rios, enquanto as serras constituem divisórias, separando em compartimentos, naturalmente diferenciados, povos que de outro modo podem parecer próximos à luz de um exame excessivamente planificado (... no sentido de considerar as plantas sem relevos!).
Julgo útil chamar a atenção de quem de direito para este facto, de modo que nos trabalhos de preparação do IV Plano de Fomento seja tido na devida conta ao proceder-se aos ajustamentos que, naturalmente, irão ser introduzidos no respectivo planeamento territorial, e assim o distrito de Castelo Branco fique- de novo directamente articulado, através dos vales do Tejo e do Zêzere, com as regiões que naturalmente o prolongam e ligam à sua porta natural, que é Lisboa.
E isto é tanto assim que em matéria de transporte o que as populações do distrito pedem não são tanto ligações fáceis para Coimbra, mesmo só para pessoas; aquilo que pedem são essencialmente boas ligações rodoviárias e ferroviárias com Lisboa, além da navegabilidade do Tejo, desde o &eu estuário até, pelo menos, à fronteira (e aqui ocorre-me o nome do Araújo Correia, nosso ilustre colega, nesta casa - meu ilustre colega de círculo e mestre - a quem bem se poderia chamar o Júlio Verne do desenvolvimento económico português).
Aliás, a melhoria de ligações rodoviárias partindo de Lisboa, por Santarém, Abrantes, Castelo Branco, Covilhã e Guando, para a Beira Alta e o Nordeste Transmontano, é, sem dúvida, unia idas necessidades mais prementes do desenvolvimento da zona interior do continente.
Em outra oportunidade me debruçarei um mais pormenor sobre este problema, mas desde já aqui fica o apontamento e o apelo.
De ainda mais dois aspectos me pretenderia ocupar.
Primeiro, do de me parecer, talvez enredam en-te, que na definição em curso dos pólos de desenvolvimento está a ser dada consideração prioritária aos pólos de desenvolvimento correspondentes aos núcleos urbanos ou para urbanos com potencialidade essencialmente industrial ou agro-industrial, isto é, produtores de bens materiais.
Não que tal critério não esteja certo. Julgo-o, porém, incompleto, e, a não ser corrigido, poderá originar distorções prejudiciais para o equilíbrio que todos desejamos no desenvolvimento regional.
É que, ia par dos centros produtores de bens, creio que deverão ser paralela e simultaneamente consideradas aquelas cidades ou vilas que tiram a sua potencialidade económico-social principalmente de serem de há muito nós de comunicação, e, em consequência disso, pontos naturais de convergência das populações, centros administrativos, comerciais, de ensino, culturais e religiosos.
Aliás, esta ideia também não é original, e radica no que a história, mestra de vida nos continua mostrando ao longo dos tempos.
Estou, por exemplo, a pensar na Beira Baixa e na Beira Litoral, regiões às quais me encontro ligado por razões de família e políticas ou profissionais.
Em ambos os casos pode dizer-se que os principais pólos de desenvolvimento locais se podem enquadrar em um e outro dos tipos que acabo de referir.
Assim, no distrito de Castelo Branco, a Covilhã constitui de há muito o centro industrial que todos conhecem, hoje em via de se transformar em centro agro-industrial com a realização do empreendimento da Cova da Beira. Simultaneamente, Castelo Branco, que festeja neste momento o bicentenário da sua elevação a cidade, tira e provavelmente continuará a tirar a sua principal relevância do facto de, como nó contrai de comunicação da província que é desde há séculos, se ter naturalmente desenvolvido em termos de principal núcleo comercial, administrativo, cultural e religioso da região.
Na Beira Litoral, a existência de dois centros de desenvolvimento industrial (Aveiro e Figueira da Foz) e da Bairrada como zona agro-industrial não reduz, pelo contrário, as perspectivas de Coimbra, principal nó de comunicações da faixa litoral do continente entre Lisboa e o Porto.