2854 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 142
e inaugurada a nova Feira dos Carvalhos, instalada com largueza.
E terá constituído motivo de surpresa para alguns, e de satisfação para todos, a grande unidade fabril de Valadares, moderníssimo complexo industrial, a nível mundial, virado à exportação de produtos cerâmicos.
Em Matosinhos, além de uma unidade fabril actualizada, o Chefe do Estado inaugurou o Bairro Angola, de casas de renda económica, com 136 fogos, realização da Previdência com a colaboração da Refinaria Angola, que doou os terrenos em que foi implantado, exemplo que merece ser seguido.
Nesta cerimónia, além do Sr. Presidente da Federação das Habitações Económicas — engenheiro Santos Costa —, o Sr. Subsecretário de Estado do Trabalho e Previdência deu conta das realizações em marcha e programadas no domínio da política de habitação, investimento dominante, e bem, dos capitais sobrantes da acção imediata da Previdência.
De facto, melhor aplicação não poderá ter a parte disponível das reservas atarias aos benefícios do seguro social.
Por último, a inauguração do Centro de Recuperação de Crianças, que tem justamente por patrono o nosso malogrado colega Dr. Leonardo Coimbra, revestiu-se de alto significado e emoção. Trata-se de um belo estabelecimento, mais ainda do que pelas suas instalações, que são excelentes, pelo nobre objectivo que se propõe: a recuperação de crianças deficientes mentais.
O novo centro de S. Mamede de Infesta continua, como instituição oficial do Ministério da Saúde e Assistência, a obra iniciada em 1960 pelo Dr. Leonardo Coimbra, na Senhora da Hora, através da Associação Protectora da Criança contra a Crueldade e o Abandono, sendo de sublinhar que a 'edificação do novo centro foi iniciada por aquela Associação em terrenos que lhe foram generosamente oferecidos por uma «benemérita senhora. Graças ao apoio financeiro da Fundação Gulbenkian e do Estado concluiu-se este centro, que, por acordo ainda decidido pelo Dr. Leonardo Coimbra, passou a instituição oficial.
A ilustre senhora que desempenha as funções de Subsecretário de Estado da Assistência «Social teve oportunidade de enunciar o plano nacional, em adiantada fase de execução, para a recuperação e educação de menores deficientes, com um investimento global superior a 7'2 500 contos.
Além do centro agora inaugurado em S. Mamede de Infesta, outro será aberto imediatamente em Viseu, para 160 crianças, seguindo-se outro em Bragança, outro no Porto, outro em Lisboa e dois em Ponta Delgada, já em vias de conclusão.
E estão programados ainda mais três estabelecimentos, um para o Alto Minho, outro possivelmente em Setúbal e outro a localizar em Faro.
São cerca de 27 000 as crianças que, na estimativa oficial, carecem de especiais cuidados que só uma técnica especializada e instituições adequadas poderão prestar-lhes, tendo em vista a sua recuperação.
Além de cerca de 20 500 casos, considerados ligeiros, a integrar em classes especiais do Ministério da Educação Nacional, 5400 casos de deficiência média, a abranger por estabelecimentos de reeducação do Ministério da Saúde e Assistência; 1350 casos de deficiência profunda, carecidos de assistência permanente, através dos serviços de psiquiatria. Instituições particulares e colégios da especialidade assistem cerca de 4000 crianças deficientes mentais.
Nada teria sido mais grato à alma de apóstolo de rara sensibilidade que foi o Dr. Leonardo Coimbra do que este admirável arranque em prol da criança deficiente mental, ou vítima de condições trágicas de existência. Ele é, afinal, «a concretização dos ideais a que votou o melhor da sua vida e dos anseios a que se sacrificou generosamente.
Vai aqui uma enternecida lembrança para aquela que foi sua dedicada colaboradora e que agora, na sua viuvez, continua a viver apaixonadamente o pensamento e acção de seu malogrado marido. A sua presença neste acto inaugural e as palavras mescladas de lágrimas com que agradeceu ao Chefe do Estado, ao Governo e à Fundação Gulbenkian a conclusão desta grande obra, que ao lado de seu marido sonhou e viveu, mas que ele já não viu concretizada, foram momentos altos, em grandeza e beleza, nesse comovedor acto inaugural.
E sem preferir, por brevidade, ainda outros actos dessa jornada magnífica, passo à visita ao concelho de Gondomar, que, como foi dito, recebeu pela primeira vez um Chefe de Estado.
Também foi um dia cheio, que o entusiasmo das populações acompanhou sempre. Além da inauguração de cinco novas escolas primárias, sempre motivo de regozijo, um acto solene avultou no programa: o descerramento pelo Chefe do Estado do monumento aos heróis do ultramar, erigido em Fânzeres. É o primeiro levantado no Norte do País, e dizem-me que sómente existe outro em Coimbra.
O seu altíssimo objectivo de glorificação dos soldados de Portugal que, através da gesta heróica que dura há cinco séculos, sofreram, serviram, lutaram e morreram em África, na Ásia, na Oceânia e em terras do Brasil, e que hoje continuam a defender terras e gentes portuguesas, foi conseguido com sobriedade admirável na bela escultura de Teixeira Lopes, que continua um nome egrégio na arte portuguesa.
A cerimónia inaugural teve a sublinhá-la o desassombrado discurso do Sr. Presidente da Câmara Municipal e nobres palavras do Chefe do Estado.
Gondomar assinalou assim dignamente o dia histórico em que pela primeira vez recebeu a visita do Chefe do Estado.
Devo referir ainda, além do donativo de 500 contos para a Fundação Salazar, por parte da população de Gondomar, o facto de a Câmara Municipal do Porto ter feito a entrega simbólica dos terrenos que doou à mesma Fundação associando-se assim a tão benemérita iniciativa do Chefe do Estado, que deve ser ajudada por todos os portugueses, em memória de quem se votou inteiramente ao Governo de Portugal.
E aproveito a oportunidade para recordar, em agradecimento e louvor ao Sr. Presidente da Câmara Municipal do Porto, o convite, dirigido dias antes aos Srs. Deputados pelo círculo, para acompanharem o Sr. Ministro do Interior numa visita ás realizações camarárias.
Foi útil e proveitosa essa jornada pelo que nos foi dado ver das obras em curso, ajuizando melhor do labor da nossa edilidade, quer no prosseguimento do programa habitacional, que é o orgulho do Porto, quer mo da reconstrução de algumas ruas principais, como parte das de Santa Catarina, Senhora de Fátima, Costa Cabral, Constituição e Serpa Pinto e da Praça do Marquês de Pombal, tarefa em que vão gastos mais de 60 000 contos, e forçoso é que «prossiga, tal o estado de deterioração e deficiência a que chegaram os arruamentos da cidade, tornando o trânsito difícil e perigoso até.
Pudemos ainda ver outras obras de interesse para a cidade, como o reforço de abastecimento de águas, e por elas felicito a Câmara Municipal e o seu presidente.
Mas longe estamos nós, e certamente também S. Ex.ª, de nos sentirmos satisfeitos, pois tantas outras reali-