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7 DE JANEIRO DE 1983 1051

são conhecidas, o nosso propósito é continuar a cumprir e pela manutenção da AD.
Portanto, a AD mantém-se, os governos da AD têm condições para prosseguir a execução desse programa. Por isso, ,1 nossa fé nos novos governos é a mesma que tivemos para com os anteriores, que do mesmo modo apoiámos, como estaremos dispostos a apoiar os futuros governos da Aliança Democrática, enquanto ela se mantiver.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, terminou o período de antes da ordem do dia. Está, entretanto, na Mesa um requerimento para o seu prolongamento por 30 minutos. Se não houver oposição, está deferido.
Como não há, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar Socialista, nestes 5 minutos de que dispõe, não quer deixar de chamar a atenção para um grave problema social que hoje preocupa todos os trabalhadores portugueses e que deve preocupar todas as entidades responsáveis, designadamente a Assembleia da República, o Governo e os órgãos de soberania.
Esse problema é justamente o do desemprego e, fundamentalmente, o dos despedimentos, do aumento do desemprego através do despedimento, tantas vezes injustificado e, mais do que isso, o facto de dezenas de milhares de trabalhadores em Portugal não estarem a receber a tempo os seus salários. Tivemos há momentos nesta Câmara uma demonstração que, embora violando o Regimento desta Assembleia, é verdadeiramente angustiante, na medida em que trabalhadores desesperados aqui vieram revelar à Assembleia da República que não recebem o seu salário desde Novembro e que não receberam o 13.º mês. Se esta situação fosse isolada, se fosse uma situação inédita, nem por isso devia deixar de merecer a atenção desta Câmara e uma reflexão dos Srs. Deputados.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peço o favor de estarem em silêncio, para se poder ouvir o orador. Desculpe Sr. Deputado Carlos Lage, faça favor de continuar.

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não posso deixar de lamentar a insensibilidade que parece ter atingido os Srs. Deputados, relativamente a matérias tão angustiantes.

Aplausos do PS.

É claro, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que os trabalhadores que aqui vieram podem sempre recorrer a métodos normais de contacto com esta Câmara e com os grupos parlamentares através dos mecanismos conhecidos, de pedido de audiência e de recepção pelos grupos parlamentares,...

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Não lhes serve de nada!...

O Orador: - ...mas, na verdade, apesar desta demonstração não ser ortodoxa, nem por isso será justo que encolhamos os ombros, esquecendo que alguns destes trabalhadores deparam provavelmente com dificuldades económicas dramáticas, com dificuldades de continuar a ter em suas casas o pão, a alimentação, os cuidados de saúde e o conforto a que provavelmente eles e os seus familiares estavam habituados.
Mas uma situação destas não é uma situação isolada, como já disse. Há, neste momento, muitas empresas em Portugal que dão trabalho a milhares de trabalhadores que se encontram na mesma situação. Porquê? É um problema muito vasto e muito profundo, que tem a ver com toda a política económica que se leva a cabo em Portugal, que tem a ver com o apoio de crédito às empresas, que tem a ver com a procura de formas de venda dos seus produtos, de se reestruturarem, de se actualizarem e manterem os postos de trabalho.
Mas não é isso que neste momento é essencial a esta minha breve intervenção. Queria aqui lançar também um alerta e pedir a reflexão dos Srs. Deputados e dos órgãos de soberania em Portugal sobre uma situação que pode agravar-se cada vez mais e criar um clima de instabilidade social e de angústia colectiva muito grave.
Lembro também, por exemplo, os trabalhadores de unia empresa que fica localizada em Valongo, no Porto, a CIFA, que tem 2000 trabalhadores, da qual depende a maior parte da população de Sobrado. São 8000 pessoas, ou mais, que dependem dessa empresa, que também não pagou os salários de Dezembro nem o 13.º mês aos seus operários. Esses operários têm feito as mais variadas demonstrações, inclusive cortando a estrada de acesso ao Porto, para alertarem as autoridades para a situação dramática em que se encontram. Estes trabalhadores recorreram já a estes métodos e não encontram resposta para os seus problemas porque, de uma forma geral, agora a atitude corrente é o silêncio. Perante o protesto, a reivindicação, a chamada de atenção para as situações, hoje o que se verifica é uma cortina de silêncio. Aliás, dá a impressão que já nem existe um poder em Portugal, desagrega-se e estamos praticamente no vazio.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Mas levantam os preços!

O Orador: - E quando o poder existe é para oprimir mais os trabalhadores e para lhes criar maiores dificuldades.
Aqui deixo uma palavra de solidariedade com todos estes trabalhadores, ainda que o Partido Socialista só possa dar solução aos seus problemas em novas condições, que só se reunirão num novo contexto e numa nova situação política.

Aplausos do PS, da ASDI, da UEDS e da Sr.ª Deputada Independente Natália Correia.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete Santos.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Embora a minha intervenção não toque directamente este assunto, mas toca-o de uma forma indirecta, não quero deixar de afirmar o apoio e solidariedade do Grupo Parlamentar do PCP para com a luta dos trabalhadores da Companhia Portuguesa de Pescas e, aliás, para com a luta de todos os trabalhadores que neste momento têm salários e o 13.º mês em atraso.
Embora não se tendo manifestado de modo regimental, a forma como o fizeram corresponde, no entanto, à condenação geral que todos os trabalhadores que se