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1100 I SÉRIE -NÚMERO 32

Lisnave, da Messa ou da Setenave que amanhã vão ser despedidos? Que liberdade têm eles? Que liberdade têm aqueles trabalhadores que aqui estiveram da Companhia Portuguesa de Pescas que não puderam, sequer, celebrar a consoada? E como é que os senhores intelectuais os estão a defender? Defendamo-nos ao nível que lhes compete, incitem-nos, ajudem-nos a ir para a luta, porque a luta é deles e tem de ser dirigida pelos operários, não pode ser dirigida pelos intelectuais!
No fundo, este apelo, este aparecimento dos intelectuais é feito enquanto os operários permanecem quietos, inertes, inactivos, postos assim pelas suas organizações de classe, em vez de estarem a aproveitar a crise para avançarem na luta, liquidarem de vez a AD e esmagarem a direita e a reacção. Estão na expectativa, estão exactamente à espera disso que vos puseram a fazer: é que apareçam os intelectuais, que apareçam os democratas institucionais e parlamentares a dizer aos operários «nós resolvemos as coisas por vocês».
Mas os operários sabem historicamente e politicamente que isso nunca será verdade. É por isso que eles se levantarão e terão consigo intelectuais e todos aqueles que o queiram, pois aqueles que não o quiserem ficarão de fora.
A luta é deles, a revolta é deles. A razão da revolta é deles e eles imporão essa revolta em toda a parte por este país. Será esse o caminho que, de facto, resolverá a crise: é o caminho da independência nacional, é o caminho de pôr os ricos a pagar a crise, é o caminho de que serão os operários e os trabalhadores a mandarem no seu próprio país e não estarem a mando dos americanos ou dos alemães ou a mando daqueles a quem os intermediários - que são aqueles que governam este país - vendem o nosso país, vendem os interesses do povo e dos operários.
É isto que os intelectuais sabem, é isto que os intelectuais percebem e é por isso que a sua posição dúbia e pouco clara em relação à luta que hoje se trava no nosso país os torna tão altamente responsáveis e comprometidos com a política dos partidos reformistas.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): Intelectuais para a guerrilha, já!

O Sr. Silva Marques (PSD): - E onde é que esteve no fim-de-semana?!...

A Sr.ª Natália Correia (Indep.): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Sr.» Deputada Natália Correia, tenho imensa pena mas não posso dar-lhe a palavra.
A Sr.ª Deputada pediu a palavra para fazer um protesto...

A Sr.ª Natália Correia (Indep.): - E continuo a protestar, Sr. Presidente.
O Sr. Deputado Mário Tomé está a desonrar a classe intelectual, aqui nesta Assembleia.

O Sr. Presidente: - Ainda não lhe dei a palavra, Sr.ª Deputada. Não usará da palavra sem eu lhe a dar.
A Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura pediu a palavra para um esclarecimento, foi-lhe dada para esse efeito e abriu assim a possibilidade de pedir ainda a palavra para um protesto.
Mas a Sr.ª Deputada Natália Correia pediu, desde logo, a palavra para um protesto.
Poderá, talvez, ser-lhe sugerida alguma figura regimental que a Sr.ª Deputada ainda possa usar. Se a anunciar à Mesa, esta poderá, eventualmente, dar-lhe a palavra, mas a título de novo protesto não o pode fazer.
Tem a palavra, entretanto, a Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura, que a pediu para um protesto.

A Sr.ª Helena Cidade Moura (MDP/CDE): - Sr. Presidente, talvez a Sr.ª Deputada Natália Correia queira usar o direito de defesa e, nesse caso, usarei da palavra em segundo lugar.
Risos.

O Sr. Presidente: - A Sr.ª Deputada Natália Correia aceita a sugestão de pedir a palavra para usar o direito de defesa?

A Sr.ª Natália Correia (Indep.): - Exactamente, Sr. Presidente. Era isso que lhe ia dizer.

O Sr. Presidente: - Então, tem V. Ex.ª a palavra para se defender.

A Sr.ª Natália Correia (Indep): - Primeiramente, quero dizer que os intelectuais portugueses não têm que receber lições do Sr. Deputado Mário Tomé.

Vozes do PSD e do PS: - Muito bem!

A Oradora: - Mais: os operários não se defendem com cacetes.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Os operários defendem-se com a prática de um ideal vivo, que é permanentemente defendido pelos intelectuais. Foi defendido por Camões, foi defendido pelos iluministas, foi defendido pelos liberais e é defendido pelos progressistas de hoje, sejam eles mais ou menos à esquerda, mas homens do progresso.
Intimo o Sr. Deputado Mário Tomé a citar desse documento que foi entregue ao Sr. Presidente da República qualquer palavra que denote o intuito de mendigar. Esse documento destina-se, pura e simplesmente, a responsabilizar o Sr. Presidente da Republica, numa situação em que ele é árbitro e em que tem de tomar as responsabilidades de defender o regime.

O Sr. Presidente: - Para um protesto tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Cidade Moura.

A Sr.ª Helena Cidade Moura (MDP/CDE): - Sr. Deputado Mário Tomé, é evidente que cada um tem as suas posições, mas em todo o caso terei que protestar por aquilo que disse, isto é, sobre a forma como se referiu à ligação entre intelectuais e trabalhadores.
É pior ouvir dizer «Sr.as Deputadas ajudem os trabalhadores, intelectuais ajudem os trabalhadores» do que ver os intelectuais reclamarem do Sr. Presidente da República que dissolva esta Assembleia da República.

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Oradora: - Os trabalhadores marcam os caminhos da revolução, os intelectuais são aliados dos traba-