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726 I SÉRIE - NÚMERO 21

das gravemente de lógica, da sã regra democrática do diálogo, da auscultação das populações instituída constitucionalmente e seus representantes em assuntos que ao meu distrito dizem directamente respeito.
Há tempos a esta parte que o meu distrito tem vindo a ser vitima de decisões que o afectam gravemente no seu todo. Tem-se decidido e ordenado contra a justiça, a evidência. Contra o desenvolvimento económico, cientifico e cultural de Aveiro. Há tecnocratas enfeudados à sua terra, à sua região, ao seu gabinete e por tal se negam a entender o sentir das populações, as realidades das outras terras, e por um bairrismo serôdio e bolorento afectam gravemente a dignidade e a realidade de outras terras!...
Vêm estas minhas palavras a respeito de quê?, perguntarão.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: As minhas palavras têm a sua génese em actos praticados de há tempos a esta parte e que não têm outra finalidade que não a "institucionalização da supremacia administrativa de Coimbra sobre Aveiro, espantosamente despótica e condenável" (1).

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Quem foi? Vamos aos factos!

O Orador: - Querem exemplos, Srs. Deputados? Eu dou-os:
Centro de Cerâmica e do Vidro. Decidida a sua instalação em Coimbra, quando Aveiro é a região .em que a actividade cerâmica (barro branco e barro vermelho e porcelânico) tem a maior expressão no nosso país. Mas se a tal não se olhou, como justificar a colocação do Centro fora de Aveiro quando a sua universidade é a única que tem o curso de Engenharia em Cerâmica e está dotada de um excelente laboratório e com ligação às estruturas industriais locais, exemplar.
Centro Náutico. Decidida a sua instalação em Coimbra! ... Não perguntem porquê. Presumo que terá sido um incentivo ao Mondego. Um apelo ao raio para que meta muita água. Um centro náutico em Coimbra é como plantar couves no cimo do farol da barra de Aveiro.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Não é o Mota Pinto que quer tudo em Coimbra?

O Orador: - Comando da Guarda Fiscal. Foi este comando sediado em Coimbra. Não deveria esta força, pela sua actividade e funções, ser localizada em zona em que as actividades de fronteira são mais intensas. Então haverá dúvidas neste campo, quanto a Aveiro?

O Sr. Jorge (Lemos (PCP): - São coisas do vosso professor de Coimbra!

O Orador: - Escola de Hotelaria. Por protocolo assinado entre a Secretaria de Estado do Emprego e o INATEL, foi por esta entidade adquirida uma unidade hoteleira no Luso, com vista a ser restaurada e passar a servir o INATEL na época balnear para os seus associados e ali funcionar também uma escola de hotelaria na área da formação profissional. Gastos dezenas de milhares de contos na sua aquisição, manutenção e restauração, presentemente numa fase bastante adiantada. Pois tivemos agora informação de que foi decidido adquirir ou ser cedido um terreno para nele ser construído um edifício para funcionar aquela escola em Coimbra. Então, o Hotel do Luso? Os compromissos assumidos, a expectativa criada e o dinheiro gasto?! ... Que bela racionalização.
Poderia citar muitos outros exemplos, desde a instalação em Coimbra de todos os serviços descentralizados dos ministérios e secretarias de Estado à colocação de todas as direcções regionais.
Será que vai também a Direcção Regional das Pescas, para Coimbra!...
Defendo a minha terra. Nada me move contra Coimbra e suas gentes. Mas Coimbra será dos estudantes... Não poderá ser dos governantes e muito menos dona de Aveiro.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Muito bem!

O Orador: - Cidadão e deputado das terras do Vouga, é com orgulho que afirmo que se todas as regiões fossem como Aveiro, estaríamos hoje todos melhor! ...

Vozes do PSD e do PS: - Muito bem!

O Orador: - Se neste nosso pais tivéssemos que indicar distrito, ou região, paradigma de sã convivência e aceitação democrática das ideias dos outros, como exemplo do amor ao trabalho, dedicação e enraizamento à sua terra, que faz do trabalho um acto continuo de fé, da igualdade e liberdade, um direito inalienável, do respeito uma obrigação e ponto de honra, Aveiro seria, sem desprimor de outras, a terra por excelência.

Vozes do PSD e do PS: - Muito bem!

O Orador: - Então que lógica, que argumento, que silogismo, leva à conclusão de que Aveiro tem de ser preterido face a outras regiões?!...
Que razões estão subjacentes às decisões que estão sendo tomadas de não "contemplar" Aveiro, como sede de um único serviço descentralizado do Terreiro do Paço, de um qualquer ministério, secretaria de Estado ou direcção-geral?!...
Que estudo preside à definição e escolha de Coimbra como centro de tudo?! ...
Que critérios impõem já os tecnocratas aos centros de decisões político-administrativa para que, sem se discutir a regionalização se pratique uma descentralização feroz e cega, sem audição das populações e ou dos seus representantes?!...

O Sr. Carlos Lage (PS): - Muito bem!

O Orador: - Que descabida corrida leva à criação do facto consumado?! ...
Será amanhã possível falar de regionalização quando os centros de decisão ou de gestão estão nessa altura ferozmente centralizados numa única cidade?!...
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não queremos esta intervenção polémica. Não queremos com ela abrir a

(1) Manuel Boia, in Litoral, de 23 de Novembro de 1984.