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Quanto ao próprio desenvolvimento possível desse tipo de armamento, penso que esse é um debate em que há forçosamente muito a aprofundar, mas não me parece razoável que, no caso de inexistência de acordos, a Europa possa adoptar simplesmente uma posição de oposição a esse tipo de desenvolvimento de armamento. E, como eu disse, a Europa pode, através do reforço da cooperação entre as suas indústrias, das indústrias europeias e americanas, e até japonesas, participar e mesmo influenciar o sentido dessa evolução.
Aliás, devo dizer-lhe que, após uma certa fase de concepção espacial altamente complexa da «guerra das estrelas», os estudos mais concretos e a evolução do próprio sentido e conceito americano deste tipo de armas vai no sentido de armas antimísseis, que não garantem nenhuma defesa global ou impenetrável dos próprios Estados Unidos e até existem fortes vantagens em esse tipo de armas ser instalado prioritariamente na Europa, como forma de defesa dos meios militares da NATO em resposta a um eventual ataque surpresa. Nesse sentido, essas armas poderão vir a aumentar a capacidade de dissuasão, porque se o agressor não tiver possibilidades de atingir profundamente o sistema de defesa da NATO num primeiro ataque, tal diminuirá a possibilidade de deflagração de uma guerra nuclear.
Mas, como disse o Sr. Deputado, estes aspectos davam para um largo debate e as preocupações que V. Ex.ª colocou estão, sem dúvida alguma, longe de serem resolvidas.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Meneses Falcão.

O Sr. Meneses Falcão (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Vai sendo hábito considerar que os grandes problemas nacionais se situam na área da novidade em concepções de vida, com originalidade de padrões e modernismos de figurinos.
Os valores essenciais cedem lugar a tudo quanto é fortuito e acidental.
Desses valores essenciais, os mais agredidos são, sem dúvida, os valores morais.
Não vem ao caso fazer doutrina por um dos muitos caminhos que se abrem nesta perspectiva, mas tão somente apontar para a gravidade da falta que se está a praticar neste país com a flagrante agressão à sensibilidade do cidadão desprevenido, através de alguns meios de comunicação social.
Toda a gente enche a boca com a palavra «liberdade» - de expressão, de pensamento, de informação - e pouco ou nada se respeita o direito à tranquilidade, à paz de espírito, à verdade de sentido comum; pouco ou nada se respeita a liberdade de ser livre na intimidade do próprio lar, no recato do ambiente familiar.
Discute-se a «matrícula ideológica» das pessoas na direcção e orientação dos meios de comunicação social, mas a acção das mesmas pessoas não é discutida, aprovada ou reprovada em si, mas enaltecida ou condenada, consoante o quadrante em que se exerce o ângulo de visão em que se situa o crítico ou o censor.
E a divulgação dos acontecimentos é hoje nitidamente condicionada pelos interesses das clientelas políticas. Aperta-se cada vez mais o espartilho económico político que rasoura, peneira, tempera e alimenta a comunicação social estatizada.

O mesmo fenómeno social, às vezes a mesma notícia mundana, mudam de cor e sentido conforme o órgão de comunicação social que a transmite.
Mas isso ainda é o menos, é do mundo e da vida ...

Sr. Presidente, Srs. Deputados: 0 que me faz levantar a voz nesta Assembleia e tomar a VV. Ex.ªs, os minutos regulamentares a que tenho direito filia-se num imperativo de consciência como cidadão livre que quero ser; e num compromisso de honra para com um eleitorado que reclama uma tomada de posição por parte de quem se comprometeu formalmente a defender os valores morais que não quer ver erradicados das suas concepções de vida.

Neste momento, o mundo cristão defende-se, por todos os meios ao seu alcance, das premeditadas agressões vindas do mundo pagão e são dirigidas à família como sustentáculo do que resta da moral social de inspiração cristã.

Os apelos a esse reduto, que já são velhos, intensificam-se agora perante o descalabro que desceu à rua vestido de materialismo puro e enfeitado de emancipação propícia à libertinagem.

A escola, que só timidamente lançou mão da tarefa de salvar a ilustração e a cultura da degradação em que as lançaram, na produção de analfabetos diplomados para a estatística - já antes e particularmente depois das concedidas liberdades de ensino - encontrará sérias dificuldades em responder à sua função supletiva frente às carências morais de muitos ambientes familiares.

E a Igreja prega cada vez mais no deserto... e também é surpreendida por quem lhe prega partidas!

O Sr. Hasse Ferreira (UEDS): - 15so é verdade!

O Orador: - Mas vamos ao ponto fulcral da questão e onde funciona directamente a responsabilidade de todos nós ao vigiar, como nos compete, o comportamento daqueles que hão-de respeitar a vontade das maiorias, que não o capricho doentio dos irresponsáveis ou a passividade responsável dos detentores dos falsos conceitos de liberdade.

Fala-se muito contra a poluição sonora, contra os malefícios do tabaco, do álcool, da droga, mas conhecem-se pouco as reacções à poluição da imoralidade.

Há legislação, e pede-se mais, para defesa da saúde física. Muito bem! Mas parece haver uma espécie de complexo na defesa da sanidade do espírito. Poderá resistir o espírito são ao corpo doente, mas dificilmente resistirá o corpo são ao espírito dementado!

Verifica-se, cada vez mais, a necessidade de retomar o sentido original da conhecida máxima. Parece estarmos agora a atravessar um período de tréguas, mas nada nos garante que não sejam retomadas as hostilidades e as medidas que, eventualmente, conduziram a essas tréguas já aqui foram contestadas!

Entretanto, mantém-se o palavrão como tempero cultural.

Bem sabemos que é impossível impor critérios na heterogeneidade de um circuito de critérios, como é absurdo administrar a consciência moral das pessoas ou vigiá-las com polícias do pensamento; mas é possível elaborar regras de trânsito social usando do pensamento em liberdade.