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I SÉRIE - NÚMERO 90

políticas que a vida lhe oferecia no Brasil, e regressando à sua terra natal para aí construir uma moderna unidade fabril têxtil, dotada dos melhores e mais modernos maquinismos, com máquina a vapor para produzir energia, e apoiada por técnicos nacionais e estrangeiros, ao mesmo tempo que promovia a abertura de estradas e à instalação dos correios e telégrafos, estimulava a criação de associações de operários, de socorros mútuos, recreativas e culturais e custeava o funcionamento, pela primeira vez em Portugal, de uma escola móvel de ensino pelo método de João de Deus.
No aspecto autárquico, são de salientar diversos factos que demonstram serem os naturais de Ribeira de Pêra, ao longo dos tempos, os pioneiros da liberdade e de chamarem a si a solução dos problemas comuns que afectavam a sua comunidade.
Logo no tempo de D. Afonso V, O Africano, os Castanheirenses fizeram subir ao Desembargo do Paço a petição em que se opunham a ser espoliados das pastagens que usufruíam nos contrafortes da serra da Lousã.
E, cerca de meio século depois, mais concretamente em 1502, quando o esforço de toda a Nação Portuguesa se encaminhava para continuar a grande gesta dos descobrimentos, dando novos mundos ao Mundo, as populações de Castanheira de Pêra libertam-se das tutelas religiosa e administrativa de Pedrógão, e fundam as suas paróquia e freguesia, assinalando essas suas vitórias, segundo o costume da época, com a construção da sua própria igreja, cujo santo patrono é são Domingos, o intelectual doutor da Igreja por excelência.
A vivência de um poder local e regional pelas gentes da Ribeira de Pêra, alimentada pelo progresso económico, cultural e social alcançado nos últimos anos do século XIX, conduziu ao movimento de autonomia e de independência administrativo-municipal, aparecido no último quartel do século passado, que só veio a triunfar logo a seguir à queda da Monarquia e nos primeiros anos da I República, tornando-se realidade o concelho de Castanheira de Pêra em 4 de Julho de 1914.
Terra de gente determinada e que sabe, pela sua história, bem conhecida de todos, que só colectivamente resolveu, resolve e resolverá os seus problemas, Castanheira de Pêra chegou a ser, antes de existir como concelho, o terceiro centro da indústria portuguesa de lanifícios.
Simplesmente, a situação económica actual de Castanheira de Pêra caracteriza-se pelo progressivo envelhecimento do aparelho produtivo instalado, ao ponto de, salvo raras excepções, a maior parte da maquinaria ter a idade do pós-guerra, e grande intensidade em mão-de-obra, com reflexos na produtividade e rentabilidade do sector que são bastante baixas.
Graças ao Estado, que, desde o período de 1975-1976, tem vindo a acorrer aos casos mais graves, atribuindo subsídios pontuais, muitos deles a fundo perdido ou de recuperação impossível, e orientados para a manutenção dos postos de trabalho, tem evitado que as duas ou três fábricas em situação financeira mais difícil, encerrem as suas actividades, mas não tem impedido a deterioração da situação económica e financeira das empresas, profundamente endividadas à banca, à segurança social, etc.

Se até ao momento o desemprego tem sido evitado, mercê da absorção pelas restantes empresas dos trabalhadores afectados pelo encerramento de duas fábricas, o certo é que numa situação de agravamento da crise da indústria existente e dada a dependência da população concelhia - 89 % - do emprego e rendimento nela gerados, há muito que a Câmara Municipal e, sobretudo, o seu Presidente, desencadeou um processo de dinamização local que começou pela encomenda a uma empresa de consultores de um estudo sobre as potencialidades do concelho e por pedir apoio nas áreas do emprego da formação profissional ao Centro de Emprego de Leiria, iniciativas que, a breve prazo desembocaram num acordo de cooperação firmado entre o IEFP, Instituto de Emprego e Formação Profissional, o IPE, Instituto de Participações do Estado, com execução a cargo do CIFAG, Centro de Informação, Formação e Aperfeiçoamento em Gestão, e a Câmara Municipal e que veio a ser designado por «Projecto Integrado de Desenvolvimento e Formação de Castanheira de Pêra».
Este concelho continha os três elementos necessários para se poder testar uma nova política de emprego mais actuante sobre a oferta e criando postos de trabalho, e para desenvolver a actividade de formação de gestores e quadros num contexto de interrelação entre as empresas e o seu meio envolvente. São eles: dinamismo de desenvolvimento que a sua história conhecida nos recorda; necessidades sentidas de integração/coordenação das actividades locais; necessidades sentidas de manutenção e de criação de emprego.
Terra de gente determinada e que sabe que só colectivamente resolveu, resolve e resolverá os seus problemas - disse eu, atrás - a propósito de Castanheira de Pêra.
E esta minha asserção veio a ser confirmada mais uma vez, quando nos meados do ano de 1983 surgiu a ideia da preparação de uma conferência que permitisse desencadear um processo de procura em comum de alternativas para o desenvolvimento integrado da comunidade de Castanheira de Pêra.
A iniciativa recolheu a resposta afirmativa e a participação dos elementos locais mais activos - empresários, técnicos têxteis, comerciantes, trabalhadores, professores da Escola Preparatória, membros da Câmara Municipal - e da Comissão de Coordenação da Região Centro, do IEFP e CIFAG, e, ainda, professores universitários de Oslo e de Madrid ligados à iniciativa pelo Acordo de Cooperação Luso-Norueguesa e pelo BII-PNUD.
O desenvolvimento dos trabalhos baseou-se na metodologia das Search Conference, em que numa primeira fase se retomou a evolução passada da comunidade, seguindo-se, numa segunda fase, os cenários positivos quanto a futuros desejáveis da comunidade, para, numa terceira fase, analisar os obstáculos e possibilidades dos futuros desejáveis e, finalmente, numa quarta fase, encarar a ultrapassagem dos obstáculos e o planeamento da acção.
As conclusões-propostas da conferência apontaram para a compatibilização, de um lado, da reestruturação do sector têxtil, mediante a reconversão de empresas com viabilidade económica, a articulação de estratégias comerciais comuns, a criação de unidades de pequena dimensão complementares das existentes, a instalação de serviços comuns ou oficinas de servi-