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19 DE JUNHO DE 19&5

Portanto, pelo menos, nós não vendemos essa ilusão. É um crédito que nos pode ser dado em termos de ilusão. A ilusão do bloco central não fez nem fará parte das nossas ilusões. Aí está uma resposta possível e capaz à pergunta que nos pôs.
Sr. Deputado César Oliveira, em Portugal, hoje, toda a gente é muito exigente pelo que se nós não soubermos, ao nível da representação política do povo português, ter uma exigência, pelo menos, proporcional, estaremos a curto ou a médio prazo em muito maus lençóis.
Não vejo assim tanta dificuldade em indicar o Primeiro-Ministro, nem que isso careça de uma maioria absoluta. Basta, talvez lembrarmo-nos - sem que eu queira, naturalmente, ombrear com esse grande homem que foi Sá Carneiro - que o Dr. Sá Carneiro foi Primeiro-Ministro quando o seu partido tinha 24 % e que o PSD não teve o Primeiro-Ministro quando tinha 27%. 15to, aliás, mostra qual é a ironia que estas questões podem ter e como é que elas se podem apresentar no futuro.
Não há, portanto, nenhuma contradição e, aliás, devo dizer que em nenhuma circunstância eu pediria ao PSD, que é um partido tão vivo na sociedade portuguesa, tão ambicioso - no sentido positivo -, que tivesse um estatuto subalterno em qualquer coligação. Nunca propus isso e se por acaso o Sr. Deputado César Oliveira tiver o cuidado e a atenção de ser tão diligente a ler os meus papéis como o é a interpelar-me nesta Assembleia, tenho a certeza de que chegará a uma conclusão idêntica à minha.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Capucho.

O Sr. António Capucho (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Lucas Pires: Todos compreendemos o objectivo da sua intervenção, que é o de mostrar que o CDS está fora deste processo de rotura da coligação, pois o CDS é um partido da oposição e é normal tentar tirar o maior proveito dela. Ninguém pode acusar o CDS de não ter todo o direito de o fazer, mas, de facto, de duas uma: ou V. Ex. a tem andado distraído noutra galáxia; ou receia eleições legislativas antecipadas. 15to porque dizer que se desconhecem que não se compreendem ou não se sabem as razões da queda do Governo é o mesmo que não ter andado por cá.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Se desconhece, farei entrega a V. Ex. do texto da nossa conferência de imprensa, onde se explicam as razões. Compreenderá, certamente, que eu não queira ser seu explicador pois até não tenho competência para tanto.
Quanto a alternativas, Sr. Deputado, as nossas alternativas são claras e uma é dar voz ao povo português. Não receamos eleições legislativas antecipadas e elas são a solução normal para a crise.
Quanto a chamar-nos de irresponsáveis, com toda a franqueza, Sr. Deputado.
É evidente que o CDS, nas suas insinuações em relação ao bloco central, dá a sensação ao público e ao eleitorado - pois nesta Câmara, obviamente, ninguém

«engole» essa - de que nunca se iludiu com o PS. Parece que nunca esteve em coligação com o PS, mas, de facto, já esteve.

Uma voz do PSD: - Está esquecido!

O Orador: - Não nos arrependemos da experiência, pois na altura considerámos que ela era um imperativo patriótico, mas a experiência, efectivamente, não foi feliz. Nós constatámos, como poderá ver pelo texto da nossa conferência de imprensa para além de inúmeras outras posições públicas do PSD, que não era possível mantermo-nos no Governo. Vejam-se os exemplos da produção interna e do consumo dos particulares a caírem drasticamente em 1983 e 1984, do investimento a cair 20 % em 1984 (foi a maior queda desde que há contas públicas), da inflação que o ano passado foi a mais alta desde que são publicados indíces do preço ao consumidor. Ora perante uma situação destas, para a qual nós alertámos, assiduamente, durante o último ano e perante todas as tentativas ...

Protestos do PS.

Nós compreendemos o estado de nervosismo do PS, mas esta é uma realidade e nós mantemos a nossa serenidade.

O Sr. José Leio (PS): - Não é nervosismo, é dignidade!

O Orador: - Perante a situação descrita e que é palpável por toda a gente que não esteja de má fé, o nosso intuito foi o de apresentar ao PS, sucessivas vezes, medidas concretas que permitissem relançar a economia ...

Uma voz do PS: - Quais?

O Orador: - ... e redinamizar o Governo por forma a que os Portugueses e os agentes económicos retomassem a confiança no Executivo. Para isso propusemos medidas. Elas foram rejeitadas e nós saímos. É tão simples como isto.
Irresponsabilidade, Sr. Deputado Lucas Pires, seria mantermonos no Governo na situação em que ele estava a governar. Não nos falem nos custos da ruptura, pois muito maiores seriam os custos com a manutenção do PSD no actual Governo.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Lucas Pires.

O Sr. Lucas Pires (CDS): - Antes de mais, devo dizer ao Sr. Deputado António Capucho que nós não receamos eleições legislativas antecipadas nem qualquer espécie de intervenção do povo.
A primeira razão resulta de não considerarmos que vamos ganhar as próximas eleições legislativas - não somos técnicos eleitorais, mas porque transportamos apenas uma vontade política que queremos veicular em Portugal e é em nome dessa vontade política que combateremos, quaisquer que sejam as condições eleitorais que se nos apresentem do ponto de vista técnico.

Vozes do CDS: - Muito bem!