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1 SÉRIE - NÚMERO 93

O Orador: - Esse não é problema para nós.
O Sr. Deputado disse-nos que explicaram em confe-
rência de imprensa as razões pelas quais saíram do Go-
verno. Apesar de tudo é um pouco estranho que o PSD
tenha demorado 2 anos a compreender as razões por
que deveria sair do Governo
O Sr. Vítor Hugo Sequeira (PS): - 15to é namorar
a sério. Já não se vê!
O Orador: - ... e que durante 2 anos tenha sido
cúmplice do que agora considera o afundamento do Or-
çamento do Estado e da sociedade portuguesa.
Pergunto-lhe, Sr. Deputado António Capucho, se me
permitir a expressão, com amizade, se há alguma faci-
lidade moral no facto de o seu grupo parlamentar ter
há pouco tempo recusado uma moção de censura e de
ser, hoje, capaz de votar aqui essa moção contra o Go-
verno.
Quais são as condições que no País mudaram, para
além da mudança na direcção do seu partido? Como
é que os mesmos deputados sustentam o Governo e,
passados uns dias, o derrubam nas mesmas circunstân-
cias?

Vozes do CDS e do PS: - Muito bem!

Aplausos do CDS.

O Orador: - Este é que é o verdadeiro problema
que está em causa e é por isso que digo que o pro-
blema não é o «das Buenos Aires», não é o dos parti-
dos, é o problema do Parlamento e dos deputados, é
o problema da responsabilidade pessoal e moral de cada
um de nós. Quem tiver pedras para atirar que as atire,
pois é por isso que nós vimos aqui falar.
A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD): - 15so mesmo!

O Orador: - Minha Senhora, os meus dossiers es-
tão à disposição de toda a gente. É favor, se não te-
nho ainda conhecimento deles, de os exibir.
É evidente que foi aqui dito que o investimento bai-
xou 20%. Mas quem é que contribuiu para isso? O
seu partido tem no Governo seis Ministros, entre os
quais o da Agricultura, o do Comércio e Turismo e
o Ministro do Trabalho. Será que os Ministros do PSD

foram melhores que os outros? Será que demoraram acordo!
2 anos a aperceber-se de que isto estava a acontecer,

quando a previsão é uma das principais qualidades po-
líticas de quem quer que seja?

O Sr. Carlos Lage (PS): - Muito bem!
O Orador: - Sr. Deputado, o que eu censurei foi
uma coisa muito simples. Censurei o facto de esta As-
sembleia não ter, sequer, sido honrada - já não digo
que se tivessem dado explicações - com o conheci-
mento do que se estava a passar.
Devo dizer - e há testemunhas na minha bancada
que a certa altura pus o problema de se fazer um de
bate geral nesta Assembleia sobre a crise, sacrificando
uma das prerrogativas do nosso partido e foi-me dito
que não era possível por força do Regimento e de ou-
tras dificuldades desse tipo. .Mas isso é inacreditável,
porque se fez uma revisão constitucional nos termos
da qual deviam ser os partidos a resolver os proble-
mas que eles próprios causam. Onde é que o PS ou

o PSD estiveram? E já é muito bom eu recusar-me a dividir as responsabilidades de um e do outro. Estou a raciocinar como se Portugal fosse uma democracia, mas se me vêm dizer que é outra coisa e que as soluções são encontradas na rua e não aqui, então muito bem, mas é um argumento que não aceitarei.
Sr. Deputado, é verdade que estivemos no governo com o PS, mas não se esqueça que eu próprio sou o autor da expressão de que nós estávamos no governo para melhor combater o socialismo e que votei contra esse governo. Por isso, pedi para exibir os dossiers do meu comprometìmento nessas soluções. Mas nós só demorámos 6 meses a perceber essa situação!

A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD)-. -
Envergonharam-se!

O Sr. António Capucho (PSD): - Foram mais espertos!

O Orador: - Há, pelo menos, da nossa parte, uma maior inteligência política.

Aplausos do CDS.

Sr. Deputado António Capucho, V. Ex.ª disse uma coisa que me parece espantosa em termos lógicos. Disse que o PSD acabou com o Governo para restabelecer a confiança no Governo. Realmente, é primeira originalidade teórica que eu encontro sobre este ponto.
Havia um compromisso público - e é essa a razão pela qual nós defendemos que este Governo se deve manter até às próximas eleições -, pelo que quem cria as condições de dissolução do Parlamento deve sustentar esse mesmo Parlamento, nessas mesmas condições, até ao fim.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Não há nenhuma razão para haver um novo governo. Só haverá razão para tal quando houver novas eleições. Ainda estamos numa democracia e qualquer outro golpe seria um golpe de palácio e indevido para a resolução dos nossos problemas.

A Sr.ª Amélia de Azevedo (PSD): - Estamos de acordo

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Sr. Deputado Lucas Pires, no início do seu discurso - aliás, foi uma tónica de todo ele - o Sr. Deputado referiu o facto de esta crise se vir a desenrolar totalmente à margem do Parlamento.
Ora, devo dizer-lhe que neste ponto não há uma discordância fundamental entre a UEDS e a posição assumida pelo Sr. Deputado.
Aliás, exactamente porque nós entendemos que a crise não se deve processar à margem do Parlamento e que a solução não deve igualmente ser encontrada à sua margem, e apesar da nossa pequenez, que tanto parece preocupar o Sr. Deputado Lucas Pires - eu compreendo que fale repetidamente na pequenez da UEDS - é certamente a única maneira de o CDS se sentir grande...