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3626 I SÉRIE - NÚMERO 98

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Roque Lino, a Mesa informa-o de que já não dispõe de tempo para responder.

O Sr. Roque Lino (PS): - Sr. Presidente, o Sr. Deputado Lopes Cardoso, da UEDS, fez o obséquio de me ceder algum tempo da sua bancada.

O Sr. Presidente: - Agradeço a sua informação, Sr. Deputado. Para responder, tem, pois, a palavra.

O Sr. Roque Lino (PS): - Sr. Deputado Guerreiro Norte, a questão que acaba de colocar não tem obviamente nada a ver com a afirmação que fez antes.

Uma voz do PS: - Muito bem!

O Orador: - Tem sido afirmado insistentemente pelo secretário-geral do meu partido e ainda Primeiro-Ministro deste Governo e por nós próprios que o Dr. Sá Carneiro foi um estadista indiscutível.
Aliás, não percebo porque razão V. Ex.ª traz à colação neste hemiciclo a figura de um estadista - que o foi indiscutivelmente - a propósito da crítica a uma política ou a políticas da AD.
V. Ex.ª não ignora certamente que há quem diga hoje em Portugal - aliás, eu mesmo, de um ponto de vista histórico, o reconheço - que o próprio Salazar foi um estadista.
E isto não tem nada a ver com comparações que possam ser estabelecidas entre o Dr. Oliveira Salazar e o Dr. Francisco Sá Carneiro, por quem tinha, pessoal e até politicamente, muita estima e consideração.
Penso que o Sr. Deputado me devia ter feito perguntas acerca das políticas da AD e não sobre a minha qualificação acerca da personalidade do estadista Francisco Sá Carneiro.
Era isso, Sr. Deputado, que minimamente me devia ter perguntado.

Uma voz do PS: - Muito bem!

O Sr. José Vitorino (PSD): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado José Vitorino, lamento mas não posso dar-lhe a palavra, uma vez que o seu partido já não dispõe de tempo para tal.

O Sr. José Vitorino (PSD): - Sr. Presidente, acontece que o Sr. Deputado Lopes Cardoso faz o favor de me conceder parte do tempo da UEDS.

O Sr. Presidente: - Sendo assim, tem a palavra, Sr. Deputado José Vitorino. Como sempre, a UEDS é muito generosa!

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Muito obrigado, Sr. Presidente.

O Sr. José Vitorino (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Verifica-se que, nas últimas semanas, o PS se vem recriando em dois sentidos fundamentais.

Vozes do PS: - Essa é boa!

O Orador: - Um deles aponta para uma crítica violentíssima aos governos da ex-AD; o outro aponta para a acusação da política e do projecto de direita do PSD.
Quanto ao primeiro, serão de destacar algumas distracções do PS e designadamente do Sr. Deputado Roque Lino.
O primeiro governo da AD foi indiscutivelmente o governo que mais mobilizou o País e aquele em que, devido à confiança que gerou, se verificou maior investimento dos sectores mais dinâmicos e privados da economia.
Em relação aos demais governos que o Sr. Deputado Roque Lino hoje fez questão de elogiar, como foi o caso dos governos Balsemão, recordo-lhe que, durante a fase final desses governos e durante a própria campanha eleitoral que precedeu a coligação PS/PSD, o PS e o Dr. Mário Soares zurziram nesses governos - todos nós o sabemos - da forma mais violenta.
Esses governos fizeram uma austeridade séria, lançaram as bases de recuperação da balança de pagamentos e da balança comercial, o que veio a dar resultados já nos primeiros tempos dos governos PS/PSD.
Aliás, o próprio Sr. Deputado referiu que o resultado das políticas se manifesta apenas algum tempo depois.
Esses governos bateram-se com anos terríveis de seca e com todas as implicações que isso tem.

Vozes do PS: - Mas que seca!...

Risos do PS.

O Orador: - Os sussurros dos Srs. Deputados do PS revelam má fé ou ignorância!

Aplausos do PSD.

Todos sabemos que a seca, além dos problemas que directamente têm a ver com o sector agrícola, implica também importação de energia e todos sabem quanto é que isso custou ao País durante vários anos consecutivos.

Risos do PS.

Para além de má fé e de ignorância, a vossa atitude revela nervosismo!

O Sr. Ferraz de Abreu (PS): - Até estamos sorridentes com o nervosismo!

O Orador: - Foi também nessa altura que a situação se agravou em termos de política internacional devido à valorização do petróleo e à taxa de juros.
Mas, há que referir sobretudo que durante esses anos, designadamente quando se procedeu à revisão da Constituição, o PS fez tabu da revisão da parte económica da Constituição, recusou apoiar a Lei da Delimitação dos Sectores e já antes, no tempo do governo do Dr. Sá Carneiro, recusou colaborar e fazer um esforço no sentido da revisão da lei das rendas, das leis do trabalho ou de quaisquer outros aspectos fundamentais para a economia portuguesa.

Uma voz do PS: - Não é verdade!

O Orador: - Agora não querem que seja verdade porque a coerência não é muita!...