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31 DE OUTUBRO DE 1986 129

Estão isolados, internacionalmente, mas também o estão nacionalmente.
O povo português sabe o que sofreu o povo angolano e como esteve solidário com ele no passado, está e estará no futuro.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Monteiro.

O Sr. Manuel Monteiro (CDS): - Sr. Deputado do Partido Comunista, seria obviamente de estranhar que V. Ex.ª não viesse defender, à semelhança do que temos vindo a verificar por parte da sua bancada e de outros partidos comunistas pela Europa fora, todos aqueles que não estão de acordo com as vossas próprias posições.
Aliás, o CDS está habituado a isso porque, como talvez esteja recordado, quando surgimos em Portugal para defender a democracia, pelo facto de não alinharmos com o Partido Comunista naquilo que ele queria, fomos muitas vezes violentados, vimos as nossas sedes assaltadas.

Aplausos do CDS.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Era melhor os senhores nem falarem disso! Mas se quiserem podemos falar!

O Orador: - Ainda bem que o Sr. Deputado está a recordar isso perante o País e esta Câmara.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Não seja provocador!

Risos do CDS.

O Orador: - Não sou provocador, esteja descansado, Sr. Deputado.
Quanto às acusações que faz ao meu partido, particularmente a mim, de ter um espírito, penso que estou a citar, «neocolonizador», dir-lhe-ei tão-só que não tenho idade para o ser em minha casa quanto mais em países estrangeiros, e tenho o à-vontade e a franqueza de o afirmar.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Mas tem idade para ser neocolonizador!

O Orador: - Esteja descansado, Sr. Deputado, que o CDS, em circunstância alguma - por muitas vozes que se levantem do Partido Comunista ou dos seus aliados, interna ou externamente -, não deixará de lutar pela liberdade e pela democracia de todo e qualquer povo, esteja ele onde estiver.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Não deixará de lutar para o Savimbi ter passaporte sul-africano!

O Orador: - Desculpe, não o interrompi, pelo que peço que não me interrompa.
Tal qual eu disse no meu discurso, talvez o Sr. Deputado não tenha ouvido e prestado a devida atenção, pois não proeuro uma verdade que me sirva. Ao contrário do Partido Comunista proeuro uma verdade para servir e é esse o ensinamento que o meu partido tenta dar ao povo português.
Por isso, peço que não esteja nervoso, que se acalme e me ouça, porque quero concluir o meu raciocínio.
Quanto ao facto de o Sr. Deputado fazer a acusação de que existe um líder de um movimento africano que se passeia pelo mundo com um passaporte do país A ou B, digo-lhe que não sou porta-voz de algum movimento, nem do MPLA, da FNLA ou da UNITA, para saber se ele passeia ou não com esse passaporte.
Pelos vistos, V. Ex.ª está muito melhor informado do que eu, pois pensando nós que determinadas actividades secretas, tais como a de saber como viajam e com que passaportes viajam as pessoas, dependiam das autoridades que concedem os passaportes e das próprias pessoas que os passam, mais uma vez o Partido Comunista demonstrou nesta Câmara, à semelhança do que tem feito perante o País, que tem sempre o cuidado de saber o que se passa e obtém sempre a informação.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Não seja provocador. O senhor lê mal os jornais!

O Orador: - Talvez esteja enganado, Sr. Deputado! O Sr. Deputado disse que houve o 25 de Abril.
Precisamente por ter havido o 25 de Abril é que o CDS pôde fazer esta intervenção.

Vozes do PCP: - Ah!...

O Orador: - Mas também a pôde fazer por ter havido o 25 de Novembro, Sr. Deputado. É que se não tivesse havido o 25 de Novembro e se o País se tivesse mantido na situação em que o Sr. Deputado e os membros do seu partido queriam, certamente que o meu partido já não existiria e, perante o povo e o País, eu já não teria, certamente, o direito de dizer aquilo que penso.
Porque houve o 25 de Abril mas também porque a seguir houve o 25 de Novembro é que nós, em circunstância alguma, nos coibiremos de lutar pela liberdade, seja onde for, e de dizer que onde há caos, miséria, fome e onde não há liberdade de expressão o CDS estará lá para o afirmar, custe o que custar, haja as ameaças que houver, haja os protestos que houver.
Foi para isso que foi feito o 25 de Abril e foi para isso que também foi feito o 25 de Novembro.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Sampaio.
Contudo, quero informar o Sr. Deputado de que o CDS já não dispõe de tempo para lhe responder e para esse efeito a Mesa apenas poderá conceder um minuto ao CDS.

O Sr. Jorge Sampaio (PS): - Antes de formular o meu pedido de esclarecimento desejo afirmar que terei o maior prazer, acho mesmo fundamental, em discutir com toda a serenidade esta questão levantada pelo Sr. Deputado Manuel Monteiro.
Mal seria para a Assembleia da República que se colocasse uma questão da gravidade como a que o Sr. Deputado colocou e incluí-la numa confrontação típica da Assembleia da República.
Trata-se de uma questão extremamente grave, tanto mais quanto é simultânea com dois acontecimentos relevantes: primeiro, o da presença de uma vasta delega-