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210 I SÉRIE - NÚMERO 9

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Mas a história e a situação internacional hão-de dar-nos razão, hão-de esclarecer essa situação, como vão esclarecendo os tremendos erros que, fora da área económica, o seu partido continua a cometer no Governo, quer em termos de defesa nacional, a que se referiu, e quero deixar aqui uma palavra de grande admiração pelo sentido patriótico da intervenção do Sr. Presidente da República, ontem, no Instituto de Defesa Nacional ...

Aplausos do PS.

... quer também ela falta de visão em política externa de que a responsabilidade ou irresponsabilidade - do Sr. Primeiro-Ministro tem vindo a dar provas nos últimos tempos.
Mas vamos ao protesto. Já estávamos habituados, nesta Câmara, à ideia de que o Governo era constituído por um conjunto de eminências, muitas das quais nunca se sentaram nesta Casa, mas que têm a dificuldade, ou a facilidade, de se porem diante desta Assembleia como se esta Câmara de representantes do povo fosse apenas um conjunto de cidadãos apostados em criar-lhes dificuldades. Porém, já não me parece tão consentâneo com a forma de actuarmos aqui, que o Sr. Deputado use as mesmas palavras que alguns dos seus ministros e que venha constantemente dizer que os outros partidos põem os interesses próprios e partidários à frente dos interesses nacionais.
Aqui, nesta Casa, desde a direita à esquerda, parlamentar, todos, de acordo com a sua forma de ver os problemas e de sentir o interesse nacional, o -«pomos à frente dos interesses partidários. E, desde 1985? se algum partido tem colocado os interesses partidários à frente dos interesses nacionais, esse partido é o PSD!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado Cardoso Ferreira.

O Sr. Cardoso Ferreira (PSD): - Sr. Presidente; Srs. Deputados: Estamos já habituados, por parte do PS, ao argumento de que a actual conjuntura é favorável, de que o tempo é de «vacas gordas» e de que o PS tem a triste sina de, em situações extremamente difíceis, levantar o País do atoleiro para que outros depois o governem.

Vozes do P§: - E é verdade!

O Orador: - Bem, o Sr. Deputado Eduardo Pereira, ao insistir neste argumento, continua a passar ao povo e ao eleitorado português um enormíssimo atestado de estupidez.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É que, de facto, o povo português não tem premiado o PS e, como o Sr. Deputado sabe, esse é o supremo julgamento da actuação política. É o eleitorado que o diz claramente nas umas ...

Aplausos do PSD. ... portanto, tal argumento não colhe, Sr. Deputado.

Diz o Sr. Deputado que, realmente, o eleitorado não lhe dará razão, mas a história sim. O Sr. Deputado ficará então com a satisfação que a história lhe dará e nós ficaremos com a gratidão, com o reconhecimento te com a consagração que o eleitorado nos dá!

Vozes do PSP: - Muito bem!

O Sr. António Macedo (PS): - 29%!

O Orador: - Fala também o Sr. Deputado nas provas de irresponsabilidade dadas pelo Primeiro-Ministro e pelo Governo. Mas a que se refere o Sr. Deputado concretamente? Refere-se ao facto de querermos, por exemplo, aliviar o Orçamento de alguns encargos insuportáveis de empresas públicas inviáveis? Refere-se, por exemplo, ao facto de querermos aliviar o sector público da comunicação social, alienando, eventualmente, algumas empresas?
Aliás, deixe-me que lhe diga, Sr. Deputado, que aqui tenho imensa dificuldade em compreender como é que o PS e o PCP acusam permanentemente o PSD e o Governo de instrumentalizar a comunicação social do Estado e, ao mesmo tempo, impedem o Governo de alienar esses mesmos órgãos de comunicação social. Há aqui uma contradição difícil de perceber, Sr. Deputado.
Quanto aos interesses nacionais, quanto a quem põe os interesses nacionais à frente dos interesses partidários, Sr. Deputado, devolvo-o à questão inicial: há um juiz e esse juiz é o povo, o qual, ao consagrar o PSD como maior partido português, entendeu, implicitamente, que os interesses que prosseguimos são os mais adequados à realização das suas aspirações, à resolução dos seus problemas e à solução das suas carências.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado José Lello.

O Sr. José Lello (PS): - Sr. Deputado Cardoso Ferreira, compreendo o sentido da sua intervenção, pois hoje V. Ex.ª foi escalado como «deputado de dia» (ia dizer oficial de dia) para crucificar a oposição. Ao tentar fazê-lo, V. Ex.ª referiu que essa mesma oposição, ou melhor, certa oposição, privilegiou interesses sectoriais e partidários, sempre na denúncia dos malefícios do Governo.
Gostaria de lhes perguntar se será desajustado que esta oposição denuncie o nepotismo que o partido do Governo demonstra na utilização das verbas públicas para fazer mera propaganda desse mesmo Governo, se será desajustado denunciar a arrogância manifestada por esse Governo no tratamento com o órgão de soberania que é o Parlamento, designadamente quando se trata de um Governo minoritário - não se esqueçam que têm apenas 29 % e não uma maioria no «bolso do colete».
Pergunto ainda se será desajustado que o partido do qual V. Ex.ª faz parte e o Governo mantenham esta atitude de claro abandono dos interesses deste nosso país no que se refere à política externa.
Finalmente, pergunto se será desajustado que este Governo tenha um Ministério da Indústria que se transformou em mera comissão liquidatária do sector empresarial do Estado e que tenha um Ministério da Educação que se transformou num ministério de escolas fechadas e de universidades privadas.