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7 DE JANEIRO DE 1987

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favorável a ela, vinha dizer: «Meus senhores, temos que reconhecer que...». Porém, não disse nada! Portanto, mais uma vez, a ética ficou no lugar onde o PRD a pôs e de onde dificilmente a tirará.
Também me quero confessar surpreendido com a ausência de pedidos de esclarecimento por parte do Partido Socialista. Parece que todos os compromissos assumidos por membros do PS são para deitar fora pelo próprio partido - e V. Ex.ª dir-me-á qual a opinião da bancada do PRD - e que os três membros que estão comprometidos com ela desapareceram da bancada como que por encanto (um deles não é parlamentar, mas os outros dois são-no e desapareceram da bancada). Ora, o Partido Socialista guarda um silêncio sepulcral a este respeito e é o PRD que vem defender as posições que neste momento parecem ser as maioritárias daquele partido.
Finalmente, e porque o tempo não dá para mais, não posso deixar de confessar, mais uma vez, a minha estranheza quanto à forma inaceitável como V. Ex.ª aqui colocou determinados problemas. O senhor deputado, do alto do seu palanque ético-moral, vem dizer-nos que não admite que se classifiquem as pessoas em boas e más. Eu também não. Estou consigo, senhor deputado! Porém, logo a seguir o senhor deputado veio classificar as mensagens evangélicas daqueles senhores que pensa que têm uma mensagem evangélica melhor e daqueles que pensa que têm uma mensagem evangélica pior. Quero dizer: o Sr. Deputado Alexandre Manuel é, neste momento, uma espécie de papa desta Assembleia que vem dizer: a mensagem evangélica do senhor A é óptima, o senhor A vai para o céu; a mensagem evangélica do senhor B é má, o senhor B vai para o inferno - Alexandre Manuel dixit.

Risos.

Quanto a isto, senhor deputado, não há comentários a fazer senão registar as incoerências do PRD, o silêncio do PS e as classificações morais que, mais uma vez, o PRD vem atirar à cara da sociedade portuguesa como se esta fosse julgada pelo Sr. Deputado Alexandre Manuel, pelo Sr. General Ramalho Eanes ou pelo PRD. Porém, não é assim, Sr. Deputado! Quem do ponto de vista político julga a sociedade portuguesa são os Portugueses, são os eleitores, e do ponto de vista moral e evangélico ninguém tem que a julgar.
Não quero ainda deixar de registar mais um anátema...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, terminou o tempo de que dispunha.

O Orador: - Sr. Presidente, entretanto, fiz uma sinalefa aos deputados do PSD e creio que estes me concederam algum tempo para concluir o meu pedido de esclarecimento.

O Sr. Presidente: - Certamente, Sr. Deputado. Contudo, peço-lhe o favor de ser breve.

O Orador: - Sr. Deputado Alexandre Manuel, deixando de abordar uma série de dúvidas que gostaria de levantar, não queria terminar - não tendo para isso procuração seja de quem for - sem colocar uma pergunta, uma pergunta muito simples: V. Ex.ª disse que havia uns fulanos - não sei se a expressão exacta era a de «fulanos», mas, se não, era uma expressão deste tipo - com carteira profissional de jornalistas que funcionavam como comissários políticos. Isto tem a sua gravidade: para mim não, porque não sou jornalista, mas certamente que a terá para os jornalistas. Talvez fosse útil V. Ex.ª dizer quem são essas pessoas para que os agredidos se possam defender se tiverem razões para isso.

Vozes do PSD e do CDS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Alexandre Manuel, como V. Ex.ª já não dispõe de tempo para usar da palavra, a Mesa concede-lhe um minuto para responder.

O Sr. Alexandre Manuel (PRD): - Sr. Presidente, serei muito rápido. Como é habitual, o Sr. Deputado Borges de Carvalho não colocou nenhuma pergunta...

O Sr. Borges de Carvalho (Indep.): - V. Ex. ª é que não sabe responder, o que é diferente!

O Orador: - Como V. Ex.ª não disse nada - aliás, como é hábito - e como os deputados mais esclarecidos desta Câmara perceberam que V. Ex.ª não fez nenhuma pergunta, nada tenho a responder.

O Sr. Borges de Carvalho (Indep.): - Há os esclarecidos e os que não são esclarecidos; há os bons e os maus; há os esclarecidos e os obseuros.

Risos.

O Orador: - Ao Sr. Deputado Gomes de Almeida, quero dizer que a convocatória da reunião foi feita nos termos regimentais. Também não houve qualquer conferência de imprensa, mas apenas se verificou a presença de representantes de alguns órgãos de comunicação social no final da reunião da Subcomissão...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Foi coincidência!

O Orador: - Pelos vistos, V. Ex.ª Sr. Deputado Narana Coissoró, acaba de dar resposta ao Sr. Deputado Borges de Carvalho. Felizmente que há muitos jornalistas que não são comissários políticos...
O Sr. Deputado Gomes de Almeida foi convocado, mas, pelos vistos, encontrava-se ausente de Lisboa. Posso dizer-lhe que não se tratou de uma conferência de imprensa da Subcomissão, mas, sim, dos membros da Subcomissão que subscreveram aquele comunicado. Terei muito gosto em fornecer-lhe esse texto e creio que, em relação a muitas das questões ali colocadas, V. Ex.ª também as subscreveria, já que apenas se trata de um relato dos factos.
Quanto à questão das ondas longas, recordo-me da advertência feita pelo Sr. Deputado no início do debate, e devo dizer-lhe que, como certamente também se recordará, sugeri que essa questão seria um bom tema para tratar posteriormente. Inclusivamente, pedi a V. Ex.ª que avançasse com uma proposta nesse sentido. Na realidade, o Sr. Deputado disse que aquele não seria o momento mais adequado, e ficámos de esclarecer esse aspecto em tempo oportuno.
O Sr. Deputado também se referiu à adaptação dos próprios aparelhos, mas se agora tanto se discute em relação às frequências moduladas e ondas médias, isso iria levantar alguns problemas a muito curto prazo.