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I SÉRIE - NÚMERO 54

Em Portugal, tal como em quase tudo, também no apoio às crianças deficientes começámos tarde, estamos atrasados e o horizonte da recuperação não se divisa ainda.
Só no Algarve, num inquérito levado a cabo pela Associação de Pais e Amigos das Crianças Diminuídas de Faro, se detectaram cerca de 2000 casos de deficiência mental, entre os 7 e os 14 anos, dos quais cerca de 800 na zona do Barlavento.
E enquanto escasseiam as instituições, que se dedicam a esta meritória actividade de recuperar, amparar e preparar aqueles que a natureza não quis ajudar, eu saúdo os homens e as mulheres que em Portimão, por exemplo, criaram, mantêm e projectam a CRACEP - Cooperativa de Reeducação e Apoio à Criança Excepcional de Portimão, com uma obra de inestimável dedicação e competência.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E saúdo todas as entidades colectivas e individuais, públicas e privadas, que, com o seu apoio, têm conseguido manter de pé uma instituição frequentada por 60 crianças deficientes, de todo o Barlavento.
E saúdo o ex-Secretário de Estado do Emprego, Dr. Rui Amaral, e o Instituto do Emprego e Formação Profissional, por terem permitido o financiamento da primeira fase da construção de umas novas e magníficas instalações, que prossegue em ritmo assinalável, em terreno em boa hora cedido pela, edilidade portimonense.
São cerca de 110 000 contos, muito bem empregues e que contemplam a parte profissionalizante desta cooperativa. Dali sairão homens e mulheres recuperados utilmente para a vida, nos sectores da carpintaria, cestaria, tricotagem, construção civil, costura, tecelagem, cartonagem e serralharia. Só que o projecto contempla uma segunda fase, onde cabe à área sensorial, escolarizável, apoio à infância e ATL, que implica um
investimento de cerca de 90 000 contos, para o qual não existe ainda patrono.
Mas pior do que isso: vai ter de se fazer agora uma cobertura provisória, que será destruída quando um dia se der inicio às obras da segunda fase, obras que, obviamente, implicarão a suspensão da actividade da CRACEP.
É porque não saudámos, nem aceitamos e porque nos revoltamos contra esta teia administrativa e burocrática, que persiste, muitas vezes, em contrariar á vontade e a boa-fé de quem governa, que lançamos um apelo aos responsáveis dos Ministérios da Educação e do Trabalho, para que actuem rapidamente e em força em Portimão e não permitam que se fique de costas viradas uns para os outros. Uma obra tão linda que o Estado lá está a fazer não pode ficar inertemente deficiente por culpa desse mesmo Estado.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - À comunicação social deste país, que muitas vezes busca obcecadamente os, leads do escândalo e encharca as suas páginas no sangue da tragédia, só vos digo que vale a pena irdes a Portimão; tomar um banho de sol numa praia de humanidade e solidariedade.

As crianças excepcionais merecem a vossa atenção, e ainda acreditam que um bocadinho de sonho, pelo menos, será possível.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Laranjeira.

O Sr. Carlos Laranjeira (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Dirijo-me a V. Ex.ª com o intuito de os alertar e sensibilizar para o controle de uma doença que tão graves consequências tem tido para a saúde pública e para a economia nacional: a brucelose ou febre de malta.
O que é a febre de malta ou a brucelose? É uma doença grave dos animais, que a transmitem entre si e ainda ao ser humano.
Os animais mais atacados são as cabras, as vacas e as ovelhas, mas outros como o porco, cavalos e aves podem também ser atingidos pela doença. As pessoas infectam-se pelo contacto com os animais atacados pela brucelose, sobretudo com os produtos do parto ou do aborto, tais como o feto, secundinas, águas fetais, outras excrescências várias e ainda com os locais onde permanecem: estábulos, currais, pocilgas, etc. As pessoas podem igualmente infectar-se pelo sangue e carne dos animais doentes. Se tudo isto é perigoso, mais grave se torna por o contágio se fazer facilmente através de ingestão de leite cru (sem fervura) e pelos queijos frescos, feitos com leite proveniente de animais doentes.
A febre de malta é uma doença de difícil cura, arrastada, que impossibilita as pessoas para o trabalho durante alguns meses e até anos, podendo mesmo causar a morte. Bom, pelo que acabo de descrever teremos que considerar que é um verdadeiro milagre não existirem mais casos de febre de malta entre as pessoas.
No distrito de Coimbra foram infectadas, de 1981 a 1986, 216 pessoas. Em 1981, foram infectadas 27 pessoas, tendo este número vindo a crescer, estando, em 1986, em. 59.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A brucelose, em 1986, causou a perda de 921 animais (vacas leiteiras) em três distritos da Beira Litoral (Aveiro, Coimbra e Viseu), assim distribuídos: Aveiro, 418 animais; Coimbra, 445; Viseu, 58.

Refiro-me aos abates, somente por não dispor de dados (nem ninguém os tem) quanto ao número de animais doentes e não abatidos, por andarem em deambulações pelo país, como é sobejamente conhecido de todos.

O Sr. Horácio Marçal (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Os processos de abate de animais doentes são lentos por várias razões.
Primeiro, porque o agricultor não está sensibilizado e não acredita totalmente nos resultados das análises feitas ao sangue do seu gado. Sabendo, como só eles sabem, quão difícil é conseguir um animal de boa qualidade e sendo esses animais o principal suporte da economia do seu agregado familiar, fácil é compreender a relutância que têm em deixar abater os seus animais.
Em segundo lugar, se não existisse esta relutância da lavoura, os serviços oficiais não dariam resposta às necessidades de abate.