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2514 I SÉRIE - NÚMERO 64

Creio, ainda, Sr. Deputado Hermínio Martinho, que a moção de censura permitiu revelar uma coisa mais: a incomodidade do Sr. Primeiro-Ministro com a vida democrática. Há dias, numa entrevista ao Expresso, o Sr. Primeiro-Ministro dizia que há deputados a mais,...

O Sr. Silva Marques (PSD): - E há!

O Orador: - ... que há jornais a mais. Hoje, revelou-nos aqui o seu incómodo dizendo que há comunicados a mais, há encontros de partidos a mais, há conferências a mais. Manifestamente, o Sr. Primeiro-Ministro não está talhado para a vida democrática.

Aplausos do PCP, de alguns deputados do PS, de alguns deputados do PRD e do MDP/CDE.

Risos e protestos do PSD.

Não é um caso original! E sublinho que não é um caso original, pois a história política portuguesa conhece outros casos semelhantes.

Uma voz do PCP: - Muito bem!

Protestos do PSD.

O Orador: - Mas queria também dizer que revelou ainda a aversão do Sr. Primeiro-Ministro à Assembleia da República.

Vozes do PCP e do PS: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Primeiro-Ministro tem esta aversão à Assembleia da República porque ela é o espelho permanente da sua falta de maioria parlamentar, é o espelho permanente da precariedade do seu próprio governo.

Protestos do PSD.

Sr. Ministro, aliás, Sr. Deputado, queria agora fazer-lhe uma pergunta, mas sem gastar muito tempo.
O Sr. Deputado Hermínio Martinho terminou o seu discurso dizendo que há tempo para tudo e eu pergunto-lhe se este não é o tempo de irmos um pouco mais longe e de considerarmos uma questão. É que o PSD e o Governo já puseram em marcha a máquina de manipulação para criar no País a ideia de que só há uma solução para a crise decorrente da caída do Governo: eleições antecipadas. É esse o seu entendimento, Sr. Deputado Hermínio Martinho?

Vozes do PSD: - Boa pergunta!

O Orador: - Ou entende que nesta Assembleia da República há soluções para a crise?

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, queira fazer o favor de concluir.

O Orador: - Com certeza, Sr. Presidente, vou concluir imediatamente.

A resposta do meu partido é a de que há soluções para a crise no quadro desta Assembleia da República. E é isso que desespera o Sr. Primeiro-Ministro e a bancada do PSD.

Aplausos do PCP, de alguns deputados do PS, de alguns deputados do PRD e do MDP/CDE.

O Sr. António Capucho (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. António Capucho (PSD): - Sr. Presidente, gostaria de defender a honra da minha bancada face a declarações do Sr. Deputado que acabou de intervir a propósito da figura política do líder do meu partido. É que o Sr. Deputado Carlos Brito acabou de referir que o Sr. Primeiro-Ministro, Professor Cavaco Silva, não está talhado para a vida democrática.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para esse efeito Sr. Deputado.

O Sr. António Capucho (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Com toda a serenidade, gostaria de defender a honra da minha bancada, que apoia o Governo e Primeiro-Ministro, Professor Cavaco Silva, pelo fado de o Sr. Deputado Carlos Brito, despudoradamente, ter acabado de afirmar que o Sr. Primeiro-Ministro não está talhado para a vida democrática.

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - É óbvio!

O Orador: - Quero afirmar peremptoriamente que, quer na nossa bancada quer no Partido Social Democrata, não admitimos insinuações deste tipo a nenhum dos nossos militantes e muito menos ao líder do nosso partido.

Aplausos do PSD.

Não admitimos que se confunda a crítica ao Governo, subjacente a uma moção de censura - que parece estar implícita na atitude política do Partido Comunista -, com o reconhecimento óbvio de que o nosso Primeiro-Ministro e todos os dirigentes do Partido Social-Democrata estão profundamente talhados para a vida democrática.

O Sr. Raul Rego (PS): - Não parece!

Protestos do PSD.

O Orador: - O que não esquecemos é que, por exemplo, o líder do Partido Comunista afirmou reiteradamente que nunca o nosso país conheceria uma democracia parlamentar.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Exacto!

O Orador: - De facto, nós não confundimos a forma como estamos talhados para viver em democracia ocidental com os conceitos que porventura perpassem nos países em que assumiram o poder, por via totalitária, os partidos afins do Partido Comunista Português.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Carlos Brito, se desejar dar explicações, tem a palavra.

O Sr. Curiós Brito (PCP): - Pois, terá de ser, Sr. Presidente.