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3 DE ABRIL DE 1987 2517

Quanto ao Sr. Deputado Mendes Bota, devo dizer que o seu pedido de esclarecimento me suscitou uma questão. Dele ficou evidente que, de facto, o clientelismo que tem sido seguido pelo Governo chegou ao extremo de o Sr. Deputado me propor cargos no futuro. Nunca precisei nem precisarei do PSD para ter cargos.
Em relação as outras questões que me colocou, gostaria de lhe dizer que a sua intervenção ultrapassou aquilo que considero o limite do respeito e da dignidade e, como tal, nunca entrarei por esses caminhos.

Aplausos do PRD.

Portanto, não respondo!

O Sr. Deputado Costa Andrade começou por dizer que havia tempo para amar e para morrer. Ainda bem que há! Devo dizer-lhe que gosto imenso de amar e depois de morrer também lhe direi se gostei ou não.

Risos.

O Sr. Deputado perguntou-me o que quer o PRD, se quer derrubar o Governo. O PRD quer, e sabe que tal é possível, oferecer um melhor governo ao País. Obviamente que, para atingir esse ponto, teremos de derrubar este governo. Foi isso que fizemos, foi isso que assumimos, responsável e frontalmente - e só nós - perante o País.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Só nós?!...

O Orador: - Falou ainda o Sr. Deputado sobre afirmações do general Ramalho Eanes em relação àquilo que ele entendia ser a posição e a prática do Sr. Primeiro-Ministro.
Queria apenas dizer-lhe que, se a actuação do Sr. Primeiro-Ministro tivesse confirmado as afirmações do general Eanes, não estaríamos hoje aqui a discutir uma moção de censura, pelo menos por iniciativa do PRD.

Aplausos do PRD.

Sr. Deputado Silva Marques, V. Ex.ª disse-me para pedir eleições...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Exacto, uma vez que não há liberdade!

O Orador: - Bem, devo dizer-lhe que essa questão vai depender, espero eu, a partir de amanhã, da decisão do Sr. Presidente da República.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Isso não quer dizer que não peçam!

O Orador: - Foi tudo ponderado. Já dissemos o que pensávamos e estamos tranquilos em relação a isso.

Vozes do PSD: - Não ouvimos!

O Orador: - É natural, às vezes não se ouve tudo o que se queria ouvir.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Disseram a quem? Aqui, a nós?

O Orador: - Queria dizer que da parte do seu partido - e não só do seu partido, mas também de alguns analistas políticos - tem sido feito um grande esforço para mostrar aos Portugueses que o PRD está feito num «oito».

Risos do PSD.

Gostaria de lembrar que, por enquanto, estamos feito num «dezoito».

Risos do PRD.

E, nas próximas eleições, tenho confiança no povo português, em num e nos meus camaradas de bancada.

Aplausos do PRD.

Em relação aos elogios feitos ao Professor Cavaco Silva, não só pelo Sr. Deputado como por outros Srs. Deputados, acho normal e natural. Gostaria só de referir uma pequena nota: no meu partido não é necessário fazer elogios ao líder para assegurar os lugares.

Aplausos do PRD.

E espero que continuemos a ser escolhidos pela competência e péla qualidade.

O Sr. Deputado Angelo Correia não está na sala, pelo que vou deixar a resposta às suas perguntas para o fim.

O Sr. Sousa Pereira (PRD): - Já deu o recado!...

O Sr. Anacoreta Correia (CDS): - Fez o número e foi-se!

O Orador: - Sr. Deputado Carlos Brito, estão dadas as respostas às suas perguntas, temos o mesmo discurso desde o princípio e obviamente que apresentámos esta moção de censura para proporcionar outro governo ao País.
E quanto a eleições antecipadas já o disse: é o Sr. Presidente da República que vai ter de decidir. Aguardaremos calmamente a sua decisão e respeitá-la-emos.

Uma voz do PSD: - Ficam a chupar no dedo!

O Orador: - Já fendera vou...

Sr. Deputado Carlos Coelho, a minha intervenção e a realidade mostram aquilo que deve ser dito em relação à sua pergunta sobre a questão da juventude.
Entendemos que a moção de censura corresponde ao resultado de uma análise séria e penso que a minha intervenção já explicitou isso claramente. Obviamente que a sua posição pode ser a de que isto corresponde a uma estratégia partidária, mas gostaria de lhe dizer que mantenho aquilo que sempre afirmámos: a apresentação da moção de censura corresponde àquilo que entendemos ser o interesse nacional, onde temos de levar em Unha de conta aquilo que o meu partido pode e deve fazer para a concretização do que em nossa opinião é o interesse nacional.
Disse também que não é o Governo que está a ser julgado, mas sim o PRD. Neste momento é claramente o Governo que está a ser censurado e que está a ser julgado. O PRD também irá ser julgado no futuro e irá ser julgado também por esta decisão. De qualquer modo, uma vez mais lhe digo que estamos tranquilos e vamos manter-nos calmos.