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4564 I SÉRIE - NÚMERO 92

onde falava das grandes reformas, devo dizer-lhe que tenho pelo Sr. Deputado Jorge Sampaio a maior consideração.
Sr. Deputado António Guterres, voltou aqui a fazer um discurso que me lembra Junho de 1987, quando tive que lhe dizer que as eleições que se aproximavam dariam a resposta, mas a resposta certa da parte do povo português. Na altura, também falou de falta de credibilidade do Governo.

O Sr. António Guterres (PS): - As próximas também vão dar.

O Orador: - É uma esperança!
Hoje fala em défice de credibilidade a propósito de eu vir representar o Governo, na abertura desta interpelação. Eu talvez tenha algum défice, pois não escondo a cara às dificuldades.
Daqui a uns anos longos, como lhe disse em 1987, quando o Sr. Deputado tiver aprendido, gostaria de o ver a governar e gostaria de ver o seu superavit...

O Sr. António Guterres (PS): - Vai ver mais cedo do que pensa.

O Orador: - ... de credibilidade.
Para já, Sr. Deputado, não lhe falo em défice nem em superavit, porque o senhor está longe destas contas, destes balanços.
Mas o que lhe posso dizer sobre o que tem sido a governação social-democrata e o que foi a governação socialista, e uma vez que o Sr. Deputado é bom leitor destes indicadores, convido-o a legendar (para os seus pares, no Partido Socialista) esses quinze indicadores que lhe dei. Ponha as épocas de governação socialista no andamento do rendimento real disponível das famílias, do desemprego, da distribuição do rendimento, do investimento, da dívida externa, da inflação, do défice do sector público, ponha lá a legenda e, depois, conclua quanto a défices de credibilidade.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, sobre o défice de credibilidade, o partido do Sr. deputado não se tem portado tão mal como outros a provocar artificialmente, por vezes não olhando a meios para atingir certos fins, questões de ordem pessoal. Não entendo, como é que na democracia portuguesa, depois de quinze anos do 25 de Abril de 1974, ainda é possível usar de certos métodos.

Aplausos do PSD.

É verdade que quem tem de fazer reformas e não vira as costas a elas, como nós temos feito, é verdade que tem de assumir medidas que desagradam a certos grupos e centros de interesse, tem de sofrer depois certas actuações, por vezes subterrâneas; é verdade que quem o faz tem resistência para aguentar com esses meios, que não são de modo algum justificáveis em democracia.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Isto, Sr. Deputado, é válido não só para V. Ex.ª, mas para vários outros de vários outros partidos que aqui estão.
O Sr. Deputado Carlos Lilaia falou, e bem, da Balança Comercial e da Balança de Transacções Correntes. Devo dizer-lhe que incluí um indicador sobre contas externas que é precisamente dívida externa. É o indicador mais tranquilizador quanto aos défices da balança.

O Sr. Carlos Lilaia (PRD): - É para a propaganda.

O Orador: - Sr. Deputado deixe-me acabar, se faz favor.
Felizmente, a economia portuguesa vai em óptimo ritmo de crescimento. Recordo-lhe que em 1988 o investimento em equipamentos, cuja elasticidade das importações é muito elevada, como sabe, cresceu dezanove, quase vinte por cento em termos reais. Isso justifica um défice na Balança Comercial. Ora, nós não estamos nada preocupados com isso. Os Srs. Deputados é que dramatizam e fazem o seu papel! Como disse, a nossa dívida externa, em termos líquidos, quase que já não existe graças ao elevado nível de reservas de divisas e de ouro, também, obviamente.
Em 1984/85, nos dois anos juntos, a dívida externa estava 707o acima das reservas de ouro e de divisas de então. Além disso, o peso relativo da dívida externa em percentagem no produto, como já disse, é hoje metade do que era quando começamos a governar. E vai continuar a decrescer. Além disso, ainda, a estrutura da dívida externa, por moedas e por prazos, é hoje muito mais confortável do que era quando começámos a governar...

O Sr. Carlos Lilaia (PRD): - O Sr. Ministro está a comprar géneros para pagar a dívida pública.

O Orador: - Estamos a fazer um enorme esforço de investimento, como nunca foi visto no País. Até onde vai a minha memória, recuando mesmo para muito antes do 25 de Abril, não encontro outros anos como esta sucessão de quatro anos - 86/89 - de fortíssimo crescimento da formação bruta de capital fixo. Com isto vale a pena ter défices externos. Mas eu diria mais, Sr. Deputado, vai desculpar-me...

O Sr. Carlos Lilaia (PRD): - O Sr. Ministro não está a responder às questões.

O Orador: - Bem, não vale a pena continuar a responder, porque o Sr. Deputado Carlos Lilaia fica relativamente nervoso...

O Sr. Carlos Lilaia (PRD): - Só fiz duas perguntas!

O Orador: - Tinha a dizer-lhe, e digo assim em suma, que vale a pena, num país qualquer e concretamente em Portugal, ter um défice acrescido da Balança de Bens e Serviços, se tivermos o investimento a crescer como temos. Aliás, se pudermos influenciar a composição da procura interna, procurando moderar o crescimento do consumo privado e deixando o investimento crescer - é difícil, como o Sr. Deputado sabe, através da política macroeconómica influenciar essa composição -, então, espero que o Sr. Deputado do PRD e o seu partido nos ajudem, porque o que tenho visto da vossa parte, Sr. Deputado, são sugestões demagógicas, desculpe que lhe diga, ao Governo para aumentar ainda mais o rendimento disponível - aumentar