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3 DE JUNHO DE 1989 4567

Governo nem sequer vai buscar ou é obrigado a devolvê-las -, coisas de somenos, vem a este debate fazer o que se chama aleivosias. E digo o nome aleivosias! É a segunda vez que as faz e, por isso, vai levar pela primeira vez o correctivo que espero que lhe fique.
Entrei no Governo...

Protestos do PSD.

Entrei no Governo em fins de Março de 1975, se não me engano em 27 ou 28 de Março, quando fiz as famosas malfeitorias- de que o Sr. Ministro veio aqui falar. Ora, tenho aqui a edição do «Povo Livre», de-18 de Março de 1975; do qual lhe vou ler, para sua elucidação, para ver quem fez as malfeitorias e quem se congratulou com elas (se foram malfeitorias (!), e V. Ex.ª dirá), o seguinte: «Uma vez que o PPD» - isto é um comunicado da Comissão Política Nacional do seu partido - «desde logo repudiou a intentona de 11 de Março, foi o primeiro partido a fazê-lo, uma vez que o PPD desde logo mobilizou os seus militantes aderindo a manifestações unitárias,: uma vez que o PPD desde sempre marcou a sua posição claramente antimonopolista, antilatifundiária e anticapitalista»; - eu dizia anti-cadilhe-...

Risos.

... «tomámos já posição»...
Ouça, Sr. Ministro; ouça!

O Sr. Ministro das Finanças: - Não quero ouvir!

O Orador: - «Tomámos já posição a favor da nacionalização dos bancos e dos seguros. Defendemos há muito a adopção de uma estratégia antimonopolista e antilatifundiária. Estamos dispostos a construir em cooperação com todas as forças democráticas e progressistas uma sociedade socialista em Portugal».
Depois, a propósito da nacionalização das companhias de seguro, constando que ia haver, «o PPD, que; desde sempre apontou, para um controlo do poder económico pelo poder político, apoia mais esta medida verdadeiramente progressiva,... etc».

Risos.

Sr. Ministro, ouça: tenho um dossier, isto é, uma amostra, com declarações. específicas de um a um de quem deu tanta cambalhota, que já não sabe se está com a cabeça para baixo ou para cima. O Sr. Ministro guarde-se de me fazer voltar o dossier à televisão. Venha comigo à televisão e digo-lhe o que é que V. Ex.ª tem feito na vida e o que é que eu tenho feito.

Aplausos do PS.

Fora disso abstenha-se de aleivosias e não seja mais parvo do que a natureza consente!

O Sr. Gameiro dos Santos (PS):- Muito bem!

Aplausos do PS.

Protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados...

Burburinho na sala.

Srs. Deputados, por favor a Mesa, mais concretamente o seu presidente; neste momento, gostaria de chamar a atenção do Sr. Deputado João Cravinho; de que a expressão utilizada no final da sua intervenção não é uma expressão correcta. E gostaria....

Protestos do PSD.

Srs. Deputados, por favor...

O Sr. João Cravinho (PS): - Retiro a expressão, se não é correcta. Fica o fundo da questão.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, todos nós que conhecemos o Regimento sabemos as regras com que efectivamente esta casa funciona, todos sabemos que há expressões e regras parlamentares que podem ser usadas sem ser ofensivas.
O presidente da Mesa, entende dever chamar a atenção do Sr. Deputado João Cravinho, pois uma expressão que utilizou excede aquilo que deve ser a regra parlamentar e a convivência parlamentar entre os Srs. Deputados, pese embora o calor que pode e deve existir nos nossos debates.
Srs. Deputados, feita esta observação, sem prejuízo de outros pedidos de palavra, imediatamente, tenho que dar a palavra ao Sr. Ministro das. Finanças. Usarão depois da palavra os Srs. Deputados então inscritos.
Tem a palavra o Sr. Ministro das Finanças para, nos termos regimentais, responder, se assim o entender; às considerações feitas pelo Sr. Deputado João Cravinho.

O Sr. Ministro das finanças: - Sr. Presidente, apenas porque o Sr. Deputado João Cravinho retirou formalmente às palavras últimas da sua intervenção e por respeito para o Parlamento, vou responder.
O Sr. Deputado João Cravinho não merece resposta.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Protestos do PS e do PCP.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peço silêncio, para que o Sr. Ministro possa prosseguir.

O Orador: - Gostaria de citar de memória o Diário da República daquela época. O ministro da Indústria de então foi ministro por 135 dias, se a memória
não me falha.

O Sr. João Cravinho (PS):. - 136 dias, Sr. Ministro!

O Orador: - Nacionalizou, por responsabilidade directa, 34 empresas industriais. Na altura, o PSD tinha como líder Emídio Guerreiro ...

Vozes do PS: - Vocês apoiaram!

O Orador: - Emídio Guerreiro, entretanto saiu do PSD, enquanto. o então ministro da Indústria entrou no PS. Não tenho mais comentários a fazer!

Vozes do PSD: - Muito bem!

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.