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4590 I SÉRIE - NÚMERO 92

O povo português quis que o Partido Social-Democrata governasse sozinho, entendendo-se este desejo como querendo que nós levássemos a cabo o nosso programa. Não é governar em ditadura de partido único, não é governar com afastamento das demais forças políticas. Não foi esse, por certo, o desejo de quem em nós confiou nem nós seríamos capazes de, como tal, actuar. Governar em maioria é, para nós, governar de forma a realizar um projecto constante de um programa que o povo quis que se executasse.
É aqui, repito mais uma vez, que as oposições têm tido falta de compreensão.
Sei que na jovem democracia portuguesa é uma experiência nova, até 19 de Julho ainda a não tínhamos experimentado. Mas a ela nos acostumaremos pela inevitável consciência democrática do povo português.
Nas interpelações a que me referi, e a que aqui assistimos, as oposições fartaram-se de dizer mal. Tudo está mal, o futuro apresenta-se negro, o Governo é incompetente e preguiçoso, os ministros não trabalham ou trabalham mal, os problemas não se resolveram, e os que foram resolvidos foram-no de forma errada e danosa.
Não tivemos, pobres de nós, o direito sequer a uma simples palavra que fosse de aplauso a qualquer pequena coisa que tenhamos realizado.
Críticas e mais críticas, erros e mais erros, incompetências e mais incompetências, nada de sério ou digno, nada de capaz, nada de bem feito, nada de bem pensado.
Tudo, Srs. Deputados, com fim meramente destrutivo. O que importou e importa, para as oposições, é dizer mal do Governo e do partido político em que o mesmo se apoia.
E a verdade é que, faço essa justiça às oposições, elas sabem que a vida parlamentar tem seguido o seu curso normal e produtivo, como igualmente sabem que o Governo tem trabalhado aturadamente, de forma competente e séria, com resultados mais que palpáveis para bem do País.
Aguardei, mas confesso que sem grande esperança, que as oposições tivessem tido a capacidade para nos dizer como se devia ter feito onde dizem que errámos, o que devíamos ter realizado quando dizem que nada fizemos, qual a solução competente onde se nos apontam incompetências.
A minha esperança, pequena, como disse, saiu gorada. As oposições foram incapazes de cumprir com o seu papel. Foram incapazes de colaborar, como lhes cumpre, com o apontar de soluções para o bem nacional. Foram incapazes, numa palavra, de se mostrarem como alternativas capazes perante um governo para elas ineficaz.
O primeiro orador interpelante, o Sr. Deputado Jorge Sampaio, não leu, segundo disse, por falta de tempo algo de concreto sobre determinado problema. Melhor fora que tivesse gasto o seu tempo em concreto do que ter perdido tempo útil em abstracto. Diria que o Sr. Deputado Jorge Sampaio teve miopia para a actuação do Governo e vista cansada para os actos concretos da política governamental. Lamento!
Não basta dizer mal. É preciso dizer como é que se faz bem. Mais: é preciso convencer que o Governo e a maioria actuaram mal e convencer ainda que um governo das oposições seria melhor.
Estou certo de que as oposições acabarão por compreender.
Nos largos anos que ainda temos à nossa frente para governar maioritariamente, estou crente de que as oposições acabarão por aprender a fazer oposição democrática, o mesmo é dizer oposição com objectivos de interesse nacional e não meramente partidário. Aprenderão a fazer algo de construtivo e não apenas de destrutivo.
Não fugimos nem fugiremos nunca ao diálogo e à busca das melhores soluções para os problemas dos portugueses. Desejamos a colaboração de todos quantos queiram prosseguir connosco estes objectivos. Pedimos a ajuda de todos os portugueses para tudo quanto a todos de interesse e nomeadamente para o grande desafio europeu que está à nossa frente. Não admitiremos recusas e muito menos interesses partidários a quererem sobrepor-se a interesses nacionais.
Mas, Srs. Deputados interpelantes, e numa palavra final, não aceitamos conselhos daqueles que dizem que sabem mais do que nós. Só os aceitamos daqueles que, até agora, tenham feito melhor do que nós, o que ainda não aconteceu.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, o Governo transferiu um minuto para o PSD.
Estão inscritos, ainda, para o debate os Srs. Deputados Adriano Moreira e Hermínio Martinho e o Sr. Ministro da Educação.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Moreira.
Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice--Presidente, Maia Nunes de Almeida.
O Sr. Adriano Moreira (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Se a minha memória me ajuda, julgo que foi Raul Brandão quem teve a coragem de escrever «que estavam todos certos e que eu era o único que estava errado».
Quando oiço o Governo e o seu partido apoiante, julgo que vão começar as memórias com uma frase exactamente ao contrário: «Estavam todos errados e nós é que estávamos certos.» Naturalmente, isto é extremamente perturbante para quem pensa que os problemas devem ser meditados com humildade, que o grande triunfo da inteligência está na capacidade de errar e de emendar.
Esperaríamos que este tom constante fosse abandonado e que o acto de hoje servisse de marco para que a mudança se desse, porque não deve ser gratificante para o Governo falar a um Parlamento vazio, pois isso significa que o Governo teve êxito na sua política de desprestígio da Assembleia. Este Parlamento deveria hoje estar cheio porque o Governo está a sofrer a interpelação do único partido que tem probabilidade de ser alternativa de governo e vem na sua máxima força, com o seu chefe, responder. É isso que tem que perturbar os cidadãos. Não é uma situação agradável nem é uma situação que se deva omitir. É, sim, uma situação que tem de ser emendada. E eu penso que a maioria e o Governo têm de dar uma sólida contribuição para essa emenda.
Por outro lado, começa a ser fatigante que tantas vezes no discurso governamental e da maioria apareça a expressão referente às oposições de que «elas passam o tempo a dizer mal».