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998 I SÉRIE - NÚMERO 27

Ficámos agora a saber que o Presidente, do PSD não reconhece a ninguém dentro do seu partido a- legitimidade para emitir uma opinião diferente, pois todos aqueles que o fizerem foram ou vão ser punidos, porque ofenderam a dignidade do Primeiro-Ministro! Vamos ver o que sucede ao Dr. Mola Amaral, aos dirigentes da distrital de Lisboa, etc. e como será premiado o Dr. Carlos Encarnação.
Também registamos que a omnisciência do Sr. Primeiro-Ministro chega ao ponto de os próprios barões, as figuras gradas de outrora, repito de outrora, não poderem nunca, mesmo depois da derrota de Dezembro, «abrir o bico» contra o monopólio da sageza política do Dr.º Cavaco Silva.
Simplesmente, o Governo é da Nação, é 'de Portugal e não do Sr. Deputado Carlos Encarnação ou a propriedade privada do Prof. Cavaco Silva. Por isso, e naturalmente, quando o Sr. Deputado José Lello me pergunta se um derrotado de há 15 dias pelo eleitorado da segunda cidade do país, pode ser ministro, gostaria de responder-Lhe recordando um facto que sucedeu há alguns anos.
Chaban-Delmas era primeiro-ministro e presidente da Câmara de Bordéus e Jcan-Jacques Schrcibcr candidatou-se ao lugar de presidente da mesma Câmara. Chaban-
-Delmas disse-lhe num debate televisivo o seguinte: «Meu amigo, se o senhor perder esta eleição tem de deixar o lugar de deputado, porque se eu perder vou deixar o lugar de primeiro-ministro.
De facto, Jean-Jacques Schrcibcr perdeu, e renunciou ao lugar de deputado.
Entre nós passa-se o contrário: aqui O derrotado do Porto é elevado a ministro da Defesa, como quem aplica um correctivo ao povo do Norte. O eleitorado votou assim? Pois bem, muda-se o povo! Assim demite-se um prestigiado vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa por um militante baço e cinzento, sem qualquer currículo político e sem outro pergaminho a não ser o de ser casado e ter três filhos - como era ontem apresentado pelos jornais -, guindando-o para o lugar de interlocutor do Governo junto das forcas armadas. As forças, armadas saberão dizer ao Sr. Primeiro-Ministro ó que acham desta escolha. Aguardemos!...
O Sr. Deputado Carlos Encarnação veio aqui hoje com um papelinho que leu primeiro ao, deputado Lopes Cardoso e agora a mim, apesar de as duas intervenções serem totalmente diferentes.
Sr. Deputado Carlos Encarnação, em primeiro lugar, quero dizer-lhe que oficialmente já foram despedidos cinco ministros, mas os noticiários dão-nos, de hora a hora, a indicação de que estão a ser despedidos mais e nomeados outros...

Risos do PS.

Hoje de tarde, já foram despedidos mais três secretários de Estado! De facto, até estou à espera do noticiário das 19 horas para saber quem é afinal que permanece no Governo...
Mas, Sr. Deputado Carlos Encarnação, por enquanto, dos cinco ministros oficialmente despedidos, só me referi a dois, Eurico de Melo e Álvaro Barreto.
Falei destes dois ministros a quem o CDS está ligado, e dito isto porque nós, os democratas-cristãos, temos a nossa memória colectiva, temos um passado que nos
honra, ao contrário do PSD que nunca fala do passado - mas só do «passivo», como disse uma vez o meu colega Basílio Horta! ...

Risos do PS.

...,pois só o pensa em termos de «antes de Cavaco» e «depois de Cavaco!» Para nós, como o Prof. Cavaco Silva não existe, como uma divisória da história, e não existirá dentro em breve como Presidente do PSD, e nós no CDS sabemos distinguir os nossos aliados e amigos e eles foram, como disse hoje, entre outros, os engenheiros Eurico de Melo e Álvaro Barreto.
Não podemos deixar de prestar homenagem a estes dois grandes servidores da AD, de Sá Carneiro e de Freitas do Amaral, dois respeitados políticos, e grandes gestores da rés publica, que «deram com a porta na cara» ao cavaquismo' que V: Ex.ª vem aqui hoje defender, titubiantemente diga-se, e saem do Governo dizendo: «Basta, mais nao!»
Ao contrário daquilo que V. Ex.ª dizia há pouco, ou seja, que a oposição só sabia falar mal dos ministros, e não bem, quero dizer-lhe que eu disse bem dos dois ministros. V. Ex.ª hão gostou de ouvir o que eu disse, porque queria que o CDS colaborasse com o eu silêncio no afastamento destas duas personalidades. Não, Sr. Deputado Carlos Encarnação! Os ministros impopulares há muito deviam ter abandonado o Executivo; não o fizeram por iniciativa própria porque estiveram agarrados aos seus cargos até que se tomou impossível mante-los. Foram afastados e estamos de acordo com isto. A situação destes não é igual à dos ministros que repudiaram o cavaquismo.

O Sr. Presidente: - Pára uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Condesso.

O Sr. Fernando Condesso (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em -15 de Dezembro passado, 68 países da África, Caraíbas e Pacífico (a que em breve se juntará uma Namíbia independente, cujo processo de enquadramento político-económico, que se prevê democrático, saudamos) e os 12 Estados da CEE assinaram a IV Convenção de Lomé, que, pela primeira vez, tem um período de vigência longo, que a estenderá até ao dealbar do século XXI.
Estamos perante a reedição de um acordo regional que tem dado uma resposta, levada mais longe do que qualquer outra, a problemas do Sul, à ideia da solidariedade Norte-Sul e, claramente, na via dos princípios de uma nova ordem económica internacional preconizados pelo Terceiro Mundo e pela' ONU. Resposta não perfeita, até porque necessariamente insuficiente, além de dependente no seu aproveitamento, mas que sempre se pretendeu em avaliação permanente e adaptação ao evoluir das dificuldades. Resposta em que nós. Portugueses, temos de estar plenamente empenhados.
Portugal é um país com seculares tradições africanas. Na zona da Convenção situam-se diferentes Estados de língua oficial portuguesa. É, pois; pertinente uma reflexão sobre o significado da cooperação euro-africana na hora que passa, que é de receios profundos em face do fardo enorme que pesa. sobre os Estados da CEE, impelidos pela fortuna da história a defenderem em conjunto o bem-estar futuro dos seus povos, através do aprofundamento da construção comunitária que criará o mercado