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1610 I SÉRIE - NÚMERO 46

Académica de Coimbra, de quinta-feira passada. E quero começar por recordar algumas afirmações produzidas nesta mesma Casa e nesta mesma tribuna pelo Sr. Deputado José Apolinário, em 10 de Fevereiro de 1989.
Dizia o Sr. Deputado José Apolinário, glosando â vitória de uma lista que integrava estudantes socialistas: «Com a derrota da Juventude Social-Democrata (JSD), [...] com um significativo sinal do descontentamento social no plano estudantil.»
Mais à frente dizia: «Os resultados de Coimbra colocam a JSD na pior situação dos últimos anos, em relação ao movimento associativo do ensino superior e foram a recusa frontal da governamentalização das estruturas representativas dos estudantes.» Mais à frente dizia ainda o Sr. Deputado José Apolinário na sua verve: «O descontentamento social no plano da juventude tem hoje situações objectivas que o Governo e o Sr. Primeiro-Ministro Cavaco Silva não podem escamotear.»
Finalmente, o Sr. Deputado contrabalançava a legitimidade democrática dos eleitos neste Parlamento com a1 legitimidade estudantil da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra, dizendo que «o PSD ainda é maioria no Parlamento, e é legítimo que o seja, mas no plano social, no plano estudantil, os ventos são de mudança».
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Os ventos são de mudança! Foram de mudança na quinta-feira passada, quando uma lista integrada por estudantes sociais-democratas ganhou, de forma séria, as eleições para a direcção-geral da mais significativa e importante associação de estudantes portuguesa.
Mas quero deixar bem claro que o PSD e a Juventude Social-Democrata não vêm hoje partidarizar estas eleições, ao contrário daquilo que o Sr. Deputado José Apolinário fez há um ano.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Não vamos dizer que foi a vitória dos «laranjas» ou a derrota dos socialistas. Vamos dizer que foi a vitória dos estudantes de Coimbra que, democraticamente, participaram no acto eleitoral para a eleição da' direcção-geral da sua Associação.

Aplausos do PSD.

Venho a esta tribuna, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, para saudar a participação democrática de mais de cinco mil estudantes da Universidade de Coimbra que deram razão, uma vez mais, ao significado cívico da democracia e da escolha livre dos seus dirigentes.
Venho a esta tribuna referir, uma vez mais, o significado cultural e social das tradições académicas em Coimbra, que fazem muito do brilho daquela Associação, e pelas quais sociais-democratas e também socialistas ajudaram a conseguir reerguer, após um período histórico difícil, a seguir a 1974, em que elas eram consideradas, sobretudo por estudantes próximos do Partido Comunista, como uma espécie de esteio da burguesia e algo a reprovar como ligado à história mais arcaica e à tradição mais indesejável.
Venho a esta tribuna para assinalar o significado da importância da Associação Académica de Coimbra no contexto do movimento associativo do ensino superior.
Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, não queremos fazer da vitória dos estudantes de Coimbra a vitória de qualquer partido ou qualquer organização partidária. Durante muitos anos, foram os estudantes sociais-democratas, nas escolas dos Portugueses, aqueles que com mais denodo se bateram contra a partidarização do movimento associativo. Mas entendemos, à luz das referencias que o secretário-geral da Juventude Socialista, do alto desta tribuna, fez há um ano, que cabe ao PS explicar a derrota da JS e as afirmações que então fez, relacionando os resultados de Coimbra com o afundamento da política do Governo.
Pela nossa parte, estamos de cabeça erguida, com a consciência do dever cumprido, com a consciência de uma postura coerente na intervenção estudantil dos estudantes sociais-democratas. Temos também a certeza de que outros não tem o sossego de consciência e de espírito que mantemos neste preciso momento.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente: - Inscreveram-se, para pedidos de esclarecimentos, os Srs. Deputados António Campos, Vítor Costa e José Apolinário.
Tem, pois, a palavra o Sr. Deputado António Campos.

O Sr. António Campos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Carlos Coelho: Julgo que a juventude é, de facto, irreverente, menos calma, e está mais sôfrega em relação ao poder. E julgo que o meu camarada José Apolinário, há um ano, precisava de alguns élans e fez a intervenção que fez.
O que reconheço hoje aqui é que o Sr. Deputado Carlos Coelho está na posição em que estava o Sr. Deputado José Apolinário há um ano! E uma pequena vitória na Associação Académica de Coimbra...

Protestos do PSD.

Digo pequena, porque foi por poucos votos!
Como também sabe, o poder da juventude em Coimbra, porquê também é uma forma de poder, anda sempre ao contrário do poder nacional.

Risos do PSD.

O que quer dizer, Sr. Deputado, que é mau sinal para os senhores terem ganho Coimbra, como era muito mau sinal a intervenção que o Sr. Deputado José Apolinário fez aqui precisamente há um ano. Ele já não precisa de fazer essas intervenções, V. Ex.ª substituiu muito bem as intervenções do deputado José Apolinário.

Risos.

A Sr.ª Presidente: - Sr. Deputado, havendo mais oradores inscritos para pedidos de esclarecimento, V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - No fim, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Vítor Costa.

O Sr. Vítor Costa (PCP): - Sr. Deputado Carlos Coelho, é natural, é legítimo, que venha aqui festejar as vossas vitórias. Mas também nos podia explicar como é que perderam a Associação Académica de Lisboa!... Porém, isso ficará para outra altura.