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1612 I SÉRIE - NÚMERO 46

que o construiu à base da eleição para a direcção da AAC! Eu não preciso de élans, Sr. Deputado.
Como é do conhecimento público, no início do ano, decidi antecipar o congresso da JSD e renunciar, de livre vontade, às funções de presidente da Comissão Nacional da JSD, uma vez que penso que esta precisa de uma nova estratégia, de uma nova cara, de um novo líder. Não estou, pois, na hora de saída, à procura de élan. À procura de élan está, isso sim, quem quer ganhar pontos. Não estou, nem do ponto de vista interno nem externo, em altura de fazer essas jogadas - não digo de baixa política, mas de política mais expedita, mais ligeira, mais ágil. Não é este o momento para fazer isso, pelo menos na parte que me toca.
Srs. Deputados, há duas coisas que queria deixar bem claras, sendo que a primeira é dirigida ao Sr. Deputado Vítor Costa.
Não vou falar da participação das secções nem da abstenção, pois essas são preocupações que todos temos. Porém, o discurso pedagógico do Sr. Deputado Vítor Costa não sucedeu quando, há um ano, discutimos esta matéria. Aliás, esse discurso pedagógico da bancada do PCP só surge quando as vitórias não são próximas dos senhores - nessa altura preocupam-se com os problemas pedagógicos! Quando as vitórias vos sorriem, enfiam a pedagogia no bolso e pensam nos resultados contados.

Risos do PSD.

Sr. Deputado Vítor Costa, quero responder-lhe, com muita determinação, à questão das tradições.
Não tenho o privilégio de, como V. Ex.ª, ter passado por Coimbra. Nunca lá estudei nem nunca senti as tradições. Mas posso dizer-lhe que vivi o momento da reintrodução das tradições académicas em Coimbra, porque as pessoas de lá pediram ajuda não só a mim como a muitas pessoas desta Casa, a fim de darmos apoio político à reintrodução das tradições académicas.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Vi muitos estudantes de Coimbra, da área democrática, insurgirem-se contra a tradição política que estudantes próximos do Partido Comunista queriam dar a essa questão.
Quando tentámos fazer a primeira queima das fitas em Coimbra, na altura liderada pelo meu antigo colega da direcção nacional da JSD, Maio de Abreu, os senhores diziam que era o regresso do fascismo em Coimbra.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A primeira Queima das Fitas de Coimbra foi feita com o custo, com o suor e com o esforço de todos os estudantes democratas, contra a vossa opinião e contra a vossa luta. Não podia deixar, naturalmente, de recordá-lo do alto da tribuna.
Sr. Deputado José Apolinário, não vou falar das presidenciais. Não subi àquela tribuna para o fazer. Pronunciei-me sobre essa matéria, na semana passada, quando o Sr. Deputado Almeida Santos fez uma declaração política. Nessa altura, tive ocasião de dizer aquilo que vou repetir: nas próximas presidenciais, o meu candidato vai ser o mesmo que foi nas últimas eleições presidenciais. Não tenho de penitenciar-me sobre esse ponto de vista.
O Sr. Deputado José Apolinário disse que as eleições europeias e as eleições autárquicas foram cartões amarelos, vermelhos e de outras cores para o Governo. Não sei qual é a cor dos resultados eleitorais da AAC, mas, seja ela qual for, o cartão está dirigido a vocês, Sr. Deputado.

Aplausos do PSD.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Maia Nunes de Almeida.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Laurentino Dias.

O Sr. Laurentino Dias (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do Partido Socialista, em colaboração com o Departamento de Trabalho e as Federações Distritais de Braga e do Porto do partido, levou a cabo, no passado fim-de-semana, diversas acções de identificação e análise da situação do vale do Ave e que denominou de Jornadas Sociais da Bacia do Ave.
Pretendeu-se apreciar, objectivamente, a situação económica e social da região, sentir de perto as suas principais dinâmicas e analisar, de forma séria e aprofundada, os cenários próximos e futuros da evolução, à luz dos legítimos interesses e aspirações das suas populações.
A bacia do Ave, que se estende desde Vieira do Minho e Póvoa de Lanhoso até Vila do Conde, atravessa uma das regiões mais ricas e mais povoadas do País, onde avultam concelhos como os de Fafe, Guimarães, Famalicão e Santo Tirso.
Aí vivem e trabalham mais de meio milhão de portugueses, permanentemente confrontados com os mais variados e graves problemas, em grande medida - senão exclusivamente - resultantes da gritante insuficiência de investimento público na região.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não obstante esta verdade, estamos perante uma das zonas de maior intensidade de unidades industriais do País, nomeadamente no sector têxtil, o que, sendo gerador de assinalável riqueza no contexto nacional, encerra - não podemos esquecê-lo - os mais variados problemas e injustiças sociais.
São as enormes carências de infra-estruturas básicas, a deficientíssima rede viária, a crescente poluição das águas do Ave e seus afluentes, que, a pouco e pouco, se transformam em caudais de esgoto, que, degradando totalmente a qualidade de vida das populações, as transportam a níveis ecológicos indignos de um país civilizado e europeu.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E são igualmente os riscos sérios de um monolitismo industrial, assente na tradicional indústria têxtil, a carecer de acções de inovação e diversificação urgentes, sob pena de sucumbir a uma concorrência externa, cada vez mais forte e agressiva.
É igualmente a falta de um adequado sistema de formação profissional; são as enormes carências de habitação em zonas de densidade populacional superior a 500 hab./m2; são, enfim, os baixos índices de bem-estar social com que duramente se defrontam as populações da bacia do Ave.